In “ Jornal Expresso”, 9:51 Quarta feira, 14 de Julho de 2010
"A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento" Platão
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Os culpados somos nós?
In “ Jornal Expresso”, 9:51 Quarta feira, 14 de Julho de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Luísa Costa Gomes vence Prémio Fernando Namora/Estoril Sol
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Contra a vergonha
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
Para ouvir V
REALIZADOR
Livro de inéditos de Llansol
Editor: Assírio § Alvim
"Neste segundo volume do Livro de Horas evidenciam-se essencialmente duas vertentes. Por um lado, predominam registos tendencialmente bastante mais pessoais (por vezes mesmo íntimos) do que no primeiro volume. A matéria biográfica, as evocações da infância, as crises de relacionamento na vida social, as tensões entre indivíduo de escrita e grupos profissionais, ocupam grande parte da escrita diarística destes anos de 1977-1978 (correspondentes aos cadernos nº 3 a 6 da primeira série do espólio), uma época em que a escrita tem de alternar com o trabalho, e se vê, por isso, frequentemente atravessada por tensões e nostalgias. Por outro lado, põe-se mais à vista a oficina de Llansol, sobretudo no que se refere ao trabalho de pesquisa e de entrosamento da experiência com a narração e a escrita, particularmente do segundo e terceiro livros da primeira trilogia, A Restante Vida e Na Casa de Julho e Agosto.
[...]
Uma palavra sobre o título encontrado para este segundo volume: o «arco singular» que nele se traça (sugerido pela leitura de Rilke) é múltiplo, e será decisivo para o resto da vida e da escrita de Maria Gabriela Llansol. Esse arco vai do entusiasmo inicial da experiência cooperativa de trabalho e ensino à desilusão final dessa vivência, tão típica de uma época de ideais alternativos e de contradições. É o arco da tensão crescente entre as imposições da sobrevivência e a «sobrevida» que só a escrita de mais dois livros pode trazer, os que ocupam grande parte destes cadernos e deste período... É o arco que vai da matéria medieval, e fascinante, do universo de beguinas, cátaros, gnósticos e alquimistas à descoberta da escrita e da existência de outras mulheres, escritoras do mesmo século XX, e grandes revelações, como Virginia Woolf e Katherine Mansfield. É, em termos de quotidiano estrito, o arco que vai da saída de Lovaina e do seu mundo mais cosmopolita à aparente felicidade da vida mais tranquila na casa de Jodoigne (que evoca vagamente a da infância, e por isso é objecto de tanta atenção) e ao anúncio da saída para o isolamento ainda maior de Herbais, que proporcionará finalmente uma existência quase exclusivamente preenchida pela escrita. O «arco singular» que este livro dá a ver é, enfim, o de uma linha parabólica sempre bidireccional e tensa, com um vórtice em cima e outro em baixo, entre os quais se desenrola o percurso de um ser de escrita que, como dirão mais tarde as últimas palavras de O Senhor de Herbais, sendo como poucos singular, nunca seria «uma singularidade vã».
sábado, 25 de setembro de 2010
Este nosso mundo
Em 2009, em Portugal registou-se pela primeira vez nos últimos cem anos o mais baixo índice de nascimentos , sendo inferior ao índice de mortes. Entretanto, as condições de sobrevivência têm sido agravadas pelo desemprego que aumentou assustadoramente.
Assim vai o nosso mundo. Assim vai Portugal.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Para reflectir
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
RECORDAR
RECORDAR E NÃO
I
Que se recorda não recorda nunca,
e sonha-se dormindo o que vivido foi
mas entendido não, ou não assim.
Só que o lembrar de vida se sustenta,
e não sonhamos de ontem quanto não tornámos
a repetir, ainda que diverso,
com outra gente mesmo, num lugar de agora.
Sonha-se em sonhos do sonhado em vida,
à volta ou dentro do que se é memória
de haver sonhado o recordar futuro.
Porém se não recorda nem se sonha
o que saudade seja de haver tido
quanto lembramos só como saudade
que foi perdendo o rosto e o som da voz,
e nova carne não tomou da vida.
