Pormenor do quadro " O regresso do filho pródigo", c. 1662 de Rembrandt,
no Museu Hermitage, em S. Petersburgo
"É neste Deus
que quero acreditar: um Pai que, desde o princípio da criação, abre os braços
numa bênção cheia de misericórdia, sem forçar ninguém, mas esperando sempre;
sem deixar cair os braços, e esperando sempre que os filhos regressem para lhes
poder falar com palavras de amor e para deixar que os braços cansados repousem
nos seus ombros. O seu único desejo é abençoar." Henri Nouwen,
in “O regresso do filho pródigo”,Editorial A o, Braga
Abençoar ou ser abençoado, acção e objecto, eram rituais tão celebrados e importantes nas relações familiares que, sem a respectiva efectivação , não se completava a cerimónia da saudação na hora da partida ou do regresso. Sinais de respeito, de acolhimento, de afectividade que traduziam a força da mais importante organização do mundo: a família. Num Domingo de Páscoa, saudar e rogar a bênção que dulcifique um mundo onde, todos os dias, milhares de braços cansados carecem de sossego e protecção é uma forma de contextualizar o espírito pascal.
O génio de Mahler produziu uma grandiosa Ressurreição ('Resurrection' Mov V (2/2)na " Symphony No. 2 in C minor ”, que se apresenta no registo efectuado durante os BBC Proms, noRoyal Albert Hall em Agosto de 2011, com as vozes de Miah Persson, soprano, Anna Larsson, mezzo-soprano, e do National Youth Choir of Great Britain , acompanhados pela Orquestra Sinfónica Simón Bolívar da Venezuela dirigida pelo Maestro Gustavo Dudamel.
"HÁ
CADA VEZ MAIS PESSOAS que não estão satisfeitas com o mundo em que vivemos.
Raras são, porém, aquelas que fazem alguma coisa para o transformar. Destas,
umas procuram torná-lo melhor por meio do seu esforço, individual ou colectivo;
outras acham que os defeitos do mundo não estão no próprio mundo, mas no olhar de quem nele vive; por isso
procuram transformar-se a si próprias e mudar o olhar com que o vêem. As primeiras são partidárias da acção; as
segundas confiam nos efeitos da contemplação.
Ambas as atitudes são universais. Encontram-se em todas as sociedades
civilizadas. Determinam os princípios fundamentais das grandes religiões. O
Oriente cultivou mais a contemplação; o Ocidente, sobretudo depois do século
XIII, desenvolveu mais a acção. A relação do homem com o mundo deu lugar a
opções diferentes. Os programas de intervenção
ou de não intervenção
diversificaram-se e evoluíram. Há
, portanto, uma história da acção e da contemplação. No Ocidente essa história
confunde-se com a história da Igreja, e, mais precisamente, com a história das
ordens religiosas, ou seja, com a história do seu sucesso ou insucesso na
tarefa de mudar o mundo para melhor,
isto é, para resolver os problemas decorrentes da vida do homem em sociedade.
A
minha tese, se assim lhe posso chamar, é que não basta a acção; é preciso
também a contemplação. Talvez mais ainda: sem ela de nada vale a acção. Creio
que a história da Humanidade mostra isso mesmo. Não a história factológica, superficial, externa, mas a
história da realização das potencialidades do género humano. Ou a
história da Humanidade em busca da sua plenitude. Ou a história da revelação de
Deus presente na realidade concreta do mundo. (…)
Toda a obra humana , mesmo a mais espiritual, perde facilmente a sua pureza e está sujeita à ambiguidade. O projecto da cristandade imaginado (...), apesar das suas admiráveis realizações(...) ficou aquém dos seus objectivos.
(...)Mas os projectos seculares de uma nova sociedade, propostos pelo iluminismo, o liberalismo, o socialismo e o comunismo, também não cumpriram a promessa de trazer o progresso para toda a Humanidade e instaurar a fraternidade e a justiça universais. Eliminaram a própria noção de sagrado, sem darem conta que a sacralidade dos princípios essenciais é o fundamento dos valores de que depende a vida do homem em sociedade. Sem ela não é possível defender eficazmente a dignidade humana e o respeito pela vida. O projecto liberal criou uma sociedade sem religião, sem estrutura e sem convicções. A sociedade agnóstica realiza prodígios tecnológicos, mas não consegue evitar as catástrofes naturais, não reabsorve o lixo que produz, deixa milhões de homens morrerem à fome, recorre à tortura e à violação da consciência com medo de perder a segurança.
Mas é esta a realidade do homem moderno. Nunca o homem teve tanto poder e ao mesmo tempo tanta fragilidade. A globalização trouxe-lhe a consciência da sua incapacidade de resolver todos os problemas quando tudo depende só de si mesmo. As leis da proporção e da quantidade , e o exemplo de iniciativas recentes , mostram-lhe que as cimeiras dos maiores detentores do poder político, financeiro e tecnológico são impotentes para resolver os grandes problemas da Humanidade. Se é assim , o homem devia recuperar a consciência da sua finitude. Os poderosos tentarão , assim se espera, resolver os grandes problemas. Mas o cidadão comum, o indivíduo só pode resolver os problemas em que está envolvido, e tendo em conta a escala daquilo que pode alcançar: o grupo a que pertence, a família que o rodeia, o trabalho de que vive, as associações em que se inscreve, o país da sua cidadania, a ideologia ou a confissão religiosa que professa. É para com eles que deve ser responsável. É a esta escala que a mudança de olhar proposta pela atitude contemplativa lhe pode trazer uma nova esperança.
Com efeito, a contemplação mostra-nos a fantástica variedade, complexidade e coerência dos fenómenos da vida, da constituição da matéria, e da prodigiosa dimensão e regularidade do mundo cósmico. A contemplação intensifica a fruição da arte na música, na pintura, na poesia, no teatro e no cinema. A contemplação torna-nos sensíveis ao riso e à frescura das crianças e de tudo o que começa de novo. A contemplação faz-nos descobrir em toda a parte homens e mulheres inesperadamente inventivos, generosos e honestos. A contemplação inspira-nos o respeito e a admiração por quem é capaz de manter a dignidade face ao sadismo dos torcionários nas prisões e campos de concentração. A contemplação abre os nossos ouvidos ao clamor dos famintos e dos oprimidos em todo o mundo e em toda a História, e faz-nos partilhar com eles a compaixão pela Humanidade ferida. A contemplação introduz-nos no mistério do sofrimento que se torna passagem para a ressurreição através da morte aceite e vencida, e mostra-o em Jesus Cristo, Filho de Deus , sinal da invencibilidade da vida. A contemplação associa como num único sujeito todos os homens e mulheres que desde o princípio do mundo perscrutaram o mistério do Uno e do Todo. Assim, o homem contemplativo perde o medo do futuro. Vive no presente e descobre , a cada passo, nas coisas grandes e pequenas, nas coisas boas e más, na doença e na saúde, na prosperidade e na pobreza , na paz e na guerra, a espantosa realidade das coisas. (...)
O
olhar abrangente e lúcido sobre o mundo diz-nos
que a acção e a contemplação não devem ser exclusivas, e que é inútil
estabelecer regras acerca do grau de
consagração a uma ou outra. Enquanto houver seres humanos que a ela se entregam, de alma e coração, podemos olhar
sem medo para o futuro.”José Mattoso “Contemplação e acção , ontem e hoje “ in “
Levantar o Céu, Os labirintos da Sabedoria”, Abril de 2012, Ed. Círculo
Leitores
“12 O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. 13 Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.(...) 15 Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. 16 Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós (...)
