sábado, 27 de outubro de 2012

Prémio Sakharov para dois dissidentes do Irão



BRUXELAS - A União Europeia concedeu nesta Sexta-feira o Prémio Sakharov - de defesa dos direitos humanos - a dois iranianos que estão presos por divergirem das normas de liberdade de expressão da República Islâmica. A advogada Nasrin Sotoudeh, de 49 anos, e o cineasta Jafar Panahi, de 52, foram elogiados por membros do Parlamento Europeu pela "coragem em defender direitos pessoais e de outras pessoas" e por não "se curvarem à ditadura e à censura".
"Esse prémio é uma mensagem de solidariedade e reconhecimento a uma mulher e a um homem que não foram impedidos pelo medo e pela intimidação. São o símbolo da longa luta que a população do Irão está a travar todos os dias. Essa repressão sistemática, o uso da ditadura e o uso da censura são sentidos por toda a população" - disse Marietje Schaake, líder do Parlamento Europeu.
Os iranianos foram escolhidos por unanimidade. Eles competiam com as três integrantes da banda russa Pussy Riot, de oposição ao governo de Vladimir Putin, e com o dissidente bielorrusso Ales Beliatski.
Nomeado em homenagem ao cientista e dissidente soviético Andrei Sakharov, o prémio é concedido anualmente desde 1988. Os primeiros vencedores foram Nelson Mandela e o opositor russo Anatoly Marchenko. O prémio deve ser entregue oficialmente no dia 12 de Dezembro numa cerimónia em Estrasburgo, juntamente com uma recompensa  pecuniária de 50 mil euros, mas os agraciados não deverão estar lá para receber.
A advogada Nasrin oriunda da classe média iraniana, é advogada e defensora dos Direitos Humanos, foi presa em Setembro de 2010 sob a acusação de espalhar propaganda contra o governo e de conspirar contra a segurança do país. Ela defendia jornalistas e activistas de direitos humanos na Justiça, incluindo a vencedora do Prémio Nobel da Paz Shirin Ebadi e a cidadã alemã Zahra Bahrami, executada em 2011 por polémicas acusações de tráfico de drogas.  Ela própria está actualmente presa, depois de ter sido condenada, em Janeiro de 2011, a 11 anos de prisão e a 20 de interdição de exercer como advogada.
Quanto a Jafar Panahi, é realizador, argumentista e editor e o primeiro iraniano a receber um prémio no Festival de Cinema de Cannes, em 1995, com o filme "O Balão Branco". Em 2000, foi distinguido em Veneza com um Leão de Ouro pelo filme "O Círculo" e em 2006 com um Urso de Prata em Berlim com a película "Off-side". Os seus filmes abordam, recorrentemente, as dificuldades das crianças, dos pobres e das mulheres no Irão.Em Dezembro de 2010, foi condenado por fazer "propaganda contra o governo" e obrigado a ficar seis anos em prisão domiciliária e a ficar 20 anos sem filmar, viajar ou se manifestar em público.
No entanto, a condenação não o impediu. Em 2011, produziu a película "This is not a film" que conta como é um dia de sua vida. O filme foi levado para fora do país numa pen-drive escondida num bolo e, desde então, é exibido por países em todo mundo.Fonte:Agência Globo e Expresso

1 comentário:

  1. Como Manuel Alegre nos quis outrora dizer... Mesmo na noite mais escura, mesmo na escuridão, mesmo na perca total da liberdade, "há sempre alguém que diz não"!... Há sempre "alguém que resiste"!... Parabéns a Nasrin Sotoudeh e a Jafar Panahi!... Ontem, na U.R.S.S, na Albânia, e em Portugal. Hoje, no Irão, amanhã em qualquer parte do mundo!...

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