II
Felizes que de imagens e palavras
como da cor e som de umas e doutras
se iludem e contentam, são felizes
em verso e em vida, e no louvor dos que
nada mais querem que o prazer fingindo
por cor e som que não existe em nada.
E tristes os que têm por seu destino
o muito que viveram sem tentar-se
a imaginar uma alegria alheia
no que nos outros nos engana sempre.
III
Esses que chamam vida ao não-vivido,
que escrevem dela e disso o mais dos versos
quais é estimado que a não-vida escreva
para delíquio e orgasmo dos medrosos,
de vida ou de memória não precisam,
de havê-las tido ou não não é que sofrem
mas só da raiva de que por castrados
aos medrosos fascinam. Quanta imagem,
quanta palavra após palavra vácua,
quanto venéreo suas partes pinguem
de escassas aventuras sem prazer,
oh quanto encanta o imaginar de quantos
olham trementes e gulosos tudo
o que de medo não fizeram nunca
e menos os assusta quando é dito em nada.
IV
Que todos se consolem e se acarinhem
com as mãos, a língua, a máquina em que escrevem.
A vida é breve, e a arte mais comprida
que o mais comprido sexo sonhado.
Fazê-lo ejacular é um fácil gesto
de solitário adolescente. Mas
não mãos ou bocas essa outra arte abarcam,
nem há na vida sempre os orifícios
profundos e cingidos, húmidos e ardentes,
aonde essa arte encontre o que lhe foi medida.
V
Oh vem silêncio serenado e oculto
de um recordar que a vida só repete
se a repetirmos de memória antiga!
Oh vem só do pensar e do sentir lembranças
que de fugidas se entredoem tanto!
Oh vem. E desce, e a boca, e prende, e rasga
esta de sonhos tão sonhado vida!
Só disso existirás. Que te não leiam,
te não entendam ou de ti não falem
os que de imagens e de sons se vivem.
Jorge de Sena em 23/9/1970 , in " Exorcimos", 1972
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Para ouvir IV
Sobre o desemprego
Por Baptista Bastos
Sou particularmente sensível ao fenómeno do desemprego. Por duas vezes passei por essa situação, qual delas a mais dolorosa.
A primeira vez com 26 anos; a segunda, com 55. Ambas por motivos políticos. Tinha três filhos e, ao todo, sete pessoas a meu cargo. Deitei mão a tudo: escrevi discursos para empresários, para políticos e, até, de apresentação de um ano lectivo. Traduzi livros em quinze dias. Utilizava máquina de escrever e o ruído que ela fazia, pela noite fora, até madrugada, incomodava a minha mulher e os meus filhos, muito pequenos. Para não perturbar os seus sonos, por vezes fechei-me na casa de banho. Certa ocasião, o meu cansaço era tanto que adormeci.
Nada da minha história é importante. Serve para lhes dizer que é muito difícil, quase impossível, que eu desista das dificuldades, quaisquer que elas sejam. A minha resistência é, afinal, a resistência de qualquer homem normal. Creio.
O desemprego comove-me. Sei o que se passa nessa horrível situação. Chegam a evitar-nos, quando nos vêem, talvez receando que lhes possamos pedir dinheiro. Camilo Castelo Branco escarmentou-os muito bem: "Amigos, cento e dez ou talvez mais / eu tive um dia; / porém, ceguei, e desses cento e dez impávidos sacanas / só um ficou." É uma experiência extrema, no interior da qual a solidariedade parece arredia.
Sinto um nó na garganta quando as televisões noticiam (é diário) este e aquele encerramento de fábricas, de oficinas, de empresas. Os rostos daquelas mulheres e daqueles homens, condenados por um crime que não cometeram, fazem-me estremecer de indignação. Sirvo-me, então, dos meios de que disponho e dos processos que me são caros: escrevo por eles, com eles e ao lado deles. Cada desempregado é um camarada, um amigo e um companheiro perto ou longínquo. Quando as grandes multinacionais, depois de auferirem benesses e benefícios do Governo, se passam para outro país, onde a mão-de-obra é mais barata, aí, a minha ira, o meu furor, a minha cólera sobem de nível. O capitalismo não dispõe de um pingo de decência.
