Deixai os doidos governar entre comparsas!
Deixai-os declamar dos seus balcões
Sobre as praças desertas!
Deixai as frases odiosas que eles disserem,
Como morcegos à luz do Sol,
Atónitas baterem de parede em parede,
Até morrerem no ar
Que as não ouviu
Nem percutiu
À distância da multidão que partiu!
Deixai-os gritar pelos salões vazios,
Eles, os portentosos mais que os mares,
Eles, os caudalosos mais que os rios,
O medo de estar sós
Entre os milhares
De esgares
Reflectidos nos colossais
Cristais
Hílares
Que a sua grandeza lhes sonhou!
Reinaldo Ferreira, in “ Poemas”, livro editado em Lourenço Marques pela Imprensa Nacional de Moçambique, em 1960
Afirma-se que os poetas são os arautos da verdade porque ousam cantá-la com lúcida mestria. Saber olhar as palavras por dentro , vestindo-as com as formas que traduzem os contornos do sentir é uma arte que só o poeta explora em magnitude e perfeita perícia.
Para fruir uma pausa aprazível, neste Domingo de um tempo português castigado por tanta e tão má declamação , basta aceder ao convite que Marisa Monte lança em " O que você quer saber de verdade".
Vai sem direcção
Vai ser livre
A tristeza não
Não resiste
Solte os seus cabelos ao vento
Não olhe pra trás
Ouça o barulhinho que o tempo
No seu peito faz
Faça sua dor dançar
Atenção para escutar
Esse movimento que traz paz
Cada folha que cair,
Cada nuvem que passar
Ouve a terra respirar
Pelas portas e janelas das casas
Atenção para escutar
O que você quer saber de verdade
Música ao domingo com Marisa Monte!...
ResponderEliminar"O que nós queremos saber de verdade"?!...
Sim!... Queremos saber tanto, tanto!... Por exemplo, quando começamos a ser bem governados?...