sexta-feira, 30 de junho de 2023

Memórias de um grande amor

Maria Antonieta Lisboa (MA), mulher de Eugénio Lisboa, 
desenho de Luis Polanah.

30.07.2017
S. Pedro

"Faz hoje um ano que a MA nos deixou. Um ano : trezentos e sessenta e seis dias e nem num só deles esteve esquecida. Esteve sempre comigo, mais do que lembrada , presente. Presente , embora ausente. Nunca me resignei. Nunca aceitei . Nunca cedi. Tive-a comigo  -   sempre.
Em tempos, escrevi um soneto, que era  apenas uma variação sobre um soneto de Camões. Relendo-o agora, dir-se-ia tê-lo escrito hoje , a pensar na MA. É portanto dela e para ela aqui o transcrevo, dedicado a ela:

Alma gentil e minha, assim partiste,
era cedo no dia e já poente.
Ficas onde ficaste, levemente
e a mim fica a saudade que persiste.

Se lá onde, descendo, tu subiste,
suspeita de memória se consente,
recorda o fogo, sem se ver, ardente,
que em olhos meus, impuros, puro viste.

O céu, a terra, o vento sossegado
sabem dizer-me onde esmorece a vida:
que nocturno silêncio prolongado!

Roga ao deus que tão cedo te quis ida
que não faça na vida demorado
o não ter-te depois de ontem tida.

Com este registo , nesta data aniversária muito triste, dou por terminado este epílogo consagrado à Maria Antonieta: escrito para conhecimento dos muitos amigos que teve em vida."
Eugénio Lisboa, in Acta est Fabula - Epílogo  (2015-2017), Editora Opera Omnia, Novembro de 2017,  pp 184, 185

quinta-feira, 29 de junho de 2023

O que há numa praia

 
Naquela praia não havia fim,
a areia nunca mais acabava,
o oceano era de cetim
e era com gosto que nos salgava!
 
A praia era uma grande promessa
de tanta coisa que nós nem sonhávamos:
um tesouro escondido, uma condessa,
um Tibete qualquer a que trepávamos!
 
Uma praia não é mais que uma oferta
feita aos jovens e sem medidas meias.
Na praia, sonha-se com descoberta,
 
isso nos prometem as marés cheias!
Se tivéssemos cumprido a praia,
teríamos bem mais que sericaia…
                           20.06.2023
Eugénio Lisboa

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Soneto à beleza

Ter podido conhecer a beleza
e a funda alegria que ela nos dá
enche-nos de uma grande certeza,
tão frondosa como jacarandá.
 
Visitar a beleza dá-nos vida,
infunde-nos uma energia nova!
Na beleza está sempre prometida
uma dádiva, ao som de uma trova.
 
Se é milagre encontrar a beleza,
milagre maior é reencontrá-la:
depois de termos ido a Veneza,
 
depararmos com o golfo de Bengala!
Quando vemos a beleza surgir,
percebemos a razão de existir!
                     28.06.2023
Eugénio Lisboa

O cinema e a música em revisão


Quem de nós não tem, como saudosa e aprazível recordação, uma banda sonora, uma canção, uma melodia de um filme?!
Entre muitas, talvez uma delas  esteja aqui. Sirva-se e bom proveito.


Play It Again Sam, Casablanca, AS TIME GOES BY . Filme de 1941.  Dooley Wilson como  Sam, toca e canta  "As Time Goes By." 
Casablanca tem como protagonistas  Humphrey Bogart , Ingrid Bergman, Peter Lorre  e Claude Rains. Tornou-se um filme imortal e uma clássica história de amor.
 
