quinta-feira, 31 de maio de 2012

Os mistérios de Vénus

Trânsito do planeta Vénus fotografado entre nuvens no ano 2004

Prepare-se para o trânsito de Vénus
"Cientistas e astrónomos amadores de todo o mundo preparam-se para observar o planeta Vénus a atravessar a face do Sol, entre 5 e 6 de Junho. Um evento muito raro, que não será observado novamente em mais de 100 anos.
Pela primeira vez, estará uma nave à volta do planeta enquanto o fenómeno, denominado trânsito de Vénus, acontece. Esta nave é a Venus Express, da ESA.
A ESA irá transmitir em directo a partir da ilha do Ártico, Spitsbergen, onde a equipa de ciência da Venus Express estará a discutir os mais recentes resultados científicos da missão enquanto apreciam a vista única do trânsito de 2012, sob o ‘sol da meia-noite’.
O trânsito de Vénus acontece apenas quando Vénus passa directamente entre o Sol e a Terra. Uma vez que o plano orbital de Vénus não está alinhado exactamente com o da Terra, os trânsitos ocorrem muito raramente, aos pares, com intervalos de oito anos, mas separados por mais de um século.
O último trânsito foi apreciado em Junho de 2004, mas o próximo não será visto antes de 2117.
Aeroplane meets transit
Avião encontra-se com o trânsito
Os trânsitos de Vénus têm um grande interesse histórico porque foram uma oportunidade para os astrónomos medirem o tamanho do Sistema Solar.
Os trânsitos do século XVIII permitiram aos astrónomos calcular a distância ao Sol, ao medir o tempo que Vénus demorava a atravessar o disco solar, de vários pontos do globo e usando depois trigonometria simples.
Também durante o trânsito de 1761, os astrónomos aperceberam-se de uma coroa de luz à volta do limite escuro do planeta, revelando que Vénus tem uma atmosfera.
Graças às naves que têm visitado Vénus, incluindo a Venus Express, sabemos agora que ela alberga uma atmosfera densa e inóspita, rica em dióxido de carbono e nitrogénio, com nuvens de ácido sulfúrico.
Hoje, os trânsitos são uma ferramenta valiosa para o desenvolvimento de métodos para a detecção e caracterização dos planetas em órbita de outras estrelas, planetas que recebem a denominação de exo-planetas.
Transit visibility map
Mapa de visibilidade do trânsito
Enquanto um planeta passa em frente de uma estrela, bloqueia temporariamente uma pequena porção da luz da estrela, revelando a sua presença e fornecendo informação acerca do tamanho do planeta. O telescópio espacial CoRot usou esta técnica para descobrir mais de 20 exo-planetas.
Os trânsitos também estão a ser usados para a procura de exo-planetas que possam albergar vida. Se o planeta tiver atmosfera, uma pequena fracção da luz da estrela irá passar através desta atmosfera, revelando as suas propriedades, tais como a presença de água ou de metano.
Durante o trânsito do próximo mês, os astrónomos terão a oportunidade de testar estas técnicas, acrescentando dados aos já recolhidos nos seis trânsitos anteriores, observados desde a invenção do telescópio, no início do século XVII.
Venus Express
Venus Express
O trânsito de 2012 só será visível na sua plenitude no Oeste do Pacífico, Este da Ásia, Este da Austrália e nas latitudes muito a Norte.
Para os Estados Unidos, o trânsito começará na tarde de 5 de Junho e para a maior parte da Europa o sol irá nascer a 6 de Junho com o trânsito quase terminado. Se estiver a observar o evento, por favor lembre-se – NUNCA olhe para o Sol com os olhos desprotegidos, com óculos de sol normais ou através de um telescópio, já que isto pode causar cegueira permanente.
O Sol não se põe em Spitsbergen em Junho, oferecendo uma oportunidade única de observar o trânsito por completo, das 22:04 GMT, a 5 Junho (00:04 CEST 6 Junho) às 04:52 GMT (06:52 CEST).
Estamos muito entusiasmados por poder observar o trânsito de um ponto único na Europa, enquanto a Venus Express está em órbita do planeta em trânsito,” diz Håkan Svedhem, cientista de projecto da ESA para a Venus Express.
Durante o trânsito, a Venus Express irá fazer importantes observações da atmosfera de Vénus’ que serão comparadas com as de telescópios em terra para ajudar os caçadores de exo-planetas a testar as suas técnicas.”
Enquanto a ESA se prepara para este evento raro, com observações a partir do espaço e de terra, iremos fornecer informação de background acerca do trânsito num blog dedicado ao tema.
A partir de Spitsbergen serão enviadas atualizações, de 5–6 Junho, enquanto o mundo assiste à última viagem do século de Vénus em frente ao Sol." In ESA,em 28/05/2012

Os mistérios de Vénus

"Chamam-lhe "estrela do pastor" ou "estrela da manhã", mas é tudo menos uma estrela. É um planeta nosso vizinho. Juntamente com Marte, Vénus é o planeta mais próximo da Terra. Próximo, mas muito diferente."