17 Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros." Evangelho segundo S. João,Cap. 15
"Requiem K.626 - 9. Domine Jesu" de W. A. Mozart pelas vozes de Gundula Janowitz (soprano), Christa Ludwig (contralto) ,Peter Schreier (tenor),Walter Berry (bass), Coro de Wiener Staatsoper com a Orquestra Sinfónica de Viena conduzida pelo Maestro Karl Böhm.
Livro de José Saramago, inédito em
Portugal, chega às livrarias em Abril
"A Estátua e a Pedra", já publicado em Itália, sairá numa
edição bilingue, em português e espanhol. Oferece uma “explicação da obra de
Saramago”.
Fundação José
Saramago vai publicar, no início de Abril, um livro inédito em Portugal do
escritor, A Estátua e a Pedra , informou em comunicado. O lançamento está
agendado para a Feira do Livro de Bogotá, onde Portugal será o país convidado
na segunda semana de Abril.
A Estátua e a
Pedra é o título de uma conferência que Saramago deu na Universidade de Turim,
Itália, em Maio de 1998, na sequência do Colóquio Diálogos sobre a Cultura
Portuguesa. Literatura-Música-História. Esse texto, publicado em Itália, em
1999, ao lado dos textos de Luciana Stegagno Picchio e Giancarlo Depretis e dos
restantes conferencistas, é agora um dos escolhidos para a edição publicada em
Abril. Ana Sousa Dias, directora de comunicação da Fundação José Saramago,
explicou ao PÚBLICO que essa primeira publicação, em Itália, foi uma “pequena
edição de luxo”, que já não se encontra disponível.
A única
diferença entre esta edição e a de 1999 é o epílogo do escritor espanhol
Fernando Gómez Aguilera, que possui “um olhar próximo da obra de Saramago”,
adianta Ana Sousa Dias. Aguilera, biógrafo do escritor português, é o
comissário da exposição permanente dedicada ao autor de Caim , que se encontra
na Casa dos Bicos – sede da fundação - , intitulada José Saramago. A semente e
os frutos, e foi também responsável pela exposição José Saramago. A
Consistência dos Sonhos, que esteve em Lanzarote (Espanha), Lisboa e em vários
países da América do Sul.
O espanhol
conheceu e ficou amigo de Saramago em Lanzarote, onde o português viveu, e
neste livro vê-se a importância que a ilha do Arquipélago das Canárias teve na
vida do Nobel. "A Estátua e a Pedra" é uma reflexão de Saramago sobre os
seus livros e sobre a importância decisiva que o facto de viver numa ilha de
pedra e vulcões como Lanzarote teve para o seu estilo literário e de vida. Este
é um livro que não existiria sem Lanzarote", lê-se no comunicado de
imprensa divulgado esta segunda-feira.
É a primeira
publicação editada pela Fundação José Saramago, que, daqui para a frente,
pretende assegurar a “produção editorial” de “estudos sobre Saramago” e de uma
“selecção de textos de conferências, que não se encontram disponíveis”. Ana
Sousa Dias revelou, ainda, que a Fundação vai tentar assegurar que todas as
edições sejam bilingues de modo a responder à procura do mercado português e
espanhol.
"A
estátua é só a superfície da pedra, é o resultado daquilo que foi retirado da
pedra, a estátua é o que ficou depois do trabalho que retirou pedra à pedra,
toda a escultura é isso, é a superfície da pedra e é o resultado dum trabalho
que retirou pedra da pedra. Então é como se eu tivesse ao longo destes livros
todos andado a descrever essa estátua, o rosto, o gesto, as roupagens, enfim,
tudo isso, descrever a estátua", dizia José Saramago nessa tal conferência
de 1998. Por isso a escolha deste texto para iniciar as publicações da Fundação
José Saramago não foi feita ao acaso.
Através da
metáfora da estátua e da pedra, oferece-se "uma explicação para a obra de
Saramago”, diz Ana Sousa Dias. Concluindo: na primeira fase da obra do Nobel
português, que vai até à publicação de Evangelho segundo Jesus Cristo (1991),
Saramago falava de uma estátua; quando foi viver para Lanzarote, depois da
polémica com esse romance, “começou a interessar-se pela pedra, da qual era
possível retirar a escultura”. Público
"A corrupção
dos governos começa sempre, hoje como no tempo de Montesquieu, pela dos seus
princípios, mas a corrupção dos princípios deve ser transmitida pelas elites
para encontrar uma forma de legitimidade. Para tal, nada como a mentira
histórica. Foi um dos grandes pilares do maquiavelismo de massas, no século
passado. George Orwell, um dos raros espíritos que compreenderam a essência do
militarismo, viu nela uma das mais horrendas violências: "Se o chefe
declara que este ou aquele acontecimento não ocorreu - pois bem, não ocorreu.
Se diz que dois mais dois são cinco - pois bem, dois mais dois são cinco. Esta
perspectiva assusta-me mais do que as bombas." A ideia de que a mentira é
uma das piores formas de destruição da humanidade não é corrente. A razão é
simples: o número de colaboradores é demasiado grande e todos têm algo a censurar-se.
No sistema totalitário, a mentira do carrasco era necessária porque ele
procurava não a verdade mas a inculpação, e a da vítima, inevitável porque os
interrogatórios provocavam a desintegração da personalidade. Mas perguntamo-nos
o que poderia justificar realmente a mentira daqueles que, não arriscando
absolutamente nada, contribuíam portanto para o assassínio - de longe.
Um exemplo
permitirá ilustrar esta afirmação. O nosso grande poeta nacional, Louis Aragon,
a quem não eram conhecidos quaisquer talentos agronómicos, escreveu, em defesa
de Lyssenko, um texto que seria cómico se a batalha travada em nome desse
estouvado não tivesse provocado tantos crimes na URSS. O obscuro técnico
agrícola que pusera mão sobre uma parte considerável da ciência soviética
esteve na origem de trinta anos de impasse agronómico. O artigo de Aragon foi
publicado na revista Europe em 1948, sobre um tema em que a sua incompetência
poderia ter-lhe aconselhado a discrição. Eis, no entanto, o que escreve no
momento em que o "lissenkismo" está no auge em Moscovo e em que se
morre por se opor à sua doutrina:
(…)As teses genéticas eram consideradas
"hitlero-trotskistas" e os partidários de Mendel encontravam-se na
categoria condenada dos "inimigos do povo soviético". A genética não
podia ser verdadeira, porque era incompatível com o materialismo dialéctico!
Assim. podiam justificar-se milhões de mortos na Ucrânia, o celeiro de trigo da
URSS, e no resto da União Soviética. Nas aldeias que apenas contavam cadáveres,
haviam sido deixadas, ao lado dos corpos, mensagens lancinantes dirigidas aos
visitantes futuros (...). As aberrações de Lyssenko permitiram a condenação à
morte de inúmeros geneticistas - em especial do grande sábio Nikolai Vavilov,
que morreu no campo de Saratov, em 1943 -, mas serviram sobretudo para
encontrar bodes expiatórios para o falhanço da reforma agrária de Estaline na
década de 1930, fracasso que conduziu a que pais comessem os filhos.