'Lara's Theme' , de Maurice Jarre, do filme Dr. Zhivago , uma adaptação do premiado romance de Boris Pasternak. Com a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa como pano de fundo, é contada a comovente história de um angustiado médico-poeta, Yury Zhivago (Omar Sharif). Yuri fica órfão ainda criança e vai para Moscovo, onde é criado. Já adulto, casa-se com a aristocrática Tonya (Geraldine Chaplin), mas tem um envolvimento com Lara (Julie Christie), uma enfermeira que se torna a grande paixão da sua vida. Dividido entre o amor pela sua mulher Tonya e a paixão que o une a Lara, a sua vida entra numa confusão, motivada por forças sociais que transformam o seu mundo para sempre.
Lara que no tempo anterior à revolução tinha sido violada por Victor Komarovsky (Rod Steiger), um político sem escrúpulos, que já se tinha envolvido com a sua mãe, casa-se com Pasha Strelnikoff (Tom Courtenay), que se torna um vingativo revolucionário. A história é narrada em flashback por Yevgraf de Zhivago (Alec Guiness), o meio-irmão de Yuri que procura a sua sobrinha, que seria filha de Jivago com Lara. Enquanto Strelnikoff representa o "mal", Yevgraf representa o "bom" elemento da Revolução Bolchevique.
   

Zorba, o Grego é um filme greco-britânico-americano de Michael Cacoyannis, lançado em 1964 e adaptado do romance de Níkos Kazantzákis "Aléxis Zorbás", publicado em 1946. Basil (Alan Bates), um jovem escritor britânico, retorna a Creta para tomar posse da herança paterna. Conhece Zorba (Anthony Quinn), um exuberante grego que insiste em ser seu guia. Os dois homens são diferentes em tudo: Zorba gosta de beber, rir, cantar e dançar, vive como quer, enquanto Basílio, pela sua educação  é impedido de o fazer. No entanto, tornam-se amigos e unem forças para operar uma mina. Zorba intenta   construir um teleférico. Basil confia nele, mas é um fracasso. Zorba escolhe ironizar  com o azar.  Ri e corre na praia. Derrotado e conquistado, Basílio pede-lhe, então ,que o ensine a dançar o sirtaki. É assim que para  gravação do filme é criada a famosa sirtaki, dança até então desconhecida dos habitantes de Creta. Popularizando o folclore grego, a música de Míkis Theodorakis torna-se famosa em todo o mundo.
 
Andrei and Natasha's Waltz Scene (War & Peace 2016), de  Martin Phipps
Baseada na obra-prima de Leon Tolstói, a série conta a história das famílias da aristocracia russa durante a época napoleónica, mais precisamente durante a invasão da Rússia pelas tropas de Napoleão. Essa invasão selou o destino das inúmeras personagens da trama criada por Tolstói, afectando profundamente a vida, os amores, os desejos, as vinganças e a busca da felicidade de cada membro das famílias Bezukhov, Bolkonski e Rostov.
Uma história em torno de cinco famílias aristocráticas, definidas durante o reinado de Alexandre I, e centrado no triângulo amoroso entre Natasha Rostova, Pierre Bezukhov, e Andrei Bolkonsky.
Pierre (Paul Dano) é um jovem idealista e gentil, filho bastardo do homem mais rico da Rússia, que quer mudar o mundo para melhor. Natasha (Lily James) é espirituosa e procura o amor verdadeiro. Andrei (James Norton) é charmoso e busca um propósito maior na vida, pois está farto da superficialidade da sociedade. Quando eles se conhecem, em 1805, os exércitos de Napoleão aproximam-se da fronteira da Rússia, e os seus compatriotas preparam-se para mudanças profundas nas suas realidades.

   
O Tango ou  "Por Una Cabeza" (de Gardel e Le Pera) no filme Perfume de Mulher, de 1992. Frank (Al Pacino) ensina a bela e encantadora Donna (Gabrielle Anwar) a dançar o tango.
O filme apresenta um tenente-coronel cego, já reformado, a contratar um jovem para que o ajude a conquistar uma atraente mulher. Este é um filme surpreendente e com um invulgar argumento, onde os opostos se atraem, quando os três embarcam num alucinante fim-de-semana que lhes irá mudar a vida para sempre. Perfume de Mulher é um remake americano do filme "Profumo di Donna" que foi realizado por Dino Risi, em 1974.
 