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A "Mensagem" de Fernando Pessoa

"O meu livro "Mensagem" chamava-se primitivamente "Portugal". Alterei o título porque o meu velho amigo Da Cunha Dias me fez notar — a observação era por igual patriótica e publicitária — que o nome da nossa Pátria estava hoje prostituído a sapatos, como a hotéis a sua maior Dinastia. «Quer V. pôr o título do seu livro em analogia com "portugalize os seus pés?"» Concordei e cedi, como concordo e cedo sempre que me falam com argumentos. Tenho prazer em ser vencido quando quem me vence é a Razão, seja quem for o seu procurador.
Pus-lhe instintivamente esse título abstracto. Substituí-o por um título concreto por uma razão...
E o curioso é que o título "Mensagem" está mais certo — àparte a razão que me levou a pô-lo — de que o título primitivo.
Deus fala todas as línguas, e sabe bem que o melhor modo de fazer-se entender de um selvagem é um manipanso e não a metafísica de Platão, base intelectual do cristianismo. Reservo-me porém o direito de pensar que tal forma da religião é uma forma inferior. É sem dúvida necessário que haja quem descasque batatas, mas, reconhecendo a necessidade e a utilidade do acto descascador, dispenso-me de o considerar comparável ao de escrever a "Ilíada". Não me dispenso porém de me abster de dizer ao descascador que abandone a sua tarefa em proveito da de escrever hexâmetros gregos.
Fernando Pessoa , in "Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional"  (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979

Tormenta

Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Nós, Portugal, o pode ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.

Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha, e o mar 'scuro  'struge.

Fernando Pessoa, in " Mensagem, (Terceira parte - III Os Tempos) ", Obras completas de Fernando Pessoa, Colecção Poesia, Edições Ática

terça-feira, 29 de maio de 2012

Difícil Amor


Acordas líquido no teu sangue sobre meu sangue
de asas paradas
Acordas distante e próximo e cantas-me o cântico sem fundo
Cantar amigo inimigo cantar dobrado que desde a infância
escutei
E amo-te amo-te sem saber o objecto amado
Sem esquecer todo o óleo derramado em tuas mãos pesadas
De bens que não são os meus
E contudo tudo é amor incoerente e real e que se reconhece
Sem coragem de romper os linhos do amanhã
E não te amo não não se ama esta ferida de mistério
que se sente em já saudade de barro húmido
lavrando no beijo a secura da humilde pele
E eu sei o que é amar e ser amada meus olhos limpos
não dizem adeus.
E os deuses não esperam

Matilde Rosa Araújo, In "Voz Nua", Ed. Livros Horizonte

A música de todos nós

O talento dos Beatles numa grande canção de todos os tempos, " The  long and winding road"

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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Maio em cartoon

Ranson , in " Le Parisien"

Ranson , in " Le Parisien"

The Daily Cartoon, in "The Independent"

The Daily Cartoon, in "The Independent"

por Rodrigo, in "Expresso"

Liberdade de Pressão por Rodrigo, in "Expresso"

The Daily Cartoon, in "The Independent"
Ramón, in " El País"

Cartoon Elias o sem abrigo, de R. Reimão e Aníbal F, in "Jornal de Notícias"




Cartoon Elias o sem abrigo, de R. Reimão e Aníbal F, in "Jornal de Notícias"


Erlich, in " El País"
Peridis, in " El País"



domingo, 27 de maio de 2012

Ao Domingo Há Música



A Música
A música p'ra mim tem seduções de oceano!
Quantas vezes procuro navegar,
Sobre um dorso brumoso, a vela a todo o pano,
Minha pálida estrela a demandar!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal", Ed. Relógio D´Água

A Música é sempre Música: seduz, enleva, distrai, transcende, emociona, incendeia, apazigua e, por vezes, muda o Homem.
Neste último Domingo de Maio, apresentam-se três grandes êxitos interpretados respectivamente pelos Foreigner, por Bryan Adams e pelos U2 , na esperança de que os sons escolhidos possam avivar na memória o prazer que provocaram quando foram ouvidos pela primeira vez.