Na era de
Gorbachov, foram abertos os arquivos sobre este período. Os documentos foram
expostos em 1992, na Biblioteca do Congresso em Washington, mostrando que a
horrenda fome causada entre os camponeses não era ignorada pelas autoridades
(...).
É preciso ter
estas cenas em mente quando se pega na pena para justificar os regimes
injustificáveis. No texto de Aragon, não é apenas a perversão intelectual,
manifesta nesse tecido de asneiras, que nos choca hoje em dia. É a participação
- involuntária, é certo, mas real - num crime em grande escala. Nesses casos,
perdera-se muitas vezes todo o sentido da ética intelectual. É a justo título
que essa perda assusta Orwell mais do que as bombas. Os exemplos continuam a
ser em grande quantidade, vinte anos mais tarde, com as apologias do maoísmo
nas capitais ocidentais." Thérèse Delpech, in "O Regresso da Barbárie", Lisboa, Ed Quidnovi, 2007
“Hugo Chávez
foi, sem qualquer dúvida, um líder carismático que aliava, em sua atuação, a
audácia e a esperteza política. Desde cedo, a ambição de poder determinou suas
ações, que o levaram da conspiração nos quartéis às manobras populistas
características de seu projeto de governo.
Sempre soube
o que deveria fazer. Compreendeu, desde logo, que teria de atender às
necessidades de grande parte da população que, ignorada pela oligarquia
venezuelana, vivia na miséria.
Ganhar a
confiança dessa gente, atendê-la em suas carências, era a providência
eticamente correta e, ao mesmo tempo, o caminho certo para tornar-se um líder
de imbatível popularidade. Mas, para isso, teria que enfrentar os poderosos e
obter o respaldo das forças armadas, às quais, aliás, pertencia. Foi o que fez
e ganhou a parada.
Outro traço
característico de Hugo Chávez era o pouco respeito às normas democráticas. Se é
verdade que ele chegou ao poder pelo voto e pelo voto nele se manteve, é certo
também que se valeu do prestígio popular e de alguns erros dos opositores para
controlar os diferentes poderes da nação venezuelana, impor sua vontade e
consolidar o poder discricionário.
Nesse
sentido, o que ocorreu na Venezuela é um exemplo de como o regime democrático,
dependendo do nível econômico e cultural da população de um país, pode abrir
caminho para um governo autoritário que, dependendo da vontade do líder,
anulará a ação política dos adversários, como o fez Hugo Chávez.
Ele não só
fechou emissoras de televisão como criou as Milícias Bolivarianas, que, a
exemplo da conhecida juventude nazista, inviabilizava pela força as
manifestações políticas dos adversários do governo.
Para
culminar, fez mudarem a Constituição para tornar possível sua reeleição sem
limites. Aliás, é uma característica dos regimes ditos revolucionários não
admitir a alternância no poder. Está subentendido que sua presença no governo
garante a justiça social com a simples exclusão da classe exploradora e,
portanto, como são o povo no poder, não há por que sair dele.
Chávez
intitulou seu regime de "revolução bolivariana", embora não tivesse
feito qualquer revolução. O que fez, na verdade, foi dar comida e casa aos mais
necessitados, o que, ao contrário de levar à revolução, leva à aceitação do
regime pelos que poderiam se revoltar. Daí a necessidade de haver um inimigo,
que ameace tomar o que eles ganharam. E o líder --Chávez-- está ali para
defendê-los.
O azar dele
foi o câncer que o acometeu e que ele tentou encobrir. Quando já não pôde mais,
lançou mão da teoria conspiratória, segundo a qual seu câncer foi obra dos
norte-americanos. Como isso ocorreu, nem Nicolás Maduro nem Evo Morales se
atrevem a explicar.
De qualquer
modo, tinha que se curar e foi tratar-se em Cuba, claro, para que ninguém
soubesse da gravidade da doença, que o obrigaria a deixar o governo. Sucede que
o câncer não cedeu à onipotência do líder, obrigando-o a ausentar-se da
Venezuela e da chefia do governo, por meses seguidos. O povo venezuelano,
naturalmente, desejava saber o que se passava com o seu presidente, mas nada
lhe era dito.
No entanto,
Chávez deveria disputar eleições em 2012 para manter-se no governo e, por isso,
voltou à Venezuela dizendo-se curado. Foi reeleito, mas teve que voltar às
pressas à UTI em Havana. Daí em diante, mais do que nunca, o sigilo foi total:
está vivo? Está morto? Vai voltar? Não vai voltar? Pela primeira vez, alguém
governou um país de dentro de uma UTI.
Chega a data
em que teria que tomar posse, mas continuava em Cuba. Contra a Constituição,
Nicolás Maduro, que ele nomeara seu vice-presidente, assume o governo, embora
já não gozasse, de fato, da condição de vice-presidente, já que o mandato do
próprio Chávez terminara.
Mas, na
Venezuela de hoje, a lei e a lógica não valem. Por isso mesmo, o próprio
Tribunal Supremo de Justiça --de maioria chavista, claro-- legitimou a fraude,
e a farsa prosseguiu até a morte de Chávez; morte essa que ninguém sabe quando,
de fato, ocorreu.
Durante o
enterro, Nicolás Maduro anunciou que Chávez seria embalsamado e exposto para
sempre à visitação pública, como Lênin e Mao Tse-tung. Um líder revolucionário
de uma revolução que não houve. Não resta dúvida, estamos em Macondo. “
Ferreira Gullar em Artigo de Oipinião,
publicado na Folha de S. Paulo, 17/03/2013-03h05
“Não foi para
mim completa surpresa o cardeal argentino Bergoglio, jesuíta. O que constituiu
surpresa foi a escolha do nome: Francisco, sugerido pelo colega, cardeal
Hummes, de São Paulo, quando o abraçou e lhe disse: "não te esqueças dos
pobres." O Papa Francisco explicou: "Essa palavra entrou aqui
(apontou para a cabeça): os pobres. Pensei imediatamente em Francisco de Assis.
Assim surgiu o nome no meu coração." E exclamou: "Ah, como gostaria
de uma Igreja pobre e para os pobres", provocando a ovação dos
jornalistas.
E as suas
palavras e gestos têm correspondido ao que o nome de Francisco de Assis
representa. A simplicidade não teatral, até no vestir e calçar, inclinar-se
perante a multidão, a fala cordial e descomplicada, uma cruz peitoral barata, o
desejo de "bom descanso" e "bom almoço", ir pagar as
despesas de hospedagem, o humor, palavras de ternura e compaixão: isso
aproximou-o das pessoas, que agora se podem aproximar, pois é um homem entre
homens e mulheres, como Cristo. "Cristo é o centro; o centro não é o
sucessor de Pedro." Afinal, a Constituição da Igreja é mesmo o Evangelho e
não o Código de Direito Canónico.
Sublinhe-se o
seu respeito pela liberdade de consciência. "Tinha-vos (aos jornalistas)
dito que vos daria de todo o coração a minha bênção. Muitos de vós não
pertencem à Igreja Católica, outros não são crentes. Dou-vos de coração esta
bênção, em silêncio, a cada um de vós, respeitando a consciência de cada um,
mas sabendo que cada um de vós é filho de Deus. Que Deus vos abençoe."