'Singin' in the Rain é uma comédia musical, romântica americana , de 1952, dirigida e coreografada por Gene Kelly e Stanley Donen , tendo como principais artistas Gene Kelly, Donald O'Connor e Debbie Reynolds. Além destes participam,Jean Hagen , Millard Mitchell e Cyd Charisse. A banda sonora é da autoria de Nacio Herb Brown (Música) e Arthur Freed ( Letra).
O filme apresenta uma descrição alegre de Hollywood no final dos anos 1920, com as três estrelas retratando artistas apanhados na transição dos filmes mudos para os  " falados ".

 

terça-feira, 27 de junho de 2023

Os estrategas da glória

Os cultores da estratégia da glória
conduzem-se com pouca elegância,
mesmo sendo a glória ilusória
e só irrelevante extravagância.
 
Os famintos dela portam-se mal,
atropelando belas amizades,
ou liquidando-as com um punhal,
assim perdendo algumas virgindades!
 
O caçador de glória perde o tino,
para agradar a gregos e troianos.
Se necessário, faz mesmo o pino
 
e outros afincos euclideanos.
Caçar a glória exige ganância
e deselegante beligerância.
                      24.06.2023
Eugénio Lisboa
 
NOTA: Este soneto não se dirige a ninguém em particular. Tem, pelo contrário, uma vasta abrangência, dando cobertura a inúmeros e desajeitados gulosos da glória. Eles sabem que o são e reconhecer-se-ão nestes catorze versos, embora esse reconhecimento não se torne público e em nada os vá beneficiar: continuarão a ser como são.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

O tal prazer da escrita

O tal prazer da escrita
por Eugénio Lisboa
“A escrita é muitas coisas mas é também uma forma de salvação: ela descobre, ela acicata a memória, fecha-nos às aflições do momento, mergulhando-nos num universo prodigioso, escudado e inacessível às turbulências exteriores. E cura-nos, pela alegria que nos dá o encontrar as palavras certas para exprimir o inefável.
A escrita é a melhor arma de defesa e de ataque de que dispomos. Nenhuma nos defende tão bem de uma ferida ou faz, nos outros, uma ferida tão perene.
A escrita foi inventada por alguém que precisava muito dela, para registar informações. Assim, começou por ser útil e passou a ser agonicamente necessária. Escrevo, logo existo. Mas também: escrevo, logo não sofro. Quando escrevo, falo de um sofrimento que já foi, mas que deixa de o ser, no momento em que o escrevo. A funda alegria de o escrever mata o sofrimento que já se sentiu, mas se apaga ante o fulgor da escrita. Como dizia Montherlant, o escritor é aquele ser peculiar, que sofre, não sofrendo.
O Camões que escreveu o “Alma minha” não sentia, no momento em que a invocava, saudades da morta, sua amada. O que ele sentia, no momento da escrita, era a alegria de escrever uma saudade, que sentira, antes de a escrever, mas que não podia sentir, no momento em que a escrevia. O escritor é um monstro que mata, sem escrúpulos, no momento de o celebrar, o mais profundo sentimento que antes o afligira, para melhor o poder glosar, com os utensílios da sua arte. A alegria de escrever, o tal prazer da escrita tem muito de inumano. O grande escritor é, na sociedade em que vive, um suspeito a vigiar, porque pode ser perigoso. Por isso, o escritor Tonio Kröger, da famosa novela de Thomas Mann, ao regressar um dia, no tarde da sua vida, coberto de glória, à sua terra natal, torna-se suspeito, aos olhos da polícia local, que o toma por um malfeitor…
Não nos esqueçamos de que o grande William Faulkner declarou um dia que seria capaz de matar meia dúzia de velhinhas, se isso lhe permitisse escrever a belíssima ODE A UMA URNA GREGA, do poeta John Keats. Um poeta é capaz de tudo, mesmo de vender a alma ao diabo, para acertar um verso ou colocar uma vírgula no lugar certo. Quem não compreende isto não compreende nada deste ofício nem dos seus oficiantes.”
Eugénio Lisboa, em 20.06.2023

