sábado, 28 de fevereiro de 2015

Refugiados da Ucrânia

Refugiados afegãos, paquistaneses, palestinianos, congoleses e somalis
 num centro de detenção em Chop, no oeste da Ucrânia, em 2009.
Refugiados da Ucrânia
O Guantánamo do Este
Menos mediática que o Mediterrâneo, a Ucrânia é um importante ponto de passagem para a Europa dos refugiados que fogem dos islamitas na África oriental. Mas as condições de acolhimento são indignas, como testemunham os requerentes de asilo.
"Hasan Hirsi tem 21 anos e saiu da Somália aos quinze anos, depois de os terroristas de al-Shabab terem atacado a sua aldeia e assassinado o seu pai. Fugiu para Moscovo e, a partir de lá, uma rede de tráfico de humanos levou-o até Kiev. Hirsi demorou cinco anos – e cinco tentativas – para passar da Ucrânia para a União Europeia. Cada vez que tentava, era detido pelos guardas fronteiriços ucranianos, húngaros e eslovacos e passou cerca de três anos em centros de detenção e prisões ucranianas, onde afirma ter sido roubado, espancado e torturado pelas forças de segurança. Hoje em dia, revela ao Spiegel, refere-se à Ucrânia como “o inferno” e continua a ter pesadelos.
Apesar de a atenção dos meios de comunicação social e dos políticos se concentrar sobretudo nas rotas de imigração que passam pelo Mediterrâneo, Maximilian Popp observa, numa longa investigação publicada no site em inglês da revista alemã, que “até agora o interesse era limitado no que diz respeito à rota oriental e à saída de imigrantes como Hasan Hirsi”. Contudo, “no ano passado, com o conflito em curso na Ucrânia, centenas de imigrantes tentaram chegar à UE através da Europa oriental”.
Um dos principais cruzamentos da rota oriental situa-se na cidade ucraniana de Uzhgorod. Os refugiados passam, muitas vezes, meses à espera que as suas famílias lhes enviem o dinheiro necessário para seguirem o seu caminho. Em seguida, “em troca de várias centenas de euros, os traficantes ucranianos conduzem os imigrantes desde Uzhgorod até à Hungria ou à Eslováquia”, escreve Maximilian Popp.
Apesar de os Estados-membros da UE serem responsáveis por examinar os pedidos de asilo, “os países ao longo da sua fronteira oriental, como a Hungria ou a Grécia, ignoram muitas vezes as regras e enviam os refugiados para trás”. Foi assim que Hirsi, que queria apresentar um pedido de asilo, foi enviado várias vezes de volta para a Ucrânia.
Entre 2000 e 2006, a UE concedeu 35 milhões de euros à Ucrânia, para que esta reforçasse o controlo das suas fronteiras. Nos últimos anos, Bruxelas desembolsou 30 milhões de euros adicionais para construir e modernizar os seus centros de detenção e de acolhimento para imigrantes. Um acordo assinado em 2010, entre a UE e a Ucrânia, estabeleceu que os refugiados que entram na UE através da Ucrânia podem ser reenviados para esta última.
“Ao longo da fronteira oriental da Europa, a externalização da política de asilo da UE é mais avançada do que em qualquer outra região”, escreve Popp, que acrescenta que, “aparentemente, Bruxelas espera que este sistema leve à diminuição do número de requerentes de asilo na Europa – sem chamar demasiado a atenção”. Mas, já em 2010, a ONG Human Rights Watch tinha criticado a UE “por esta ter investido milhões com o intuito de deslocar o fluxo de imigrantes para longe da Europa e em direcção à Ucrânia, sem garantir que foram tomadas medidas suficientes para assegurar um tratamento humano dos refugiados.
Segundo o testemunho de Hasan Hirsi, os refugiados na Ucrânia são tratados de forma desumana. Um dos campos de detenção onde esteve detido, em Pavshino, era por exemplo conhecido como “o Guantánamo do este”. Nos campos, os imigrantes “eram mantidos num local escuro e não aquecido e os guardas recusavam-se a deixá-los utilizar as casas de banho. Muitos refugiados urinavam em garrafas ou no chão e não recebiam nada para comer durante dias. “Estávamos encarcerados como animais”, afirma Hirsi. Durante os interrogatórios, os agentes batiam nos imigrantes e davam-lhes choques eléctricos. Segundo Hirsi, um deles disse: “agora estão na Ucrânia e não na Alemanha ou na Inglaterra. Aqui, não há democracia”.
O relato de Hirsi coincide com o de vários outros relatórios e testemunhos. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a detenção dos imigrantes na Ucrânia viola a Convenção europeia dos Direitos Humanos. Teme-se que o tratamento dos imigrantes possa piorar devido à actual crise na Ucrânia. Tal como observa o representante do ACNUR, “o Governo de Kiev já se encontra totalmente sobrecarregado com a gestão e a protecção dos refugiados internos, cerca de um milhão de pessoas. […] Na verdade, não tem condições para se ocupar também dos requerentes de asilo”. Voxeurop, Der Spiegel