No passado
dia 12, frente àquela pompa toda dos 115 cardeais a entrar na Capela Sistina,
para o conclave, perguntei-me pela simplicidade do Evangelho e sobretudo quem
representava as mulheres, as famílias, os jovens, os católicos em geral. A
Francisco de Assis pareceu--lhe uma vez, numa pequena ermida, ouvir dos lábios
de Cristo crucificado: "Francisco, repara a minha Igreja, que ameaça
ruína." Espera-se que o Papa Francisco refaça o rosto da Igreja tão
desfigurado. No quadro de uma Igreja-instituição descredibilizada, que reforme
a Cúria Romana, tornando-a ágil, transparente e colegial. Significativamente,
Francisco tem-se referido a si mesmo como bispo de Roma e não como Papa,
transmitindo a mensagem de que quer descentralizar, tornando eficaz a
colegialidade dos bispos: ele exerce o ministério da unidade numa Igreja
solidariamente co-responsável. Francisco tem força e determinação para acabar
com os escândalos da pedofilia, do Vatileaks, do Banco do Vaticano.O peruano Vargas Llosa, prémio Nobel da literatura, agnóstico, pensa que
Francisco "parece moderno" e espera que "inicie o processo de modernização da
Igreja, libertando-a de anacronismos como não tratar temas como o sexo e a
mulher". Francisco de Assis impôs-se também pela fraternidade. Como poderá então
Francisco Papa esquecer mais de metade dos católicos, as mulheres, ainda
discriminadas na Igreja, povo de Deus? Um pormenor: dirigiu-se ao povo como
irmãos e "irmãs". E como pode não proceder a uma revisão da atitude da Igreja
face ao corpo e à sexualidade? Aí está a questão dos anticonceptivos, do
celibato obrigatório - neste domínio, talvez comece pela ordenação de homens
casados. Neste contexto de fraternidade franciscana, pode contar-se com a sua
luta pela justiça, pelos direitos dos pobres, dos mais débeis, para que todos
possam realizar dignamente a sua humanidade. O meio ambiente, os problemas
ecológicos, a preservação da natureza, criação de Deus e habitação da humanidade
não serão esquecidos.” Anselmo
Borges em Artigo de Opinião publicado no DN de 23/03/2013
UNESCO
ATRIBUI CÁTEDRA À UNIVERSIDADE DE ÉVORA
Património
Cultural Imaterial e Saber Fazer Tradicional
"A UNESCO
atribuiu à Universidade de Évora a Cátedra de Património Cultural Imaterial e
Saber-Fazer Tradicional, dirigida por Filipe Themudo Barata.
Segundo
Filipe Themudo Barata, “a Cátedra assenta numa estreita parceria entre Portugal
e Cabo Verde e os resultados desse trabalho poderão ser ampliados ou
transferidos para outros países, como Angola e Moçambique”. Ainda segundo este
responsável, “os diferentes seminários e palestras serão realizados,
preferencialmente, em regime de ensino à distância”. A Cátedra UNESCO na
Universidade de Évora integra “ projectos que correspondem a prioridades da
UNESCO e às Metas de Desenvolvimento do Milênio”, acrescenta.
Este trabalho
baseia-se numa rede de investigadores e instituições na região do Mediterrâneo
e em África para apoiar a investigação, a formação, os alunos e a mobilidade
dos profissionais, bem como a partilha de conhecimentos nas áreas de património
tangível e intangível e do saber fazer tradicional.
Em conjunto
com uma ampla rede de parceiros, será desenvolvido e implementado um programa
de cooperação para apoiar, do ponto de vista científico, a criação de um centro
de investigação de excelência da Universidade de Cabo Verde (UNICV).
É objectivo da
Cátedra UNESCO fornecer formação pós-graduada nas áreas de património imaterial
e saber-fazer tradicional, bem como oferecer acções de formação de curta duração
suportadas em TIC, dirigidas não só a profissionais, mas também a grupos
sociais frágeis e marginalizados.
Na Cátedra
UNESCO prevê-se que se projectem e implementem actividades que visem melhorar o
conhecimento de jovens investigadores e profissionais sobre o património
material e imaterial, bem como no saber-fazer tradicional, visando desenvolver
as competências de actores públicos e privados a nível local, nacional e
regional, nas áreas em foco.
Filipe
Themudo Barata foi nomeado Professor Associado de História Medieval, fez a
agregação na Universidade de Évora em 2004, onde leciona várias disciplinas e
seminários relacionados com História (especialmente Medieval), Património e
Museologia. É membro da Comissão Científica e Pedagógica do Mestrado Erasmus
Mundus TPTI - Techniques, Patrimoines, Territoires de l'Industrie, membro do
Comité de Direcção da Associação HERIMED (Palermo), Professor convidado na
Universidade de Cabo Verde e membro associado do Centre d'Histoire des
Techniques (Paris Sorbonne - Panthéon). Tem liderado várias equipas de projecto sobre história e património." + info
Assírio & Alvim vai editar obra de
Sophia Mello Breyner
“O grupo
Porto Editora anunciou no Dia Mundial da Poesia, a edição completa da obra
poética de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Em comunicado
enviado à Lusa, o grupo revelou que ainda no decorrer de 2013 serão publicados
pela Assírio & Alvim as primeiras obras da poetisa portuense: Poesia
(originalmente publicado em 1944), Coral de 1950, No Tempo Dividido, de 1954, e
de 1958.
Vasco
Teixeira, Director editorial do grupo editorial, afirmou que a possibilidade de
se publicar a obra poética de Sophia de Mello Breyner Andresen na Assírio &
Alvim estava a ser analisada há algum tempo e que este anúncio não podia
acontecer em melhor data.
"Estamos
particularmente satisfeitos com a concretização deste nosso desejo. A Assírio
& Alvim é a casa ideal para dar a visibilidade que a obra poética da Sophia
de Mello Breyner Andresen merece", sublinhou Vasco Teixeira.
De lembrar
que, em Outubro de 2012, a Porto Editora já tinha assegurado os direitos de
edição da obra em prosa da escritora.A obra da escritora estava dispersa por diversas editoras como a Salamandra,
Portugália, Livros do Brasil ou Caminho" por Lusa, publicado por João Moço in DN
PORTOCARTOON LANÇA TEMA 2013
Cartaz PortoCartoon
Liberdade,
Igualdade e Fraternidade
"- Manoel de Oliveira e Saramago são prémios especiais
O tema
“Liberdade, Igualdade e Fraternidade” vai servir de mote para o PortoCartoon -
World Festival de 2013.
O convite à
participação acaba de ser lançado aos cartoonistas de todo o mundo.
Como se pode
ler no Regulamento do PortoCartoon 2013, “vivem-se tempos difíceis e
controversos, com o mundo ainda longe dos ideais da revolução francesa:
liberdade, igualdade e fraternidade”. Acrescenta o documento, justificando o
tema: “O velho mundo está em crise e os chamados 'países emergentes' escondem
muita miséria e falta de liberdade real”. Apesar de alguns aparentes 'oásis',
lê-se, o individualismo aumenta e, por tudo isso, “vale a pena empunhar, de
novo e sempre, os ideais que mudaram o mundo em 1789”.