Os grandes malfeitores da humanidade

 
Os grandes malfeitores da humanidade
Livros cuja leitura pode causar cancro
por Eugénio Lisboa
 
A DIVINA COMÉDIADante
PARADISE LOST  - John Milton
LA CHANSON DE ROLAND - ?
 AUTO DA ALMAGil Vicente
LES MISÉRABLESVictor Hugo
A JANGADA DE PEDRAJosé Saramago
ATÉ QUE AS PEDRAS SE TORNEM MAIS LEVES QUE A ÁGUAAntónio Lobo Antunes
UMA VIAGEM À ÍNDIAGonçalo M. Tavares
ULISSESJames Joyce
FINNEGANS WAKEJames Joyce
O CAPITALKarl Marx
PAMELASamuel Richardson
ON THE ROADJack Kerouac
TODA A OBRA DEAgustina Bessa-Luis
TODA A OBRA DE FICÇÃO DEMaria Velho da Costa
UNDER THE VOLCANOMalcolm Lowry
PALE FIREVladimir Nabokov
ORLANDO FURIOSOAriosto
L’ÊTRE ET LE NÉANTJean-Paul Sartre
CRITIQUE DE LA RAISON DIALECTIQUEJean-Paul Sartre
FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITOHegel
OBRA DRAMÁTICA DEBertolt Brecht
PENDENNIS William Thackeray
O MATERIALISMO DIALÉTICO E O MATERIALISMO HISTÓRICOJoseph Staline
 
Hoje, fico-me por aqui. Voltarei outro dia, para acrescentar títulos a esta lista de perigosos malfeitores. Há muitos outros e devem ser assinalados.
Eugénio Lisboa, em 15.06.2023

domingo, 25 de junho de 2023

Ao Domingo Há Música


Milhares de pessoas cultivam a música; 
poucas porém têm a revelação dessa grande arte.
                       Ludwig van  Beethoven


Malakai Bayoh , um jovem cantor de 14 anos, interpreta 'Pie Jesu' , da peça musical "Requiem",  de Andrew Lloyd Webber. O registo foi extraído de GOLDEN, álbum de estreia deste cantor.
Uma voz de grande beleza , uma magnífica revelação que muito  enriquecerá o canto , a Música.

sábado, 24 de junho de 2023

MILIONÁRIO!

Jardim Zoológico de Lourenço Marques, Moçambique
 
MILIONÁRIO!
por Eugénio Lisboa
“Quando eu tinha os meus sete ou oito anos e vivia em Lourenço Marques, na fronteira entre a cidade do caniço e a cidade do cimento, numa casa pelintrosa, mas com garagem (sem carro) e quintal com árvores boas para se trepar, sem telefone, sem telefonia, sem luz eléctrica e com frigorífico de carregar pela boca, mas com uma liberdade do caraças e uma data de mato por detrás do muro das traseiras e uma suspeita de cobras agachadas no dito mato, dinheiro não havia, mas tristeza e amargura também não. A malta divertia-se como podia, fazendo fisgas, espadas de pau e umas espingardas mal amanhadas. Brincávamos ao Errol Flynn, do GAVIÃO DOS MARES, ao Tarzan, da selva africana, ao Tom Mix do Farwest, e, pondo uns lenços atrás dos bonés, vivíamos o drama do BEAU GESTE, morrendo por cima dos muros da varanda, frente ao deserto que lá não estava. Era porreiríssimo. Mas digo mais: descobrimos depressa que se podia ser milionário, mesmo sem se possuir um tostão.
Vou dar um exemplo. Um dia, se calhar, para festejar bons resultados escolares, o meu pai conseguiu que um amigo com carro, do género calhambeque com patine, nos levasse, a mim e aos meus dois irmãos, ao Jardim Zoológico, que ficava fora da cidade. Íamos ao fim da manhã e iam-nos buscar ao fim da tarde. Mas não íamos com as mãos a abanar: levávamos uma feijoada para o almoço, um livro com boas histórias e água geladinha. Depois de uma visita gulosa aos bichos, comíamos a suculenta e bem recheada feijoada e, no fim do almoço, refastelávamo-nos no chão, como leões saciados e mergulhávamos, deslumbrados, na história do João Grande e do João Pequeno. E, depois dessa, em todas as outras, desses mundos que não conhecíamos mas que nos arrancavam, por momentos e com muita força, da Estrada do Zixaxa! Sair da Estrada do Zixaxa para os desertos africanos do BEAU GESTE ou para os mares do Errol Flynn ou para os paradeiros do João Grande, com poucos recursos mas com uma data de energia e imaginação – era a nossa grande proeza. Uma tarde no Jardim Zoológico, com bichos iguais aos que víamos no cinema, com uma feijoada do camando, água geladinha e histórias a dar com um pau, caramba, se isto não era ser milionário, então não sei o que seria! Era baril! Ninguém, mas ninguém, no resto do mundo, naquele momento, estava a ter um dia como aquele.
A inveja que aqueles ricaços deviam ter de nós! Bem feito! Não vive aquelas coisas quem quer, vive-as só quem sabe e pode. E nós éramos, de longe, nessa altura, os mais sábios e poderosos do mundo, naquela África quente e com espaço a nunca mais acabar. Sem cheta, mas ali, ao leme, como gente! Que se lixasse o dinheiro: a força e a alegria estavam noutro lado! Quem estava a ter um dia porreiríssimo éramos nós e não aqueles ricaços aloirados da Polana. Que, ainda por cima, usavam palavras difíceis que eu nunca ouvira!”
                                                                22.06.2023
Eugénio Lisboa