Mas o capitalismo, temos de o dizer, cumpre os seus desígnios: o lucro, pelo lucro. O socialismo promete este mundo e o outro. O capitalismo não promete nada, a não ser miséria, e a distribuição de umas escassas migalhas. Não tenhamos dúvidas. O capitalismo apenas promove algum bem-estar quando pressionado pelos sindicados, pelos grandes movimentos sociais.
Estamos à beira de qualquer coisa de incontrolável. Vivemos, não só em Portugal, mas no resto do mundo, sentados num barril de pólvora. No nosso país são mais de 600 mil desempregados. E nenhum Governo faz algo que limite esta desgraça. O PSD apenas fala, e fala em excesso, pela voz de Pedro Passos Coelho. E, em vez de propor decisões, faz ameaças. Só um mentecapto admitirá como certa a resolução da crise através das alterações à Constituição. Tenho pena de dizer o que vou dizer: mas Passos Coelho também não serve. Que nos resta?, dando-se de barato que nem o PCP nem o Bloco de Esquerda conseguirão chegar ao poder. Pelo menos nas actuais circunstâncias e com o gaseamento intoxicante e manipulador consumado, acriticamente, por uma Imprensa, uma Rádio e uma Televisão que somente seguem, bovinamente, a ideologia das classes dirigentes. E não me venham com o comunismo, com o papão do comunismo, com a ameaça do comunismo. A técnica ainda pega. Porém temos de combater a pecha letal. Quando fui professor, numa Universidade de Lisboa, incitava os meus alunos ao conhecimento, à paixão e à vontade. Não há superstições nem maldições. E os portugueses são tão bons no trabalho, na criatividade, na inventiva, como quaisquer outros.
As coisas são-nos apresentadas como factos consumados e absolutamente indiscutíveis. O inimigo a abater é sempre aquele, homem, movimento ou causa, que seja recalcitrante deste mórbido estado das sociedades actuais. Todavia, o que está condenado, mais tarde ou mais cedo, é a renúncia a pensar, a aceitação cabisbaixa do que se nos expõe como inelutável.
A última crise do capitalismo, cujas consequências não pararam, nem, sequer, estacionaram, não é a derradeira. Nem a dobra da crise fará nascer, ou renascer, como se queira, o socialismo. Decorrerão décadas e décadas até que a humanidade descubra um outro modelo para se estabelecer um outro modo de vida. Contudo, creio que muitas coisas estão a ser postas em causa, e as doenças morais, éticas, políticas e religiosas que nos envolvem vão ter de encontrar soluções. Soluções humanas. Soluções do homem para o homem. O próprio paradigma da Esquerda, mais marcado pela Comuna de Paris do que da Revolução Francesa, terá de se modificar. Já está a modificar-se. Sem ter de claudicar ante a ofensiva neoliberal, nem de trair os testamentos que a formaram e continuam a legitimar.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
O Tempo Republicano da Literatura Portuguesa
Na altura em que se comemora o centenário da proclamação da República, o n.º 175 da Revista Colóquio /Letras ( Set. - Dez. 2010) procura dar visões aprofundadas de como o universo intelectual reagiu a essa mudança, mostrando a complexidade e a pluralidade da literatura e da cultura de quase duas décadas desse regime.
Com contributos de Miguel Real ("As doze tensões do pensamento português na I República"), Manuela Parreira da Silva ("A República dos modernistas"), Nuno Júdice ("Pessoa e a Europa"), Carlos Leone ("A propósito de uma pseudo-invasão"), Ana Alexandra Seabra de Carvalho ("Manuel Teixeira-Gomes"), Carina Infante do Carmo ("No tempo em que se faziam revoluções de chapéu de coco e bigodes carbonários"), este número inclui ainda, em separata, uma panorâmica exaustiva d’O Tempo Republicano da Literatura Portuguesa de José Carlos Seabra Pereira.
Para além da habitual secção de recensões críticas, publicam-se quatro entradas de 1974 do diário inédito de Alberto de Lacerda sobre o convívio do poeta com o casal Vieira da Silva e Arpad Szenes; António Vieira ("A Transmigração") e João Paulo Borges Coelho ("A Cidade dos Espelhos") assinam textos de ficção; Guilherme d’Oliveira Martins leva-nos de "Cracóvia a S. Petersburgo", enquanto Manuel Amado nos conduz pelas ruas vazias de Lisboa.