Excepcionalmente
são instituídos nesta edição do PortoCartoon, dois prémios especiais de
caricatura, pela sua oportunidade. Um para celebrar os 104 anos do realizador
Manoel de Oliveira que continua filmando. É o mais velho cineasta do mundo no activo O outro, para evocar José Saramago, prémio Nobel da literatura, que
teria 90 anos, se fosse vivo.
Esta será a
15ª edição de uma iniciativa do Museu Nacional da Imprensa que tem estado no
pódio do cartoon mundial e que começou em 1998, precisamente com o tema das
“Descobertas”, na altura inaugurado pelo Presidente Jorge Sampaio.
Georges
Wolinski, um dos mais credenciados cartoonistas da actualidade voltará a ser o
presidente do Júri, reforçando assim a qualidade selectiva que tem sido apanágio
do PortoCartoon.
No conjunto
das catorze edições anteriores participaram mais de 7000 cartoonistas dos cinco
continentes.
O
PortoCartoon tem tido a particularidade de ser subordinado anualmente a um tema
de grande relevo internacional. A última edição foi dedicada aos “Ricos,
pobres, indignados” e contou com o Presidente da república Cavaco Silva na
inauguração. Das edições anteriores poderemos destacar: a Água, a Mudança de
Século/Milénio, o Desporto, Gutenberg, a Globalização, Direitos Humanos, as
Crises, ‘Aviões e Máquinas Voadoras’ e ‘Comunicação e Tecnologias’."
com os contornos duros das consoantes
com a clara música das vogais
Por isso devemos lê-lo ao nível dos seus sons
e apreendê-lo para além do seu sentido
como se ele fosse um fluente felino verde ou com a cor do fogo
O que de vislumbre em vislumbre iremos compreendendo
será a ágil indolência de sucessivas aberturas
em que veremos as labaredas de um outro sentido
tão selvagem e tão preciosamente puro que anulará o sentido das palavras
É assim que lemos não as palavras já formadas
mas o seu nascimento vibrante que nas sílabas circula
ao nível físico do seu fluir oceânico
António Ramos
Rosa, in “Deambulações Oblíquas” 2001,Ed. Quetzal
"...quando lemos
versos que são realmente admiráveis, realmente bons, temos a tendência para o
fazer em voz alta. Um verso bom não permite ser lido em voz baixa, ou em
silêncio. Se pudermos fazê-lo, não é um verso válido: o verso exige ser
pronunciado. O verso recorda sempre que foi uma arte oral antes de ser uma arte
escrita, recorda que foi um canto.” Jorge Luis
Borges
E as vozes dos três tenores em Concerto pronunciaram versos sem fim, nos palcos do Mundo. Em canto sempre reconhecido, Plácido Domingo, José Carreras eLuciano Pavarotti revestem em fulgor e encanto a composição "Ti voglio tanto bene" de E. De Curtis e D. Furnò, acompanhados pela Orquestra de Paris, dirigida pelo Maestro James Levine, em Paris, no ano de 1998.
“O ensaísta e
crítico literário, Óscar Lopes, professor jubilado da Faculdade de Letras do
Porto, morreu esta sexta-feira, aos 95 anos.
Considerado
como um dos grandes historiadores da literatura portuguesa, é o autor, com
António José Saraiva, de História da Literatura Portuguesa e de A Busca do
Sentido. Nasceu em 1917, o ano da revolução bolchevique e da aparição da
Senhora de Fátima, no seio de uma família católica, monárquica e conservadora.
Da infância, guardou, para sempre, o “espectáculo” medonho da pobreza, das
gentes de Leça e Matosinhos. Aos 12 anos, leu A Ilustre Casa de Ramires e, desde então, Eça é a sua figura
tutelar.
Chegou à
política conspirando com Vitorino Magalhães Godinho e o grupo dos socialistas
liderado por António Macedo. Apesar dos comunistas desconfiarem dele, foi pelo
seu próprio pé que pediu, em 1944, para entrar no PCP. Crítico — “desde cedo o
estalinismo começou-me a fazer doenças de pele, havia brutalidades imensas” —,
mantém-se fiel aos ideais comunistas, continua
a acreditar na revolução comunista ao mesmo tempo que persiste em tentar
perceber e o que é linguagem: “O que é falar? Ainda hoje me preocupa. Se
quiser, é a minha religião.”
Aos 19 anos, mudou-se para Lisboa, para estudar Filologia Clássica, na Faculdade de Letras,
formação complementada mais tarde em Coimbra, com cadeiras de
Histórico-Filosóficas. Os seus primeiros primeiros textos foram sobre música e
para um pequeno jornal de Sintra. Óscar Lopes era um amante de música e chegou
mesmo a fazer o curso do Conservatório de Música do Porto.
Autor de uma
vasta e importante obra no domínio da Linguística, em que se destaca a
Gramática Simbólica do Português, o ensaísta chegou tarde à docência na
Faculdade de Letras do Porto devido à sua filiação política, tendo mesmo
chegado a ser preso duas vezes durante o Estado Novo.
Antes de
leccionar na universidade, foi um muito respeitado e acarinhado professor de
liceu, lembra Isabel Pires de Lima, catedrática da Faculdade de Letras do Porto
e sua amiga. “É uma perda imensa”, disse ao PÚBLICO a ex-ministra da Cultura,
que entrou para a docência universitária no mesmo ano de o ensaísta, 1974. “Era
uma das pessoas mais disponíveis que conheci. Certamente um dos maiores
intelectuais portugueses do século XX. De sempre.”
A sua extensa bibliografia inclui dezenas de
ensaios, estudos e críticas sobre literatura, linguística e cultura
portuguesas.
Colaborou
ainda em algumas das mais importantes revistas literárias portuguesas, como a
Colóquio/Letras e a Seara Nova.
Óscar Lopes foi
condecorado em 2006 pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a
Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Ainda ao
PÚBLICO, numa entrevista que deu a Carlos Câmara Leme, em 1999, dizia que a
ideia da História da Literatura
Portuguesa partiu de António José Saraiva, em finais dos anos 40: “Tivemos
aí uns três anos para meditar. A primeira edição saiu em 1953, já o Saraiva
estava em Paris e carteávamo-nos para acertar as coisas”.
Em jovem
chegou a escrever poesia e mais tarde tentou o romance. Era irmão de Mécia de
Sena, a viúva do escritor Jorge de Sena.
O corpo de Óscar Lopes estará até sábado, hoje, na Associação de Jornalistas
e Homens de Letras do Porto, frente ao Café Garça Real, na Praça de D.João I.
Às 15h haverá uma breve cerimónia, após a qual o corpo seguirá para o Cemitério
de Matosinhos, onde será cremado às 16h30.”Público e outros
Algumas obras de Óscar
Lopes:Os Sinais e os Sentidos: Literatura Portuguesa do Século XX(1986), Entre Fialho e Nemésio: Estudos de
Literatura Portuguesa Contemporânea (1987) e A Busca de Sentido. Questões de
Literatura Portuguesa (1994).
"Jeremy Irons voltou a Lisboa. Ao fazê-lo, na pele de um professor de literaturas clássicas suíço, Raimund Gregorius, faz uma viagem à procura de si mesmo a pretexto de seguir um livro que encontrou, ou que o encontrou a ele, escrito por um português que passou também ele uma curta vida à procura do sentido da vida e da morte. Sem Deus nem eternidade. «O Comboio Nocturno para Lisboa», do realizador dinamarquês Billie August, estreou esta quinta-feira em Portugal.