Inviolada noiva de quietude
 
Thou still unravish’d
bride of quietness
“Ode to a grecian urn”
John Keats
 
Inviolada noiva de quietude,
deixaste-me na terra, abandonado
a uma solidão que não é virtude,
antes me volve eterno condenado.
 
Passaste, suave, quieta, doce,
como quem pisa sem sequer pisar,
sendo o teu ser como se só fosse
uma brisa que nos vem visitar.
 
Inviolada noiva de quietude,
deixaste-me, podendo-me levar!
Havendo em ti tanta solicitude,
 
por que me deixaste neste penar?
Como pôde tanta suavidade
não tentar travar tanta saudade?
                             21.06.2023
Eugénio Lisboa

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Já três anos, Lana!

O teu sorriso

É a coisa mais linda
que anda no ar!

Ele é cascata, é sonho, é luar.
Ele é búzio e semente de flor.

Borboleta que voa,
erva de Verão,
fonte de ternura,
cor do teu olhar.

Ah! o teu sorriso...

Nuvem que passa,
onde eu subo
e atiro serpentinas
para o ar.

(...)
Ah! o teu sorriso...

É a sabedoria de saber amar! ...
Júlio Roberto, in Todas as respostas estão em ti

A minha neta faz três anos, hoje.  Já?! O tempo correu,  sem que o peso se fizesse sentir. Apenas  ela , a menina , a caçula,  cresceu.  
Chegou num dia  de sol , mas acinzentado pela epidemia.  Trazia consigo  a esperança de um outro tempo ,  se  viver era  preciso. 
E passaram três anos. Três anos de  sorriso mais lindo!  
Não há dia que nos faça esquecer de como é fácil ser feliz. Quando tudo se adensa, ela  chega e tudo se pinta da cor que só o céu conhece. Tem a sabedoria da inocência e a compaixão dos aventurados. E assim nos prende,  em submisso deleite. 
A curiosidade move-a, em cada  conquista. Não cessa de descobrir. Até as palavras lhe faltam, se  os   sabores se intensificam.  E para delícia de quem a escuta,  quando  interpelada, lá solta um "OK" de aquiescência,  seguido de um gentil agradecimento na palavra que  cedo reconheceu: Obrigada
Ficámos rendidos. Haverá céu mais lindo?! Nem céu  nem sorriso. A minha neta faz hoje três anos. Trouxe-nos a vida, quando ela caminhava para o fim. É a ventura dos nossos dias. Ama-nos e sorri-nos. Ah! O teu sorriso...
Parabéns , querida Lana.