sábado, 26 de maio de 2012

O Acordo do nosso descontentamento

O Acordo Ortográfico
Por  Eugénio Lisboa
“A minha opinião sobre o Acordo Ortográfico é simples e transparente: trata-se de um exercício tão monumentalmente fútil quanto dispendioso. Um formidável desperdício que nunca resolverá o problema que ostensivamente visa resolver: a “defesa da unidade essencial da língua portuguesa” (cito João Malaca Casteleiro e faço notar que ele não fala em “unidade ortográfica” mas sim em “unidade essencial da língua portuguesa”).
A minha questão é só uma: como é que a unificação, aliás relativa, da ortografia – que não passa de uma simples convenção de escrita – pode ambiciosamente significar “a unidade essencial da língua portuguesa”, quando a gramática e uma parte substancial do glossário não farão outra coisa que não seja divergirem alegre e abundantemente, entre os sete países da CPLP?
Divergência, aliás salutar, por significar maior diversidade e riqueza… (….)
“O segundo motivo”, pondera o ilustre campeador do Acordo, “relaciona-se com a política externa do idioma. Do ponto de vista internacional, a escolha entre duas ortografias oficiais pode levantar problemas diplomáticos delicados e mesmo insolúveis.”
É curioso que possa levantar mas que até hoje não tenha levantado.
(…)
Tenhamos a coragem de admitir, de uma vez por todas, que há um português ortónimo – o que se fala e escreve em Portugal – e vários portugueses heterónimos (os que se falam no Brasil, em Moçambique, em Angola, etc.) que se falam e que se escrevem.
Apagar esta heteronímia, tentar fingir que o português é só um, por via de uma tímida e ridícula unificação ortográfica, é querer tapar o sol com uma peneira.
Acham, a sério, que se pode confundir uma uniformização ortográfica com a “unidade essencial da língua”?
Que “E embolaram” é da mesma língua que diz: “E pegaram-se à zaragata”? A sério que acham? Num tá bom da bola! (…)”
Eugénio Lisboa, in JL de 13-16 Agosto 2008 (excertos)

O Acordo Ortográfico: inútil e prejudicial
por ANSELMO BORGES
Escola vem do grego scholê, que significa ócio. Mas este ócio nada tem a ver com preguiça. Do que se trata é do tempo livre para o exercício da liberdade do pensar, do aprender e do tornar-se cidadão enquanto ser humano pleno e íntegro, numa sociedade livre. Sempre pensei - uma das heranças do meu pai - que a escola deve ser o lugar da saída da ignorância e da opressão, em ordem ao progresso e à realização plena do ser humano. Lugar de educação e formação.
A palavra educação vem do latim: educare (alimentar) e educere (fazer sair, dar à luz, elevar). Cá está: alimentar e fazer com que cada um/a venha à luz, realizando as suas potencialidades, segundo o preceito paradoxal de Píndaro: "Homem, torna-te no que és": o Homem já nasce Homem, mas tem de tornar-se plenamente humano.
Aí está a razão da educação como o trabalho mais humano e humanizador, de tal modo que o filósofo F. Savater pôde justamente considerar os professores "a corporação mais necessária, mais esforçada e generosa, mais civilizadora de quantos trabalham para satisfazer as exigências de um Estado democrático". Porque o que é próprio do Homem não é tanto aprender como "aprender de outros homens, ser ensinado por eles".
Claro que, assim, sou a favor de uma formação holística. O ser humano não pode crescer apenas no plano científico e técnico: precisa também da estética, da ética, da literatura, da filosofia, da música, da história, da geografia, da religião... Mas julgo que o Português e a Matemática são fundamentais.
E é aqui que se coloca a questão do Acordo Ortográfico. Para que serve? Unificar a ortografia? São tantas as excepções que não se vê unificação! E a Inglaterra preocupa-se com a unificação do inglês? E ainda não foi ratificado por Angola e Moçambique. O jornal oficioso Jornal de Angola escreveu mesmo, justificando a sua não aceitação: "não queremos destruir essa preciosidade (a língua portuguesa) que herdámos inteira e sem mácula" e: "se queremos que o português seja uma língua de trabalho na ONU, devemos, antes de mais, respeitar a sua matriz e não pô-la a reboque do difícil comércio das palavras. Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios".Anselmo Borges , in Artigo de Opinião do DN em 14 Abril 2012