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

'Misterioso asesinato en casa de Cervantes', Prémio Primavera de Novela 2015

Juan Eslava, Premio Primavera de Novela 2015

"El autor se impone con su obra 'Misterioso asesinato en casa de Cervantes' sobre el encarcelamiento del autor de 'El Quijote'
La obra Misterioso asesinato en casa de Cervantes, de Juan Eslava Galán, ha conseguido el Premio Primavera de Novela, en su decimonovena edición, por ser "una intriga muy bien construida, escrita con una riqueza del lenguaje extraordinaria y por un autor que conoce a la perfección el mundo de Cervantes".
Este galardón, dotado de 100.000 euros, es uno de los más prestigiosos en lengua española y está convocado por la Editorial Espasa y por el ámbito cultural de El Corte Inglés, con el fin de apoyar la creación literaria y contribuir a la máxima difusión de la novela como forma de expresión artística la época.
Desde su primera edición en 1997, el certamen se ha consolidado como referencia "clave" para las letras hispanas y aumenta cada año en volumen de participantes. En esta edición se ha batido el récord de participación, con 936 obras presentadas procedentes de 33 países. España, que aporta 424 novelas, encabeza la lista de participantes; seguida de Argentina, con 150; México, con 58 manuscritos; Colombia con 48 y Estados Unidos con 47 originales.
El Premio Primavera de Novela ha recaído en años anteriores en autores de muy diferente índole, como Lucía Etxebarria, Rosa Montero, Juan José Millás, Juan Manuel de Prada o Use Lahoz, o Maxim Huerta, entre otros. El jurado, que ha fallado su voto este jueves en un almuerzo, ha estado compuesto por Antonio Soler, Ángel Basanta, Ramón Pernas, Fernando Rodríguez Lafuente, Ana Rosa Semprún y Miryam Galaz como secretaria sin voto.
La novela parte del encarcelamiento de Miguel de Cervantes y de sus hermanas, conocidas como las Cervantas, por su implicación en el asesinato de Gaspar de Ezpeleta, aparecido muerto a las puertas de la casa del autor de El Quijote. Mientras, la duquesa de Arjona, gran admiradora de Cervantes, requiere los servicios detectivescos de la joven Dorotea de Osuna para la defensa de su querido amigo.
Se trata de una obra situada en la España del Siglo de Oro, asolada por las guerras y con sus calles llenas de pícaros, tullidos y busconas. Un panorama en el que se verá cómo la figura femenina se rebela contra el papel secundario que le ha tocado vivir en la sociedad.
Juan Eslava Galán es doctor en Letras, y entre sus últimos trabajos destacan Historia del mundo contada para escépticos (2012); La primera Guerra Mundial contada para escépticos (2014); y La segunda Guerra Mundial contada para escépticos (2015). Es autor también de otras novelas como En busca del unicornio (Premio Planeta 1987), El comedido hidalgo (Premio Ateneo de Sevilla 1991), Señorita (Premio de Novela Fernando Lara 1998), La mula (2003), Rey lobo (2009) y Últimas pasiones del caballero Almafiera (2011)." El País

Quem tem medo da Cultura?

