BRUXELAS - A
União Europeia concedeu nesta Sexta-feira o Prémio Sakharov - de defesa
dos direitos humanos - a dois iranianos que estão presos por divergirem das
normas de liberdade de expressão da República Islâmica. A advogada Nasrin
Sotoudeh, de 49 anos, e o cineasta Jafar Panahi, de 52, foram elogiados por
membros do Parlamento Europeu pela "coragem em defender direitos pessoais
e de outras pessoas" e por não "se curvarem à ditadura e à
censura".
"Esse prémio
é uma mensagem de solidariedade e reconhecimento a uma mulher e a um homem que
não foram impedidos pelo medo e pela intimidação. São o símbolo da longa luta
que a população do Irão está a travar todos os dias. Essa repressão sistemática,
o uso da ditadura e o uso da censura são sentidos por toda a população" - disse
Marietje Schaake, líder do Parlamento Europeu.
Os iranianos
foram escolhidos por unanimidade. Eles competiam com as três integrantes da
banda russa Pussy Riot, de oposição ao governo de Vladimir Putin, e com o
dissidente bielorrusso Ales Beliatski.
Nomeado em
homenagem ao cientista e dissidente soviético Andrei Sakharov, o prémio é
concedido anualmente desde 1988. Os primeiros vencedores foram Nelson Mandela e
o opositor russo Anatoly Marchenko. O prémio deve ser entregue oficialmente no
dia 12 de Dezembro numa cerimónia em Estrasburgo, juntamente com uma recompensa pecuniária de
50 mil euros, mas os agraciados não deverão estar lá para receber.
A advogada
Nasrin oriunda da classe média iraniana, é advogada e defensora dos Direitos Humanos, foi presa em Setembro de 2010 sob a acusação de espalhar propaganda
contra o governo e de conspirar contra a segurança do país. Ela defendia
jornalistas e activistas de direitos humanos na Justiça, incluindo a vencedora
do Prémio Nobel da Paz Shirin Ebadi e a cidadã alemã Zahra Bahrami, executada
em 2011 por polémicas acusações de tráfico de drogas. Ela
própria está actualmente presa, depois de ter sido condenada, em Janeiro de
2011, a 11 anos de prisão e a 20 de interdição de exercer como advogada.
Quanto a
Jafar Panahi, é realizador, argumentista e editor e o primeiro iraniano a
receber um prémio no Festival de Cinema de Cannes, em 1995, com o filme "O
Balão Branco". Em 2000, foi distinguido em Veneza com um Leão de Ouro pelo
filme "O Círculo" e em 2006 com um Urso de Prata em Berlim com a película
"Off-side". Os seus filmes abordam, recorrentemente, as dificuldades
das crianças, dos pobres e das mulheres no Irão.Em Dezembro de 2010, foi
condenado por fazer "propaganda contra o governo" e obrigado a ficar
seis anos em prisão domiciliária e a ficar 20 anos sem filmar, viajar ou se
manifestar em público.
No entanto, a
condenação não o impediu. Em 2011, produziu a película "This is not a
film" que conta como é um dia de sua vida. O filme foi levado para fora do
país numa pen-drive escondida num bolo e, desde então, é exibido por países em
todo mundo.Fonte:Agência Globo e Expresso
Como Manuel Alegre nos quis outrora dizer... Mesmo na noite mais escura, mesmo na escuridão, mesmo na perca total da liberdade, "há sempre alguém que diz não"!... Há sempre "alguém que resiste"!... Parabéns a Nasrin Sotoudeh e a Jafar Panahi!... Ontem, na U.R.S.S, na Albânia, e em Portugal. Hoje, no Irão, amanhã em qualquer parte do mundo!...
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