A história - uma produção germano suíça, com participação minoritária portuguesa - fala da resistência à ditadura, fala de amores, amizades e traições, mas esta é sobretudo uma história de reflexões e pensamentos sobre o sentido da existência.
O filme do realizador de «A Casa dos Espíritos» e de «Mandela, Meu Prisioneiro, Meu Amigo» - que volta a Lisboa com Jeremy Irons 20 anos depois de terem rodado «A Casa dos Espíritos» - baseia-se no romance homólogo (Nachtzug nach Lissabon) de Pascal Mercier, e desenrola-se na década de 1970, com «visitas» ao passado da época de Salazar. Começa numa manhã chuvosa, quando uma mulher se prepara para saltar de uma ponte de Berna, mas que é salva por Gregorius. A mulher volta a desaparecer, mas deixa para trás o seu casaco vermelho, onde o professor encontra um pequeno livro da autoria do português Amadeu de Almeida Prado, «Um Ourives das Palavras».Lá dentro estão dois bilhetes de comboio para Lisboa e, enquanto procura a misteriosa mulher movido como se por uma força inconsciente, Gregorius vê-se a caminho e chega à cidade branca, luminosa, com o casario a escorregar pelas colinas e os eléctricos amarelos a percorrer as ruas estreitas e íngremes.Ali começa a busca pelo autor do livro, Amadeu de Almeida Prado, um médico de família aristocrática que viveu durante o período do Estado Novo e morreu, em 1974, no dia Revolução.Ao descobri-lo e reconstruir a sua história, o solitário intelectual suíço acaba por fazer a descoberta de si mesmo. Gregorius vai lendo o livro e percorre as ruas e vielas de Lisboa acompanhado pelos pensamentos e reflexões de Prado, um pensador cuja mente brilhante e insaciável pôs em causa os valores da sociedade da época e cedo se desprendeu das baias de uma família que fazia parte do status quo. Juntamente com o melhor amigo, de uma classe social muito inferior, leu e pensou as coisas, juntou-se à Resistência, contestou a ditadura, a religião.
Henri Miller, Karl Max, Jean-Paul Sartre enchiam as leituras de ambos, a sua religião era a Lealdade, os seus valores a Verdade. «Quando a ditadura é um facto, a revolução é um dever», lia-se numa inscrição do seu jazigo.
Mas mais que contestar uma sociedade regida por uma ditadura, Amadeu Prado procurava o sentido mais profundo da vida. «Era um sacerdote ateu», como o descreveu um amigo, que Gregorius foi encontrar num lar de idosos, um antigo pianista cujas mãos tinham sido destruídas pela Pide.
O solitário e até arrogante Gregorius ganhou um novo sentido com as personagens que conheceu. «Eram extraordinários, fazem sentir a minha vida tão insignificante», afirma.
«Deixamos algo de nós para trás quando deixamos os sítios (…) e há coisas em nós que só encontramos quando voltamos lá», escreveu Prado. Gregorius procurou por ele.
No final, a mulher misteriosa regressa e revela a sua identidade. Um pouco forçado."DD
Ficha técnica:
Título: «Comboio Nocturno para Lisboa» Título original: «Night Train to Lisbon»
Realização: Bille August
Elenco: Adriano Luz, August Diehl, Beatriz Batarda, Bruno Ganz, Charlotte Rampling, Jack Huston, Jeremy Irons, Mélanie Laurent e Nicolau Breyner
"Às 20 horas e 30 minutos (hora local) de sábado, dia 23 de Março, centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, independentemente de
raça, religião ou localização geográfica juntam-se numa acção simbólica em defesa
do ambiente, um momento único de contemplação do planeta e celebração do
compromisso de protegê-lo durante todo o ano.
Pelo sétimo ano consecutivo o mundo fica às escuras em sinal de
apoio a uma iniciativa que começou em Sydney em 2007.
Caminhada de 1000 passos pelo
Planeta em Lisboa
Este ano para assinalar a Hora mais importante do ano, a WWF,
em parceria com a MAG -Brand & Entertainment, organiza em Lisboa uma
caminhada de 1000 passos pelo Planeta ao longo da Rua de Cintura do Porto (ponto
de encontro - Cais da Viscondessa, 20h00). Em simultâneo todos os participantes
vão poder ver ao vivo o ‘apagão’ de alguns dos mais emblemáticos monumentos da
cidade como o Cristo Rei e a Ponte 25 de Abril; a marcha inicia-se precisamente
às 20h30, no momento em que for desligado o interruptor simbólico, que marca o
início da Hora do Planeta, instalado na WWF Village.
Esta prova, aberta a todos os cidadãos que nessa hora queiram
mostrar o seu compromisso com o Planeta, vai ser identificada pela
“luminosidade” das pulseiras glow que serão distribuídas pelos participantes,
originando um efeito singular e inédito, fazendo deste evento um momento único
de celebração do ambiente.
Ângela Morgado, da WWF, diz que “a caminhada da Hora do Planeta
vai envolver famílias e todos os que apoiam o ambiente, incluindo alguns dos nossos embaixadores, numa acção simbólica pelo planeta, por isso a WWF desafia
todos para virem até Santos no dia 23 de Março, para se reunirem num objectivo comum – o de mostrar ao mundo que todos temos o poder para mudar o mundo em que
vivemos”.
Para participar basta ir ao site da WWF www.wwf.pt e efectuar a inscrição preenchendo o
formulário. O custo de participação na "Caminhada Hora do Planeta" é de 7€; 1€
reverterá a favor da WWF e dos seus projectos em Portugal.
Sandra Coias é voz da Hora do
Planeta 2013
Sandra Coias, embaixadora da iniciativa desde 2011, é, pelo
segundo ano consecutivo, a voz do spot de rádio e televisão da campanha deste
ano da Hora do Planeta; com edição da produtora Sync, o spot de de 25 segundos
tem locução de Sandra Coias com a música "Without You" de David Guetta e
Usher.
Em Portugal a adesão à Hora do Planeta, já conta com três novas
caras conhecidas dos portugueses que representam as diferentes gerações que se
comprometem pelo nosso Planeta, as actrizes Eunice Munhoz e Beatriz Figueira e a
apresentadora Diana Bouça-Nova. Também Joana Seixas (actriz), Sandra Coias (actriz e modelo) e Mário Franco (modelo) já confirmaram que mantém o seu apoio a esta
iniciativa e já estão a pensar nos seus compromissos para este ano.
Desde a primeira edição da Hora do Planeta, em 2007, os
defensores e apoiantes deste evento global incluem nomes como o prémio Nobel da
Paz, Arcebispo Desmond Tutu; o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon; as actrizes Cate Blanchett e Nicole Kidman, além de Kylie Minogue, Yoko Ono, Ashton Kutcher,
a supermodelo brasileira Gisele Bundchen, a apresentadora de TV Jamie Durie, o
actor Kevin Bacon, a personalidade televisiva Amanda Holden, a cantora Alexandra
Burke, os chefs Bill Granger e Tom Aiken, o vocalista dos Coldplay, Chris
Martin, o actor Edward Norton e a modelo da Victoria's Secret, Miranda Kerr.