As pessoas devem ser o centro dos acontecimentos
Póvoa de Varzim, 26.02.2015
"A Conferência de Abertura do 16º Correntes d’Escritas, esta quinta-feira, dia 26, às 15h00, no Cine-Teatro Garrett, reuniu uma plateia atenta para ouvir a resposta à pergunta provocatória lançada a Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do CNC (Centro Nacional de Cultura) e do TC (Tribunal De Contas): “Quem tem medo da Cultura?”
O convidado do Correntes referiu-se ao medo da cultura como “conhecimento, como transformação da natureza, como letras, artes, ideias, como educação e ciência…” e, embora possa parecer estranho trazer a economia para esta conversa, o certo é que, “etimologicamente, não podemos esquecer que a «regra da casa», que vem do grego oikos e nomos, só tem sentido se puser as pessoas no centro dos acontecimentos e se entendermos que nem tudo tem preço, mas que tudo tem valor, até porque o que tem mais valor é o que não tem preço. Eis porque a economia humana tem a ver com gente de carne e osso, com a exigência de garantir que ninguém nos seja indiferente. A economia é, pois, para aqui bem chamada para nos dizer que a cultura começa exactamente quando as pessoas têm de cuidar do valor de tudo o que as rodeia, muito para além do preço, que não compra nem a honra nem a dignidade que são matéria-prima da cultura. (…) Como disse T.S. Eliot num ensaio célebre sobre a definição da cultura: «Tal como ‘democracia’, a palavra cultura precisa não só de ser definida, mas também ilustrada, cada vez que a empregamos”.
É através da cultura que somos levados a perceber que a “identidade e a diferença se completam, a tal ponto que, fechando-se uma cultura sobre si mesma, torna-se depressiva e decadente, ficando cega à memória e ao entendimento dos outros. Assim, quem tem medo da cultura é quem baixa os braços perante a força avassaladora do imediato, da simplificação e da indiferença. E quem se deixa vencer por esse medo atávico, verifica para mal dos seus pecados que, se tudo começa na cultura, segue rapidamente para a economia humana, porque o que verdadeiramente importa é saber se a vida das pessoas é fim ou é meio”.
E prosseguindo a reflexão afirma Guilherme d’Oliveira Martins “«Os cérebros mal preparados vergam sob a diversidade de conhecimentos – e os quadros da cultura, à força de se alargarem, quebram-se». Marguerite Yourcenar em «Diagnóstico da Europa» (1929) toca assim no tema difícil do empobrecimento da cultura e das humanidades”.
O conferencista defendeu que é preciso um “grito de alerta” e avisou que “a ameaça à cultura vem da facilidade, do autocomprazimento e da mediocridade”.
Em conclusão, Oliveira Martins refere-se a um património cultural não retrospectivo, “é passado, presente e futuro, é material e imaterial, são pedras mortas e pedras vivas, é um dever, é memória e é criação presente, não pode ser assunto do Estado burocrático, mas da República moderna, livre e democrática, centrada nos cidadãos, como nos ensinou António Sérgio há cem anos, nas páginas de «A Águia», na sua inolvidável «Educação Cívica». Eis porque devemos dar à sociedade civil um papel mais activo nos valores, se soubermos contrapor uma ética de cidadania, aliada à qualidade na educação, formação, ciência e cultura. A defesa das humanidades tem de corresponder à recusa da facilidade e do novo-riquismo e ao apelo à vontade e à criação. Como poderemos defender a cultura que nos foi legada sem mobilização dos cidadãos e sem democratização do Estado? Medo da cultura é, afinal, medo da liberdade e da democracia”. CMP
O grande movimento era-nos sempre
margem de olhar um rio.
Ia-se-nos perdendo
ver algum navio
entrar nas águas de tê-lo
alguma vez ouvido.
Ou, se quiserem, havia o movimento.
E, à volta dele, o rio
estava perto de sermos
lugar. Ponto de frio
de onde os amantes sempre
partiram esquecid
os.
Fernando Echevarría, in Sobre as Horas
Fernando Echevarría ganha prémio em dia de aniversário
 «O poeta Fernando Echevarría venceu o prémio literário Casino da Póvoa com a obra "Categorias e outras paisagens", editada pela Afrontamento, anunciou hoje a organização do encontro de escritores de expressão ibérica Correntes d'Escritas.
Nascido a 26 de Fevereiro de 1929 (sendo nesse dia o seu aniversário), na localidade espanhola de Cabezón de la Sal, "veio para Portugal ainda muito novo, tendo cursado Humanidades em Portugal e Filosofia e Teologia em Espanha", de acordo com a biografia disponível na Infopédia, da Porto Editora.
Echevarría, que "escreveu sempre em português, só ocasionalmente nas línguas castelhana e francesa", já antes recebeu distinções como o grande prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, o prémio António Ramos Rosa, o prémio Fundação Luís Miguel Nava e o prémio Dom Dinis.
O júri que atribuiu por maioria o grande prémio do 16.º Correntes d'Escritas foi constituído por Afonso Cruz, Almeida Faria, Ana Paula Tavares, Maria Flor Pedroso e Valter Hugo Mãe.
Na declaração de voto do prémio, o júri referiu que o livro de Echevarría "revela um carácter monumental, impressionante pelo seu fôlego".
Na ata, o júri considerou que a obra "constrói uma poética da lucidez e do rigor", tratando-se de um "monumento à capacidade de dizer o indizível no limite da palavra".
Durante a cerimónia de anúncio dos premiados deste ano, foi ainda revelado que o conto infantil ilustrado "Uma Amizade Misteriosa", da turma 4.º A, do Externato Infantil e Primário "Paraíso dos Pequeninos", de Lourosa, venceu o prémio Correntes d'Escritas/Porto Editora 2015.
Adicionalmente, o prémio literário Correntes d'Escritas/Papelaria Locus, que distingue trabalhos inéditos de jovens entre os 15 e 18 anos, foi atribuído a Cândida Filipa Oliveira de Sousa, pelo poema "Insone".
Já o prémio Fundação Dr. Luís Rainha, que galardoa textos cuja temática seja a Póvoa de Varzim, foi dado a João José da Conceição Morgado pelo trabalho "O Céu do Mar".» DN

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

E os meninos do Mussulo

1
"De palavras novas também se faz país
neste país tão feito de poemas
que a produção e tudo a semear
terá de ser cantado noutro ciclo."  Manuel Rui Monteiro, poeta angolano, ( Poesia Necessária), in 11 Poemas em Novembro, Luanda, Ed. Lavra e Oficina, 1976

E os meninos do Mussulo  continuam a semear sorrisos novos no Mar, sonhando com histórias de encantar.


















quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Música portuguesa a duas vozes