Por Revista Colóquio/Letras, publicado em 14.9.2010 na secção Notícias
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
A poesia cantada de Vinicius de Moraes
A Felicidade
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor
A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite, passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre com o dia
Oferecendo beijos de amor
"São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar que actua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher..."
Nota - A poesia de Vinicius sente-se em cada palavra. É carnal, melódica, real.
Para Carlos Drummond de Andrade: "Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural"(...) "Eu queria ter sido Vinicius de Moraes." - disse também este grande poeta.
Soneto da Felicidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me preocupe
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes, in "Poesia completa e prosa: Cancioneiro"
domingo, 19 de setembro de 2010
A democracia não se exporta
Pela segunda vez desde a queda do regime talibã, em 2001, os representantes da Câmara baixa do Parlamento foram escolhidos, no Afeganistão. Os eleitores afegãos elegeram 249 deputados, sendo que 68 vagas são reservadas a mulheres.
A eleição deste Sábado é considerada uma prova de estabilidade para o país. Observadores temem fraudes na votação. No ano passado, as eleições presidenciais foram também ofuscadas por uma onda de violência e por sérias irregularidades. Em todo o país, forças adicionais de segurança foram estacionadas para impedir ataques.
Segundo dados do Ministério Afegão do Interior, 52 mil polícias cuidaram da segurança dos cerca de 6 mil locais de votação. Outros 63 mil soldados Afegãos foram chamados para patrulhar os arredores. Com 120 mil homens, a força internacional Isaf esteve de prevenção para intervir em casos de emergência.
O Afeganistão continua em guerra apesar da presença da força militar internacional. Alguém já disse que " A democracia não se exporta, sobretudo quando é representada por forças armadas estrangeiras". Esperemos, entretanto , que os Afegãos encontrem o seu caminho de estabilidade e que a violência se extinga definitivamente dando lugar a um país livre onde o respeito pela pessoa humana seja totalmente vivenciado.
sábado, 18 de setembro de 2010
Participação na vida pública
Artigo 48.º
1. Todos os cidadãos têm o direito de tomar parte na vida política e na direcção dos assuntos públicos do país, directamente ou por intermédio de representantes livremente eleitos.
2. Todos os cidadãos têm o direito de ser esclarecidos objectivamente sobre actos do Estado e demais entidades públicas e de ser informados pelo Governo e outras autoridades acerca da gestão dos assuntos públicos.
In "Constituição da República"
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Para ouvir III
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
A primeira Lista do Prémio Goncourt
Assim, nesta primeira selecção constam os seguintes nomes com as respectivas obras:
- Olivier Adam, “ Le coeur régulier “(Ed. de L'Olivier)
- Vassilis Alexakis, “ Le premier mot “ (Ed. Stock)
- Thierry Beinstingel, “ Retour aux mots sauvages” (Ed. Fayard)
- Vincent Borel, “ Antoine et Isabelle”(Ed. S. Wespieser)
- Virginie Despentes , “ Apocalypse bébé” (Ed. Grasset)
- Marc Dugain , “ L'insomnie des étoiles” (Ed. Gallimard)
- Mathias Enard , “ Parle-leur de batailles,
- Michel Houellebecq , “ La carte et le territoire” (Ed. Flammarion)
- Maylis de Kerangal , “ Naissance d'un pont” (Ed. Verticales)
- Patrick Lapeyre, “La vie est brève et le désir sans fin” (Ed. P.O.L)
- Fouad Laroui, “ Une année chez les Français” (Ed. Julliard)
- Amélie Nothomb,” Une forme de vie “(Ed. Albin Michel)
- Chantal Thomas, “Le testament d'Olympe “(Ed. du Seuil)
- Karine Tuil, “ Six mois, six jours “(Ed. Grasset)
O laureado Goncourt de 2009 foi Marie NDiave com o romance" Trois femmes puissantes", Ed. Galimard. Em Portugal, o romance foi editado pela Teorema com o título «Três Mulheres Poderosas».