"A Hora do Planeta é um grande momento para as celebridades e
figuras públicas de elevado prestígio usarem a sua influência para chamarem a
atenção para os problemas que o nosso planeta está a enfrentar. Este ano, mais
do que nunca, pedimos a essas celebridades, não só para incentivarem os seus fãs
e simpatizantes a participarem no apagão global, mas também que eles próprios se
comprometam a ir mais além nesta luta que é de todos", diz a WWF incentivando as
celebridades e as pessoas em geral a partilharem um desafio pessoal com o mundo,
sob o mote: "O que estás disposto a fazer para salvar o planeta?"
Breve Resumo Hora do Planeta
2012:
Em 2012, 152 países e territórios participaram na Hora do
Planeta, mais de 7000 cidades e localidades juntaram-se à iniciativa e 7 países
fizeram o seu desafio IWIYI (Eu faço se tu fizeres). Em Portugal além do apoio
de 10 embaixadores (celebridades) à iniciativa, mais de 90 municípios aderiram e
5 centenas de monumentos emblemáticos nacionais ficaram às escuras, como a Ponte
25 de Abril, o Mosteiro dos Jerónimos, o Cristo Rei, em Lisboa e o Convento de
Cristo, em Tomar.
2013 – 30 Cidades portuguesas já
aderiram à Hora do Planeta, incluindo Lisboa, Faro e Porto
À data de hoje, em Portugal, 20 municípios, onde se inclui a
capital Lisboa e as cidades do Porto e Faro, já aderiram à Hora do Planeta 2013
que se celebra no próximo dia 23 de Março. Na noite de 23 de Março, entre as
20H30 e as 21H30, os monumentos mais emblemáticos de cada uma destas cidades
portuguesas celebrarão a Hora do Planeta como a Torre de Belém, o Mosteiro dos
Jerónimos, os Paços do Concelho e o Padrão das Descobertas e a estátua do
Marquês de Pombal em Lisboa, o Santuário do Cristo Rei, a Ponte 25 de Abril, o
Palácio de Monserrate, a Igreja do Sameiro, a Torre do Relógio em Albufeira, o
Castelo de Montemor-o-Velho são alguns dos monumentos que ficarão apenas
iluminados pela luz das estrelas na noite de 23 de Março.
No contexto da plataforma “Eu farei se tu fizeres” as cidades
portuguesas comprometem-se com acções positivas pelo ambiente ao longo de todo o
ano, se os seus munícipes desligarem as luzes na noite de 23 de Março na Hora do
Planeta. Em Loulé, a autarquia promete desligar o stand by de todos os
equipamentos eléctricos existentes no município após o horário laboral. Em
Ribeira Grande, na última 6ª feira de cada mês, vai ser desligada a iluminação
exterior dos edifícios escolares do 1º ensino básico do Concelho. Em Alenquer, a
Câmara promete desligar as luzes da fonte cibernética em períodos que não
correspondam a épocas festivas.
2013 – Hora do Planeta no
mundo
A WWF Rússia lança a Hora do Planeta 2013 com uma petição para
proibir o corte industrial de madeira em florestas de protegidas após o sucesso
da assinatura de uma lei que o Parlamento russo aprovou para proteger os mares
da poluição por hidrocarbonetos como resultado da campanha ‘I Will If You Will’
/ Hora do Planeta que a WWF Rússia lançou em 2012.
O Uganda cria a primeira floresta Hora do Planeta uma
iniciativa que também representa a luta dos ugandeses para alterar a estatística
de 6.000 hectares de desflorestação que ocorre no país, a cada mês. A WWF Uganda
identificou cerca de 2.700 hectares de área florestal degradada e definiu uma
meta para restaurar esta área com pelo menos 500 mil árvores nativas como parte
de sua campanha Hora do Planeta 2013.
Sobre a Hora do
Planeta
A Hora do Planeta é uma iniciativa global ambiental em parceria
com a WWF. Indivíduos, empresas, governos e comunidades são convidados a
desligarem as suas luzes durante uma hora no sábado, dia 23 de Março de 2013 às
20:30 para mostrarem o seu apoio a esta acção ambientalmente sustentável. Em
2012, a Hora do Planeta é I WILL IF YOU WILL (Eu faço se tu fizeres) um conceito
que convida pessoas e organizações a desafiarem outros ao mesmo tempo que
assumem o seu próprio compromisso ambiental e vão para além da hora. A Hora do
Planeta começou numa única cidade em 2007 e em 2012 atingiu mais de 2 mil
milhões de pessoas, em 152 países em todos os continentes, recebendo títulos
como "a maior campanha do mundo pelo planeta".
A WWF é uma das maiores e mais respeitadas organizações
independentes de conservação do mundo, com quase cinco milhões de apoiantes e
uma rede global activa em mais de 100 países. A missão da WWF é travar a
degradação do ambiente natural do planeta e construir um futuro no qual os seres
humanos vivam em harmonia com a natureza, pela conservação da diversidade
biológica do mundo, garantindo que a utilização dos recursos naturais renováveis
seja sustentável e promovendo a redução da poluição e do desperdício."e-cultura
"O valor das palavras na poesia é o de nos conduzirem ao ponto onde nos esquecemos delas, e o ponto onde nos esquecemos delas é onde nunca mais se pode ter repouso." Natália Correia
No dia mundial da Poesia, publica-se a XVIIª edição de Sobre a Poesia, espaço onde os poetas falam da própria poesia, preenchida com as palavras de uma poeta maior da literatura portuguesa. Em Março, celebrou-se o dia da Mulher e assinalando o 20º aniversário da morte de Natália Correia ,Coimbra instituiu o Prémio bienal Natália Correia para distinguir livros de poesia.
"O universo da maternidade configurado na pessoa da
mãe, foi a matriz primordial da forte personalidade de Natália Correia" que segundo Fernando Rebelo se destacava «profundamente materna porque aprendeu com a
sua mãe a liberdade de pensar, a dignidade do amor e o sentido da
responsabilidade cívica. " Uma mulher extraordinária, uma escritora multifacetada onde a poesia prevaleceu sobre os outros géneros."Sou uma
impudência a mesa posta /de um verso onde o possa
escrever /ó subalimentados do sonho ! /a poesia é para comer." Celebrar a Poesia com as palavras de Natália Correia é honrar e homenagear o dia em que, no Mundo, os poetas são os que mais ordenam.
"Natália Correia nasceu a 13 de
Setembro de 1923 na Ilha de São Miguel, nos Açores. Veio estudar para Lisboa
ainda criança e cedo iniciou a sua actividade literária.Poeta, dramaturga, ficcionista, ensaísta, tradutora,
autora de libretos de ópera, foi também colaboradora de vários títulos da
imprensa periódica como o Diário de Notícias, a Capital e assumiu cargos directivos em O Século Hoje e na Vida
Mundial. Foi directora literária na Editorial Estúdios Côr (1971) e na
Editora Arcádia (1973); argumentista do telefilme Santo Antero, de
programas culturais transmitidos pela RTP e emprestou a sua voz para a gravação
de textos literários produzidos pela Editora Discográfica Sassetti. Integrou a
equipa da Secretaria de Estado da Cultura, em 1977, como consultora cultural, a
convite de David Mourão-Ferreira. Opositora
ao regime fascista, foi condenada em 1966 a três anos de pena suspensa pela
publicação da “Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”, considerada
ofensiva aos costumes. Já em democracia, é eleita para o Parlamento em 1980, onde se distingue pela defesa dos direitos
humanos, das causas da mulher, da cultura e do património. Natália Correia
recebeu, em 1991, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de
Escritores pelo livro Sonetos Românticos. No mesmo ano, a 26 de Novembro, foi feita Grande-Oficial da Ordem da Liberdade." A sua obra está traduzida em várias línguas e galardoada com múltiplos prémios.Natália Correia morreu , em Lisboa, vítima de um enfarte, a 16 de Março de 1993, meses antes de completar
70 anos.