A memória serve para guardar a vida. Nela  armazena-se um passado, acomoda-se um presente e reserva-se  um futuro. Tem gavetas para tudo. Apenas diferem em tamanho. Umas são  enormes, outras diminutas e a maior parte fica pela mediania . De utilidade diversa  podem  albergar qualquer memorando que se apresente.
Abriu-se uma dessas gavetas para extrair vozes que cantam em português. Fazem parte de uma memória colectiva. Vozes partilhadas em duetos que podem ser revividas.










terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Da Cultura: Nobel da Literatura 2015 e outras notícias

Des noms à ne pas ébruiter
"La liste des candidats au Prix Nobel de Littérature 2015 vient d'être bouclée ce jeudi, avec près de 200 écrivains sélectionnés, dont 36 s'y retrouvant pour la première fois. Au total, l'Académie suédoise attribuant la récompense a reçu 259 propositions et a conservé 198 noms, comme l'explique sur son blog le secrétaire perpétuel Peter Englund. « Il s'agit d'un chiffre se situant dans la norme », selon le président du jury.



Quelque 61 noms ont d'ores et déjà été écartés. L'écrivain et historien suédois Peter Englund explique que l'un des 198 autres sera le Prix Nobel 2015. L'Académie sélectionnera dans un premier temps entre 20 et 25 noms, liste qui sera ensuite réduite à 5 au cours du mois de mai prochain. Il précise que ceux qui révéleront le nom de candidats examinés risquent de faire perdre leur poulain.
Parmi les personnalités habilitées à proposer ces premiers noms d'écrivains, on retrouve les lauréats des années précédentes, les membres de l'Académie suédoise et de ses homologues d'autres pays, les universitaires en littérature ou linguistique à travers le monde, et autres présidents d'associations d'écrivains faisant référence dans leur pays.
Les personnes ayant présenté des candidats ne peuvent dévoiler leurs nominations, sous peine d'enfreindre le règlement, explique-t-il, tandis que le jury peut toujours revenir sur certaines nominations. « Il est des personnes habilitées à nommer qui claironnent volontiers publiquement qui ils ont nommé, et ce en dépit des règles. Nous avons effectivement la possibilité d'annuler la nomination en question, et il n'est pas impossible que cela se produise avec une personne proposée ou une autre à l'avenir. »
Les lauriers 2015 doivent être décernés en octobre et certains seront peut-être tentés d'ici là de révéler le nom d'un écrivain retenu pour booster des ventes, en étiquetant l'auteur « nommé pour le prix Nobel ». Quoi qu'il en soit l'élu de l'année succédera au romancier français Patrick Modiano."Sources : 7sur7 , La Libre
Apresentado livro "Fernando Pessoa - Sobre o Fascismo"
Escritos pessoanos apresentados de forma cronológica.
Por Lusa, 19.02.2015  06:35
O livro 'Fernando Pessoa - Sobre o Fascismo, a Ditadura Militar e Salazar', organizado pelo historiador José Barreto, com textos inéditos do poeta, é apresentado esta quinta-feira, às 19h00, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.
A obra, como afirma o investigador, na introdução, reúne "todos os escritos de Fernando Pessoa [sobre fascismo, a ditadura e Salazar] que foi possível recensear, entre os ainda numerosos inéditos do espólio do escritor e a obra publicada em vida ou postumamente", salvaguardando que não pode garantir a existência de outros textos, que se encontrem no espólio da Biblioteca Nacional, "ou fora dele".
Os escritos pessoanos são apresentados de forma cronológica, e agrupam-se em três temáticas essenciais: o fascismo e a figura de Benito Mussolini, a ditadura militar portuguesa (1926-1933), e António de Oliveira Salazar, enquanto ministro das Finanças, de 1928 a 1932, e posteriormente, como "líder do Governo e do Estado Novo".
Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquizila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar duma vez:
É só tirar a cortina
Que entra luz nesta escurez. 
Mário de Andrade