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Escrever
Se eu pudesse havia de transformar as palavras
em clava.
Havia de escrever rijamente.
Cada palavra seca, irressonante, sem música.
Como um gesto, uma pancada brusca e sóbria.
Para quê todo este artifício da composição sintáctica e métrica?
Para quê o arredondado linguístico?
Gostava de atirar palavras.
Rápidas, secas e bárbaras, pedradas!
Sentidos próprios em tudo.
Amo? Amo ou não amo.
Vejo, admiro, desejo?
Ou sim ou não.
E como isto continuando.
E gostava para as infinitamente delicadas coisas
do espírito...
Quais, mas quais?
Gostava, em oposição com a braveza do jogo da
pedrada, do tal ataque às coisas certas e negadas...
Gostava de escrever com um fio de água.
Um fio que nada traçasse.
Fino e sem cor, medroso.
Ó infinitamente delicadas coisas do espírito!
Amor que se não tem, se julga ter.
Desejo dispersivo.
Vagos sofrimentos.
Ideias sem contorno.
Apreços e gostos fugitivos.
Ai! o fio da água, o próprio fio da água sobre
vós passaria, transparentemente?
Ou vos seguiria humilde e tranquilo?
Irene Lisboa, in " De Outono havias de vir ", 1937
domingo, 12 de setembro de 2010
Quando o cinema retrata a crise
sábado, 11 de setembro de 2010
O dia em que o mundo mudou
Assim, vai o nosso mundo: Cruel, injusto e vulnerável.
Leonard Cohen
Ei-lo, em "Dance Me to the End of Love" do album " Various Positions" de 1984, uma das mais belas canções de sempre desta voz tão peculiarmente grave e rouca.
Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic 'til i'm gathered safely in
Lift me like an olive branch and be my homeward dove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Oh let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in babylon
Show me slowly what i only know the limits of
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Me to the wedding now, dance me on and on
Dance me very tenderly and dance me very long
We're both of us beneath our love, we're both of us above
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the children who are asking to be born
Dance me through the curtains that our kisses have outworn
Raise a tent of shelter now, though every thread is torn
Dance me to the end of love
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Recordar um amigo chamado Camus
Un ami nommé Camus
Franz-Olivier Giesbert
C'est sans doute parce que le monde tourne de plus en plus vite que nous adorons nous arrêter sur notre passé, si possible en nous faisant mousser ou en versant notre larme. C'est ce qu'on appelle une célébration.
Après l'anniversaire de la chute du mur de Berlin, voici venir le temps de la commémoration de la mort d'Albert Camus. Un monument national qui, pour le coup, n'a pas usurpé son titre.
«Avoir raison trop tôt est toujours un grand tort.» Telle fut la faute d'Albert Camus, qui nous a quittés, il y aura bientôt cinquante ans, en pleine force de l'âge, à 47 ans, dans un stupide accident de voiture, le 4 janvier 1960.
Mais la postérité lui a bien réussi. Même s'il a dit que le besoin d'avoir raison était la «marque d'un esprit vulgaire», Albert Camus aura dominé son époque par sa préscience, ses tourments et la pertinence de ses analyses sans avoir connu, après sa mort, le purgatoire obligatoire des écrivains.
Pourquoi reste-t-il à ce point d'actualité, le romancier de «L'étranger», qui, en poche, est toujours en tête des meilleures ventes ? Sans doute parce qu'il est, plus qu'un écrivain, un philosophe ou un moraliste, mais aussi un ami dont, à chaque livre, on se sent plus proche.
Ce libertaire, rétif aux idéologies, n'est tombé dans aucun des panneaux de notre affreux XXe siècle. Il a juste beaucoup douté. Notre cher Jacques-Pierre Amette a tout dit, un jour, dans ces colonnes, à propos d'Albert Camus: «C'est cette vulnérabilité révélée, écrite, répétée, ressassée, qui nous le rend proche, vrai (1). »
Comme tous les vrais amis, il ne mourra jamais, l'homme qui a écrit: «Je ne connais qu'un seul devoir, et c'est celui d'aimer. »
(1)- « Le Point » du 14 août 1993.