Tudo chegava pelo lado da sombra
“Tudo chegava
pelo lado da sombra, do terror, da pegajosa ignomínia. Os esbirros amordaçavam
a luz. Com as mãos mergulhadas nas estrelas que escondia nos bolsos o poeta
assobiava uma pátria de brancura e paz. E deu flor: um poema para ensinar
risadas de camélias aos animais do medo. O poema foi arrastado para a treva
onde os estranguladores da palavra constroem o silêncio da sala de espelhos
onde o tirano se masturba. O poema atravessou o inferno e alguns dos seus sons
ficaram queimados.
Uma vez
exalado o grito de libertação que fez entrar a Cidade no exercício dos seus
timbales o poema pediu ao poeta que lhe arrancasse as suas folhas mais
ressequidas e em seu lugar pusesse as gotas de água do canto que quer correr
para a vida. E o poeta fez a vontade ao poema que queria cantar. E aqui e além
o corrigiu dotando-o da actualidade que as máquinas do inferno lhe roubaram.
COMUNICAÇÃO
EM QUE SE DÁ
NOTÍCIA
DUMA CIDADE
CHAMADA VULGARMENTE
LUSITÂNIA
ATRAVÉS DE
ALGUNS FRAGMENTOS
DOS OXYRHYNCHUS
PAPYRI
INTERPRETADOS
PELA AUTORA
QUE DESEJANDO
JULGAR O SEU
TEMPO OUSOU
LER NO PASSADO
A SIGNA DO
PRESENTE
Recentes
escavações feitas no Sudoeste da Europa confirmaram a existência de uma cidade
soterrada pelo prodígio diário de um lento e assombroso cataclismo.
Dessa cidade
- a Lusitânia - contam contos espantosos que uma mulher a quem chamavam a
Feiticeira Cotovia foi condenada às chamas por práticas de uma magia maior e
estranha a que ela dava o nome de Poesia. Pronunciada que foi a sentença a
misteriosa e sereníssima criatura anunciou com a força coroscante de um
fulmíneo augúrio: «O meu corpo em chamas será o rastilho de uma fogueira que
consumirá a Lusitânia ano após ano, geração após geração numa combustão
invisível e prolongada pela Palavra que fulge no Ponto onde todos os nomes se
reúnem na Luz.» E a profecia fez-se lume duradouro porque aquele lume ardia sem
matéria pois que era pura chama do Espírito. E os Deuses afagaram as suas
pombas porque estavam contentes com o que a Mulher tinha feito.”
Natália
Correia, in “Cântico do país emerso, 1961.Poesia Completa”, Publicações
Dom Quixote
O poema
O poema não é
o canto
que do grilo para a rosa cresce.
O poema é o grilo
é a rosa
e é aquilo que cresce.
É o pensamento que exclui
uma determinação
na fonte donde ele flui
e naquilo que descreve.
O poema é o que no homem
para lá do homem se atreve.
Os
acontecimentos são pedras
e a poesia transcendê-las
na já longínqua noção
de descrevê-las.
E essa
própria noção é só
uma saudade que se desvanece
na poesia. Pura intenção
de cantar o que não conhece.
Natália
Correia, in “POEMAS, 1955 - Introdução ao mistério da Poesia,Poesia Completa “, Publicações Dom
Quixote
Poema involuntário
Decididamente
a palavra
quer entrar no poema e dispõe
com caligráfica raiva
do que o poeta no poema põe.
Entretanto o
poema subsiste
informal em teus olhos talvez
mas perdido se em precisa palavra
significas o que vês.
Virtualmente
teus cabelos sabem
se espalhando avencas no travesseiro
que se eu digo prodigiosos cabelos
as insólitas flores que se abrem
não têm sua cor nem seu cheiro.
Finalmente
vejo-te e sei que o mar
o pinheiro a nuvem valem a pena
e é assim que sem poetizar
se faz a si mesmo o poema.
Natália
Correia, in «O Vinho e a Lira», Poesia Completa", Publicações
DomQuixote
Manhã cinzenta
À Partida de
São Miguel
Ai madrugada
pálida e sombria
em que deixei a terra de meus pais
e aquele adeus que a voz do mar trazia
dum lenço branco, a acenar no cais...
O meu veleiro
- era de espuma fria -
Levava-o o fervor dos vendavais.
À passagem gritavam-me: onde vais?
Mas só o meu veleiro respondia.
Cruzei o mar
em direcções diferentes.
Por quantas terras fui, por quantas gentes,
Nesta longa viagem que não finda.
Só uma
estrada resta - mais nenhuma:
na ilha que o passado envolve em bruma,
um lenço que me acena ainda...
A inútil
tragédia da vida
Não chega a merecer um poema.
Só o poema merece, por vezes
A inútil tragédia da vida.
As pessoas
caem como folhas
E secam no pó do desalento
Se não as leva consigo
A fúria poética do vento.
Para que se
justifique a nossa vida
É preciso que alguém a invente em nós.
Os que nunca inspiraram um poema
São as únicas pessoas sós.
Natália
Correia, in “Inéditos, 1947/49, Poesia Completa “, Publicações Dom Quixote
Algumas obras de Natália Correia:Poesia – Rio de Nuvens (1947); Poemas (1955); Dimensão
Encontrada (1957); Passaporte (1958); Comunicação (1959); Cântico
do País Emerso (1961); O Vinho e a Lira (1966); Mátria
(1968); As Maçãs de Orestes (1970); Mosca Iluminada (1972); O
Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro (1973); Poemas a Rebate (1975); Epístola
aos Iamitas (1976); O Dilúvio e a Pomba (1979); Sonetos
Românticos (1990); O Armistício (1985); O Sol das Noites e o Luar
nos Dias (1993); Memória da Sombra (com fotos de António Matos; 1994).
Ficção – Anoiteceu no Bairro (1946); A Madona (1968); A Ilha
de Circe (1983). Teatro – O Progresso de Édipo (1957); O
Homúnculo (1965); O Encoberto (1969); Erros meus, má fortuna,
amor ardente (1981); A Pécora (1983). Ensaio – Poesia de arte e
Realismo Poético (1958); Uma Estátua para Herodes (1974). Obras
várias – Descobri que era Europeia (viagens, 1951); Não Percas a Rosa
(diário, 1978); A questão académica de 1907 (1962); Antologia da
Poesia Erótica e Satírica (1966); Cantares Galego-Portugueses (1970);
Trovas de D. Dinis (1970); A Mulher (1973); O Surrealismo na
Poesia Portuguesa (1973); Antologia da Poesia Portuguesa no Período
Barroco (1982); A Ilha de São Nunca (1982).