Livro conta vida e obra de Mário de Andrade
Reconhecimento
Publicação "Mário de Andrade: eu sou trezentos- vida e obra" será lançada em 25 de Fevereiro, aniversário da morte do escritor
“Há 70 anos, morreu um dos maiores criadores e pensadores da cultura brasileira. É inegável o legado deixado por Mário de Andrade (1893 - 1945) – romancista, poeta, músico, pesquisador da cultura popular e organizador da Semana da Arte Moderna.Eduardo Jardim, professor da UFRJ e bolsista-pesquisador da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), se debruçou sobre a trajectória do modernista para escrever "Mário de Andrade: eu sou trezentos- vida e obra". O livro será lançado em 25 de Fevereiro, aniversário da morte do escritor.
A iniciativa vai ao encontro de outras comemorações em torno do autor, cuja obra entra em domínio público em 2016, e da Semana da Arte Moderna, que completará 100 anos em 2022.
Para celebrar o centenário, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, pretende criar uma comissão nacional afim de se ter um movimento nacional de resgate e reflexão sobre a construção de identidade.
Eduardo Jardim, que fez mestrado sobre modernismo e doutorado sobre Mário de Andrade, vê de forma positiva a iniciativa do ministro. "O modernismo continua sendo nossa principal referência para debate sobre cultura", avalia. "Mas é preciso não apenas relembrar sua importância, mas vê-la de forma crítica. Vivemos um momento diferente daquele da década de 1920."
Modernismo
A Semana de Arte Moderna é um dos temas tratados no livro. Nele, Jardim aborda a vida e obra de Mário de Andrade desde os tempos de infância, marcada pelo ensino religioso, até sua morte, em 1945. 
Para Jardim, Mário de Andrade é referência central para discutir qualquer problema de cultura brasileira, na arte, literatura, política cultural e até funcionamento de agências de apoio a cultura.
Um dos fatos que chama a atenção do autor sobre Mário de Andrade são últimos anos de sua vida, quando o escritor sente-se frustrado e em depressão.
Em 1935, Mário foi chamado para assumir o Departamento de Cultura de São Paulo. Seu  projecto era centrado na ideia de expansão cultural. "Ele queria promover a difusão da cultura erudita para as mais diversas camadas sociais, criou bibliotecas ambulantes e exposições no viaduto do chá", disse Jardim.
Triste fim
Com a chegada de Getúlio Vargas ao poder e a implementação do Estado Novo (1937-1945), a iniciativa não foi concretizada. O sonho interrompido levou o modernista a um período de frustração.
Nesta fase da vida de Andrade, o livro mostra outro lado do modernista. "Há uma diferença grande no que se conta sobre Mário de Andrade, sobre essa imagem de um autor triunfante e a realidade da vida dele, que é de alguém que viveu um projecto de inclusão interrompido e que foi cortado por perspectiva autoritária, isso é impressionante", comenta Jardim.
Mário voltou ao Rio de Janeiro (RJ) para ser professor de universidade, mas também encontrou uma fonte de decepção. "Ele queria ser um reformador da Cultura. Quando sai de São Paulo, vai ao Rio para ser professor, mas o ministro Gustavo Capadema acaba com a universidade e ele fica em uma posição subalterna", lembra o autor.
"Os depoimentos dele dessa época são de um cara arrasado. Ele adoece e morre aos 51 anos, sem ter visto o fim da Segunda Guerra Mundial e a queda do Estado Novo. Mário de Andrade é retratado como vitorioso, mas você vê que não foi o tempo todo", complementa Eduardo Jardim.
Metodologia
Para escrever a obra, Jardim realizou diversas pesquisas, sobretudo na Biblioteca Nacional (BN). Colecção de livros, catálogos, periódicos e revistas modernistas serviram como embasamento para o livro.  
Uma das preocupações que o pesquisador teve foi de escrever a obra de forma acessível e direccionada para o grande público. Jardim lança o livro, com cerca de 250 páginas, em 25 de Fevereiro, no Rio de Janeiro.”Portal Brasil ,Fonte: Ministério da Cultura
 