Publié le 13/11/2009 , dans "Le Point" N°1939
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Booker Prize
Foi anunciada a lista de finalistas do prestigiado " Booker Prize", no valor de 50 mil libras. Esta lista foi considerada a mais controversa dos últimos anos. Inicialmente, englobando treze nomeados passou para apenas seis.
Os finalistas que integram a lista são: Peter Carey (vencedor deste prémio por 2 vezes), Emma Donoghue, Damon Galgut, Howard Jacobson, Andrea Levy e Tom McCarthy .
O anúncio do vencedor será efectuado a 12 de Outubro.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Os Franceses vieram para a rua
Ontem, ao fim do dia, a CGT declarava que tinham saido para as ruas de França 2,7 milhões de pessoas protestando contra o projecto do aumento da idade da Reforma , um número superior ao contabilizado pelos orgãos oficiais do Ministério do Interior. Segundo a CGT, só em Paris manifestaram-se 270.000 pessoas. Cerca de 200 cidades francesas foram também palco de grandes manifestações. Os Franceses vieram efectivamente para A RUA.
" Era este o objectivo e o Governo não poderá fazer como se nada se tivesse passado hoje" - declarou Bernard Thibault, Secretário Geral da CGT.
Entretanto, Martine Aubry, Secretária Geral do Partido Socialista, que participou na Manifestação em Paris , prometia novamente repor a idade legal da reforma nos 60 anos. O Primeiro Ministro , François Fillon, comunicava, na Assembleia Nacional, que estava aberto ao debate desde que não se perdesse de vista o objectivo da reforma.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
A França em Manifestação
Para ouvir (II)
Sei de um rio, sei de um rio
Em que as únicas estrelas nele sempre debruçadas
São as luzes da cidade
Sei de um rio, sei de um rio
Onde a própria mentira tem o sabor da verdade
Sei de um rio…
Meu amor dá-me os teus lábios, dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede, mas o sonho continua
E a minha boca até quando ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrando
Sei de um rio, sei de um rio
Meu amor dá-me os teus lábios, dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede, mas o sonho continua
E a minha boca até quando ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrando
Sei de um rio, sei de um rio
Sei de um rio, até quando
Pedro Homem de Melo e Alain Oulman,in "Sempre de Mim", 2008
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
A mais esplendorosa criação de Portugal
e a Política da Língua Portuguesa"
Autor: Vitor Manuel de Aguiar e Silva
Editora: Almedina
Tema: Literatura
Ano: 2010
Tipo de capa: Brochada
ISBN 9789724041957 364 págs
Para Vítor Aguiar e Silva a Língua Portuguesa é «a mais esplendorosa, perdurável e irradiante criação de Portugal».
domingo, 5 de setembro de 2010
Voltaram das férias e não se calam (II)
E o povo a vê-los passar. Quem os mandou voltar? Possivelmente, Ninguém.
Meu pobre Portugal, de Palavras e de Promessas estamos todos fartos.
A Paz arredondava-se aos Domingos
E , uma vez redonda, registava
a paração de campos entrevistos,
com o descanso a inundar a alma.
O longe propagava ondas de sinos
até a exultação da maré alta
arrepiar as do rio
e ir ampliar a placidez das águas.
Átrio era o ócio. Ou também indício
de vales alteados, já sem lágrimas,
mas onde ver sofria o paraíso
e o paraíso a si se nomeava.
Fernando Echevarria, in " Lugar de Estudo", Edições Afrontamento, Maio de 2009
sábado, 4 de setembro de 2010
A vocação do Professor
Que solução para o futuro do nosso Planeta?
La décroissance, une solution d'avenir ?
"Nous vivons l'époque où la croissance rencontre les limites de la planète, déclare Yves Cochet, député (Verts) de Paris. La ligne qu'il défend pour éviter le "chaos social" consiste à "disqualifier (…) la puissance, l'utilitarisme et la surconsommation pour faire de l'écologie, de la sobriété et de la décroissance, une mode, un esprit du temps, un nouvel imaginaire collectif".
"La décroissance est un idéal de riches, réplique le géographe Jean Chaussade. (…) Le monde a besoin d'une croissance durable, qualitative, d'une croissance contrôlée, apprivoisée, qui rétablisse un certain équilibre entre ceux qui ont trop et ceux qui n'ont pas suffisamment."
