Morreu autor de cartazes do 25 de Abril
Robin Fior morreu hoje, aos 77 anos, em Mafra.
O designer britânico Robin Fior, 77 anos, autor de cartazes políticos da Revolução do 25 de Abril e do símbolo do Movimento de Esquerda Socialista, morreu no Sábado, em Mafra, revelou hoje à agência Lusa fonte próxima da família.
De acordo com a mesma fonte, o designer gráfico, que vivia em Lisboa desde 1972, encontrava-se internado há uma semana numa clínica de cuidados continuados em Mafra, onde veio a falecer na tarde de Sábado.
Nascido em 1935, em Londres, Robin Fior veio para Portugal atraído pelas mudanças políticas que já se prenunciavam no período anterior ao 25 de Abril, e criou vários cartazes para os movimentos de libertação de antigos territórios africanos sob administração portuguesa.
Autor do símbolo do Movimento de Esquerda Socialista
Fior foi também autor do símbolo do Movimento de Esquerda Socialista (MES), que congregou personalidades como Jorge Sampaio, Augusto Mateus, Ferro Rodrigues e Nuno Teotónio Pereira, tendo composto o design gráfico do órgão oficial do partido, o jornal Esquerda Socialista, durante alguns meses.
Foi um dos fundadores da Associação Portuguesa de Designers, em 1976, e ajudou a estabelecer o Centro de Arte e Comunicação Visual (AR.CO), onde deu aulas durante 25 anos, tendo desenhado muitas das suas publicações.
Frequentou a Harrow School, em Londres, um colégio interno de elite, onde aprendeu a fazer composição manual tipográfica, e também em Oxford, nos anos 1950, onde estudou Língua e Literatura Inglesa.
Nessa época, devido a um crescente interesse na política de esquerda, participou ativamente como profissional nesta área em atividades para a New Left, em Londres.
Criou cartazes, jornais, livros, panfletos e folhetos, alguns deles incluídos em exposições itinerantes e em coleções espalhadas pelo mundo, como a The British Social Poster, na Rússia.
Fez campanha pelo desarmamento nuclear e foi editor de arte da editora livreira britânica independente Pluto Press.
Cartazes ousados
Os cartazes criados em Portugal no período da revolução do 25 de Abril foram na altura considerados surpreendentes, pela ousadia e modernidade.
Ao longo da carreira, e sobretudo entre os anos 1950 e 1980, Robin Fior acreditava que a prática do design era, só por si, uma actividade política, pela mensagem que transmitia.
Em Junho passado, peças criadas por Robin Fior integraram a exposição dedicada ao design gráfico independente britânico, desde a década de 1960, que esteve patente na Galeria Barbican, em Londres.”in Jornal Expresso, 22:20 Domingo, 30 de Setembro de 2012
Agora, que ocorreu a morte do artista plástico Robin Fior ficamos a pensar e a interrogarmo-nos...
ResponderEliminarParece que foi ontem, e já conta quase 39 anos!... Daqui aos 40 anos é uma meia-dúzia de passadas.
Mas, de tão desvirtuda que vai ficando a Revolução de Abril de 1974, ocorrida na madrugada do 25º dia desse mesmo mês, parece que nunca existiu em Portugal, que foi apenas um "sonho", visto que a cada dia que corre mais este tempo político vai ficando tão semelhante ao do Regime anterior!?... Será mesmo?...
Se a História não se repete, como alguns historiadores o afirmam, e bem, então metamorfoseia-se muito, imenso, tanto que depois de 2014, poderemos talvez estar a comemorar ainda um nosso arquétipo desejo colectivo, que nunca se consumou, provavelmente!...
A seu tempo, se confirmará ou não.