II Festival de Guitarra
“Foi ontem apresentado no Conservatório Calouste Gulbenkian, o “ II Festival de Guitarra de Braga”. O seu inicio esta marcado para amanhã, dia 25 de Fevereiro, e termina no dia 29 de Março. São esperados seis concertos masterclasses e um workshop.
Lídia Dias, vereadora da Cultura do Município de Braga afirma que este evento “tem como objectivo fundamental a divulgação de um instrumento musical que se destaca no âmbito da expressão musical, assim como contribuir para a formação musical dos alunos do Conservatório Calouste Gulbenkian.”
Nesta edição o Theatro Circo será palco do concerto de encerramento do festival. Este “apoio logístico” um exemplo do reforço do apoio por parte da Câmara Municipal, que face ao “sucesso” da primeira edição reforçou a sua contribuição, quer financeira, quer logística.
Vítor Gandarela, director artístico do Festival, afirmou: ““Tivemos uma grande preocupação com os espaços onde se vão realizar os concertos, de modo a que se crie um clima propício à aproximação entre as pessoas e a música, quebrando alguns formalismos típicos da música erudita”.
Esta é uma parceria entre a Câmara Municipal de Braga e o Conservatório Calouste Gulbenkian.”GAZETA DO ROSSIO
Literatura angolana marca presença no espaço ibérico em Póvoa de Varzim
Luanda- Escritores angolanos participam de 25 a 28 deste mês, na Póvoa de Varzim (Portugal), na 16ª edição do Correntes d’Escritas, um encontro de Escritores de Expressão Ibérica.
Em nota de imprensa a que a Angop teve nesta segunda-feira acesso, a União dos Escritores Angolanos (UEA) avança que, por se tratar de um espaço privilegiado de potenciação da tradução de livros em português para espanhol e vice-versa, como mesas de debate e visitas às escolas, se elegeu para, mais uma vez, privilegiar a divulgação da literatura angolana no meio de mais de meia centena de escritores.
A delegação angolana a ser  chefiada pelo secretário-geral da UEA, Carmo Neto, transportará, para a sala de actos do Cine-Teatro Garret, os 40 anos da história da literatura angolana, em alusão ao 40º aniversário da independência Nacional e o da fundação da UEA, um percurso que culminará com um debate com estudiosos, leitores e estudantes de várias partes do mundo interessados na literatura angolana contemporânea.
Paralelamente a esse evento, o representante da UEA procederá, igualmente, a entrega de livros de escritores angolanos, sobretudo antologias traduzidas em árabe, inglês e italiano, ao Centro de Estudos Comparados da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e ao Instituto Universal de Literatura, instituições onde se projecta, com a professora Helena Buescu, o estabelecimento de parceria sobre o estudo da literatura angolana.
Segundo a organização do evento, a sala de espectáculos irá acolher as mesas, os lançamentos de livros, sessões de poesia, teatro, cinema, uma exposição e ainda a Feira do Livro.
O momento de maior suspense do certame é a revelação do Prémio Literário Casino da Póvoa, que vai acontecer na sessão de abertura, no dia 26 de Fevereiro, no Casino da Póvoa.
O referido prémio tem o valor de 20 mil euros e ao vencedor é também oferecida uma réplica da lancha poveira, símbolo da cidade e do mar entre os diferentes povos. A obra premiada é escolhida por um júri Ibero-Afro-Americano entre 10 obras finalistas que, por sua vez, foram seleccionadas a partir de centenas de obras recentemente editadas. É também atribuído o Prémio Correntes D'Escritas/Papelaria Locus para jovens escritores entre os 15 e 18 anos.
Entre os escritores que já arrebataram o troféu, assinala-se o angolano Ruy Duarte de Carvalho, com a obra em prosa “Desmedida”, em 2008.
Na presente edição, o corpo e jurado do qual faz parte a poetisa angolana Ana Paula Tavares seleccionou 13 livros finalistas de uma lista  de 80 livros de poesia.
O evento será ainda marcado pelos prémios literários Correntes d’ Escritas Papelaria Locus (poemas inéditos de jovens com idades entre 15 e os 18 anos, de países de expressão portuguesa), Conto Infantil Ilustrado Correntes d' Escritas/Porto Editora (dirigido aos professores e alunos do 4.º ano de escolaridade do Ensino Básico) e Fundação Dr. Luís Rainha Correntes d’ Escritas (destinado a trabalhos – romance, contos ou poesia – cuja temática seja a Póvoa de Varzim).”
Estreia dia 26 de Fevereiro em Lisboa, Almada, Coimbra, Faro e Guimarães:
Lisboa - NOS Colombo; NOS Alvaláxia; Cinema City Alfragide;
Almada - NOS Almada Fórum;
Coimbra - NOS Dolce Vita Coimbra;
Faro - Cineplace Guia Algarve Shopping;
Guimarães - Castello Lopes Espaço Guimarães.
Veja o Trailer
Sinopse
Filme de animação sobre o amor entre um herói imortal e Janaína, a mulher por quem é apaixonado há 600 anos. O romance percorre quatro fases da história do Brasil: a colonização, a escravatura, o Regime Militar e o futuro, em 2096, quando se dará início à guerra pela água.
Luiz Bolognesi
Formado em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e em Ciências Sociais pela Universidade São Paulo (USP). Luiz Bolognesi é sócio-fundador da Produtora Buriti Filmes. Escreveu guiões para filmes como Chega de Saudade, Bicho de Sete Cabeças e As Melhores Coisas do Mundo. Coordena os projectos socioculturais da Associação Tela Brasil: Cine Tela Brasil e Oficina Tela Brasil.
Prémios
Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy (França, 2013)
Prémio do Júri para Melhor Longa-Metragem no 4º Festival Brapeq de Cinema Brasileiro na China (2013)
Prémio do Público para Melhor Longa-Metragem Internacional no Festival Europeu de Cinema Fantástico de Estrasburgo (França, 2013)
Melhor Filme de Animação no Festival de Cinema Latin Beat (Japão, 2013)
Prémio especial do Júri na ExpoToons (Argentina, 2013)
EXPOSIÇÃO
De 27 de Fevereiro a 26 de Maio
Museu Gulbenkian