De son coté, Corinne Lepage estime que "la décroissance n'est pas porteuse d'espoir". La présidente de CAP 21 prône une "macroéconomie soutenable" et un "capitalisme entrepreneurial".
Selon Alain Gras, professeur de socio-anthropologie, et Philippe Léna, directeur de recherche à l'Institut de recherche pour le développement, "la charge de Corinne Lepage contre la décroissance est "révélatrice des contradictions incontournables dans lesquelles s'enferment ceux qui (…) n'acceptent pas de remettre sérieusement en cause les mécanismes et l'idéologie qui sont à l'origine de la crise actuelle. (…) Une tout autre vision du monde reste à construire, affirment-ils, la contestation des objectifs actuels de l'économie par la réflexion sur la décroissance le permet".
"Le Monde", 26/08/2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Portugal liderou
In " Jornal de Negócios " de 3/09/2010
Exposições do Centenário da República
Exposições do Centenário
Exposição: Letras e Cores, Ideias e Autores da República
Data de publicação: 23.08.2010
No ano em que se comemoram cem anos sobre a implantação da República, a Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB), em colaboração com a Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, apresenta a exposição “Letras e Cores, Ideias e Autores da República”. A partir de textos de autores que marcaram decisivamente a cultura humanístico-literária em Portugal no final do século XIX e início do século XX, a DGLB convidou dez ilustradores a tratar plasticamente dez temas representativos do contexto social, político, cívico e cultural da época: Ultimatum, Monarquia, 5 de Outubro, Igreja, Educação, Mulheres, Modernismo, Grande Guerra, Chiado e Revistas. O resultado mostra de que forma literatura e arte, passado e presente, se podem cruzar de forma coerente e harmoniosa, dando corpo a um percurso fulcral da história portuguesa contemporânea: o triunfo da ideia republicana de cidadania, a instauração do regime, a participação de Portugal na I Grande Guerra e a vida política, social, cultural e artística deste período.
A exposição Letras e Cores, Ideias e Autores da República é uma iniciativa da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas e da CNCCR e poderá ser vista no Museu do Traje a partir de Outubro e nas Bibliotecas Municipais ao longo do ano.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
A tragédia em Moçambique
Aumentar a água, a luz seguidas do pão é uma morte anunciada para quem tem pouco ou nada tem. E por isso , ontem , a revolta foi para a rua, em Maputo, Moçambique. Os protestos ganharam dimensão com a força beligerante entre a Polícia e os manifestantes. Ao fim do dia contabilizavam-se já uma dezena de mortos e vários feridos.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Em Setembro
" C'est en Septembre", uma canção emblemática na voz inesquecível de Gibert Bécaud.
C'est en septembre
Les oliviers baissent les bras
Les raisins rougissent du nez
Et le sable est devenu froid
Au blanc soleil
Maitres baigneurs et saisonniers
Retournent à leurs vrais métiers
Et les santons seront sculptés
Avant Noël
C'est en septembre
Quand les voiliers sont dévoilés
Et que la plage tremble sous l'ombre
D'un automne débronzé
C'est en septembre
Que l'on peut vivre pour de vrai
En été mon pays à moi
En été c'est n'importe quoi
Les caravanes le camping-gaz
Au grand soleil
La grande foire aux illusions
Les slips trop courts, les shorts trop longs
Les Hollandaises et leurs melons
De Cavaillon
C'est en septembre
Quand l'été remet ses souliers
Et que la plage est comme un ventre
Que personne n'a touché
C'est en septembre
Que mon pays peut respirer
Pays de mes jeunes années
Là où mon père est enterré
Mon école était chauffée
Au grand soleil
Au mois de mai, moi je m'en vais
Et je te laisse aux étrangers
Pour aller faire l'étranger moi-même
Sous d'autres ciels
Mais en septembre
Quand je reviens où je suis né
Et que ma plage me reconnaît
Ouvre des bras de fiancée
C'est en septembre
Que je me fais la bonne année
C'est en septembre
Que je m'endors sous l'olivier
Gilbert Bécaud