"Os objectos procuram aqueles que os amam" era o comentário que fazia José de Pina Martins (1920-2010) quando encontrava um livro raro destinado à sua biblioteca. Foi assim, de exemplar em exemplar, que foi formando uma das mais valiosas bibliotecas particulares especializadas de que há notícia, agora em exposição na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian.

"Les liaisons dangereuses" de la Foi du livre de Bruxelles
"Le programme définitif de la 45ème foire du livre de Bruxelles a été dévoilé jeudi. Cette édition mettra à l'honneur la province du Québec et aura pour thème "les liaisons dangereuses", en référence au roman de Pierre Choderlos de Laclos. Elle se déroulera du 26 février au lundi 2 mars sur le site de Tour & taxis.Créée en 1969, cette foire de Bruxelles est le plus ancien salon des livres francophones au monde, et actuellement le second en terme d'importance. "Le thème des liaisons dangereuses est pour nous l'occasion de croiser l'ensemble des disciplines", explique la commissaire générale, Ana Garcia."On va associer économie et politique, politique et littérature, poésie et sciences... On a dans la programmation des personnalités aussi diverses que la journaliste Christine Ockrent ou Hubert Reeves qui sera en dialogue avec notre prix Nobel de physique François Englert. Il y aura des people avec Frédéric Beigbeder ou Amélie Nothomb qui reste la star du week-end à la Foire du Livre". L'affiche de l'édition 2015 a été confiée à l'auteur de bande dessinée belge Bernard Yslaire. Il sera le porte-étendard de la part belle accordée à la bande dessinée. L'Imaginarium proposera pour la troisième année consécutive de découvrir 25 auteurs BD en performance, dont le processus créatif sera accompagné en sons et en images. Au cours d'une exposition, des dessinateurs québécois illustreront en BD l'oeuvre de 9 auteurs du Québec. 
Hubert Reeves discutera avec des élèves
Parmi les rencontres notables, figurent celles avec l'écrivain haïtien Dany Laferrière qui a été élu à l'Académie française en 2013 et avec le journaliste Héctor Tobar autour de son livre "Les 33, la fureur de survivre", qui raconte l'histoire des mineurs chiliens piégés dans la mine San José pendant 69 jours. Le focus "1915-2015 Un siècle après l'occupation" s'attardera par ailleurs sur l'humain dans l'histoire.
La ministre de l'Education en Fédération Wallonie-Bruxelles, Joëlle Milquet, a précisé que le plan 'Lecture' sera déployé à l'égard des jeunes à la Foire du livre. Une cinquantaine de classes, soit un millier d'élèves, bénéficieront d'un accès gratuit et suivront des animations autour de la lecture. Afin de favoriser leur ouverture sur l'univers des sciences, certains d'entre eux auront l'opportunité de rencontrer l'astrophysicien et écologiste québécois Hubert Reeves." 7sur7, Source:  Belga

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

E os Óscares vão para...

 "Birdman" foi o grande vencedor dos Óscares
"Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" foi o grande vencedor dos Oscares, ao conquistar quatro estatuetas, entre elas a de Melhor Filme e Melhor Realizador. 
"Grand Budapest Hotel" também venceu em quatro categorias, maioritariamente técnicas.
BIRDMAN é uma comédia de humor negro que conta a história de um actor (Michael Keaton), famoso por ter interpretado um super-herói icónico que planeia, agora, montar uma peça de teatro numa tentativa de recuperar os seus tempos de glória. Nos dias que antecedem a noite de abertura, o actor - Riggan Thomson - luta contra o seu ego e tenta recuperar a sua família, a sua carreira e ele próprio.
Do realizador Alejandro G. Iñárritu (‘Babel’, ‘Amor Cão’, ‘21 Gramas’) com Michael Keaton, Emma Stone, Edward Norton, Naomi Watts, Zach Galifianakis e Andrea Riseborough.
Alejandro González Iñárritu
Melhor Realizador
Alejandro González Iñárritu - "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)"
Melhor Actor
Eddie Redmayne - "A Teoria de Tudo"
Melhor Actriz
Julianne Moore - "O Meu Nome é Alice"
Melhor Actor Secundário
J. K. Simmons - " Whiplash - Nos Limites"
Melhor Actriz Secundária
Patricia Arquette - "Boyhood: Momentos de Uma Vida"
Melhor Filme Estrangeiro
"Ida", de Pawel Pawlikowski (Polónia)
Melhor Filme de Animação
"Big Hero 6 - Os Novos Heróis", de Don Hall, Chris Williams e Roy Conli
Melhor Documentário
"Citizen Four", de Laura Poitras
Melhor Curta-Metragem
"The Phone Call", de Mat Kirkby e James Lucas
Melhor Curta Documental
"Crisis Hotline: Veterans Press 1", de Ellen Goosenberg Kent e Dana Perry
Melhor Curta-Metragem de Animação
"Feast", de Patrick Osborne e Kristina Reed
Melhor Argumento Original
"Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" - Alejandro G. Iñarritu, Nicolas Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo
Melhor Argumento Adaptado
"O Jogo da Imitação" - Graham Moore
Melhor Canção Original
"Glory", do filme "Selma - A Marcha da Liberdade" (John Stephens e Lonnie Lynn)
Melhor Banda Sonora Original
"Grand Budapest Hotel" - Alexandre Desplat
Melhor Cenografia
"Grand Budapest Hotel" - Adam Stockhausen e Anna Pinnock
Melhor Fotografia
"Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" - Emmanuel Lubezki
Melhores Efeitos Visuais
"Interstellar" - Paul Franklin, Andrew Lockley, Ian Hunter e Scott Fisher
Melhor Montagem
"Whiplash - Nos Limites" - Tom Cross
Melhor Edição de Som
"Sniper Americano" - Alan Robert Murray e Bub Asman
Melhor Mistura de Som
"Whiplash - Nos Limites" - Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley
Melhor Guarda-Roupa
"Grand Budapest Hotel" - Milena Canonero
Melhor Caracterização
"Grande Budapest Hotel" - Frances Hannone e Mark Coulier
"A Teoria de Tudo " narra o percurso do cientista Stephen Hawking desde a época de estudante na universidade. A realização  é de  James Marsh e os actores  Eddie Redmayne, óscar do Melhor Actor, Felicity Jones, David Thewlis

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Ao Domingo Há Música

"Não existem muitas verdades das quais o coração tenha certeza."  Albert Camus

Há vozes que nos chegam e nos aquecem. Embrulham-nos e prendem-nos. Nelas descobrimos  que existe uma singular magia que está para além  de qualquer certeza, de qualquer verdade. É a  Arte. A Harmonia pela qual deixa de ser relevante qualquer outra questão. Apenas fruir , deixar que nos assombrem  e nos levem à descoberta dos horizontes que só a Música permite.
São as sonoridades de uma voz diferente , daquela que nos aparece e que, no momento, é a mais bela. A que nos faz  esquecer que existe mundo para lá do universo que se nos descobre.
Neste Fevereiro diverso , o Domingo fica com Bon Iver, num registo de grande criatividade e de muita paixão musical. 
4AD / Jagjaguwar  session apresenta Ben Iver numa excelente actuação com  Justin Vernon e Sean Carey. A gravação acontece no AIR Studio's Lyndurst Hall .

1. Hinnom, TX
2. Wash.
3. I Can't Make You Love Me
4. Babys
5. Beth/Rest

Director: Iain Forsyth & Jane Pollard
Recording & mixing: Jake Jackson with Brian Joseph
Recorded in London at AIR Studios, October 16, 2011
"Hinnom, TX", "Wash.", "Beth/Rest" (c) 2011 April Base Publishing (ASCAP)
"Babys" (c) 2009 April Base Publishing (ASCAP)
"I Cant' Make You Love Me" (c) 1991 BMG Songs, Almo Music Corp., Bird Blues Music, Hayes Street Music (ASCAP)

sábado, 21 de fevereiro de 2015

A Ilha do Mussulo

Andar de olhos abertos. Descobrir. Absorver. Deixar entrar tudo o que se abarca numa diversidade desconcertante é o desassossego dos dias em África. 
Imparável, inebriante, imprevista, incómoda, infinda, inigualável, inquieta… importuna quem avista  para se intrometer sem permissão. Em África, estar ou viver é sempre in e dificilmente out.
Escolher para onde ir, quando tudo se insinua, em desconhecida volúpia paisagística, é o maior desafio para quem chega ou (re)torna a Angola. 

Luanda desfaz-se em sedução. Presa numa Marginal majestosa lança apertado convite a um passeio à beira-mar. Mas há tempo para  a (re)ver e deixar que se imponha em despudorada tentação.
O dia vai para uma ilha, a ilha do Mussulo, que namora a capital,  num carinho discreto e menos carnal do que a outra ilha que a capturou: a ilha do Cabo, a eterna praia de Luanda.


A ilha do Mussulo alonga-se verdejante e afasta-se da cidade para que seja visitada e louvada . Numa extensão de cerca de trinta quilómetros , a ilha do Mussulo é o paraíso mais próximo da capital.



Afirma-se que a formação desta ilha  resultou  da aglomeração dos sedimentos do Rio Kwanza, situado na costa  Sul, a 70 Km de Luanda . Composta por uma elegante restinga que abraça a baía do Mussulo,  onde convivem três ilhas, tem como limite, do outro lado, o  Oceano Atlântico. Um oceano  a beijar enamorado um  vasto areal que se nos entrega a sussurrar que somos únicos e senhores daquele imenso reino pacífico e quase deserto.

Praias e praias em recantos que nos espantam. Vegetação luxuriante que cresce e se estende pelas águas da baía, numa bonomia inesperada. Coqueiros altivos, casuarinas  delicadas, palmeiras vetustas, figueiras frondosas e um sem fim de pequenos arbustos que se banham numa languidez partilhada.
 



Chega-se e a captura avança em sintonia com as descobertas. Nem sempre é possível registar tanta solicitação. Perdemo-nos numa progressiva e avassaladora fruição de um espaço aberto guardado apenas para nos deliciar.


São as águas transparentes da costa oceânica; as areias douradas que  nos aquecem após banhos  descontrolados; o caminho para a baía salpicado por uma vegetação peculiar que nos remete para  as portuguesas rias do Alvor e da Formosa, no Algarve. 
E as gentes do Mussulo? Há comunidades de pescadores . Vivem da pesca . As famílias estendem-se em dispersos aglomerados. Escolas , centros de saúde e também turismo. Todo ele condensado na margem da baía. É aí que estão os restaurantes, alguns resorts e vivendas de fim-de-semana ou para férias.




Mas o encanto maior desta gente do Mussulo reside nas crianças. Brincam com qualquer coisa. De tudo nasce um objecto de diversão. Os banhos ocupam-lhes  o dia, quando a pausa escolar se impõe. 
E era o tempo de Carnaval. Escola fechada e ei-los correndo pela ilha,  qual bando de pardais à solta, como canta o nosso Carlos do Carmo.
Olhares e sorrisos em rostos inesquecíveis . São assim os meninos  do Mussulo.