sexta-feira, 25 de maio de 2012

82º aniversário de Eugénio Lisboa

Eugénio Lisboa nasceu a  25 de Maio de 1930, na cidade de Lourenço Marques, actualmente Maputo. Completa, hoje,  82 anos.
Recordar o seu aniversário é homenagear a Literatura Portuguesa. Poesia, Crítica , Ensaio, Crónica são alguns dos géneros literários cultivados por Eugénio Lisboa. Mestre da exigência e da perfeição produziu uma vasta obra que retrata um percurso brilhante e inovador.
Nas palavras da Professora Otília Martins, «do conjunto das actividades do engenheiro, com alma de poeta e defensor de uma cultura humanista e universal, ressalta a impressão de diversidade, totalidade, complexidade, tendo, no domínio da crítica literária, participado mesmo de uma verdadeira ‘inovação’, para não dizer ‘revolução’». A docente da Universidade de Aveiro acrescenta ainda que «de um envolvimento inicial nas diversas “ciências duras” até à paixão pelas ciências humanas, o percurso de Eugénio Lisboa foi profundamente marcado pelo modo como soube conciliar o ‘uno e o diverso’. Enfim, como o descreve Ernesto Rodrigues, Eugénio Lisboa é ‘vário, intrépido e fecundo’».
Palavras que remetem para o livro intitulado «Eugénio Lisboa: Vário, Intrépido e Fecundo – Uma Homenagem», apresentado na Universidade de Aveiro  em sessão aberta ao público, realizada no dia 22 de Outubro de 2011. Sessão que teve como objectivo   prestar  homenagem a Eugénio Lisboa, pela sua excepcional trajectória académica e científica. Eugénio Lisboa "ocupou, entre 1996 e 2002, o lugar de Professor Catedrático Visitante, leccionando, no Departamento de Línguas e Culturas, as disciplinas de Literatura Portuguesa e Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa que   muito contribuiu para prestigiar a Universidade de Aveiro".
«Como professor, como escritor, como conviva, busquei sempre incitar os meus alunos, os meus leitores, os meus amigos e convivas a ‘não irem nisso`, a pensarem por si, a exercerem o espírito crítico, a não aceitarem a tirania dos ventos que sopram (…), a verificarem por si se, por acaso, o rei não vai nu», afirma Eugénio Lisboa.
Personalidade maior  das nossos Letras, homem sensível e defensor de grandes causas, Eugénio Lisboa é um artífice da palavra. A poesia é-lhe natural quer a nível da crítica, quer a nível da produção. Segundo as suas próprias palavras "Ser poeta é reinventar a frescura duas vezes : no modo como se vê o mundo e no modo como se entrega àquilo que se vê como se fosse a primeira vez."

Estão podres as Palavras
( A Jorge de Sena)


Estão podres as palavras, Jorge.
De passarem por sórdidas mentiras...
Assim o dizes e não pões nem tiras
Ao rio inventário do teu denso alforge
De palavras talhadas em duro corno
A doçura de uma vírgula que pudesse
Iludir a corrupção que aqui comece
Minando de cuspo a pureza em torno.
Mentem os que falam e os que se calam
Mentem os que ficam e os que se vão
Agitam-se os cobardes em fresca encarnação
Da nova coragem com que já abalam.
Que merda de gente ó filho de Camões!
Junto de um seco fero estéril monte
Para onde me retiro, olho e vejo a ponte
Por onde fogem os altos sonoros campeões!
Usá-las puras as palavras—dizes...
Que pureza desta língua envilecida
Por mil flexões de prostituta ardida?
Língua coleante, dupla, rica de matizes...
Possam as palavras ficar enfim erguidas
Um dia como torres entre céu e terra!
Façamos com elas a nossa guerra.
Eugénio Lisboa, in "Cultura e Arte do Jornal Notícias da Beira (página quinzenal de divulgação),  Moçambique,  24 de Janeiro de 1975

É grande o Homem que sabe desafiar o mundo e agitar as mentes através das palavras.Para ele a nossa sempre e honrosa homenagem.
Parabéns.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Talking about a revolution

Crimes contra a humanidade

A Amnistia Internacional (AI) acusou hoje o regime sírio de Bashar al-Assad de torturar e matar detidos e manifestantes pacíficos, actos que podem constituir crimes contra a humanidade.
No relatório anual de 2011 divulgado hoje, a Amnistia detalha a forma como as tropas colocaram tanques em bairros residenciais, mataram manifestantes pacíficos e detiveram milhares de outros, torturados e mantidos na prisão em segredo. "O tipo e a escala das violações praticadas pelo Estado podem constituir crimes contra a humanidade", considera a organização de defesa dos direitos humanos.
O relatório cita vários exemplos, nomeadamente o de um homem não identificado de Banias, detido durante três dias, espancado, despido e obrigado a "lamber o seu próprio sangue no chão". Em Homs, prossegue o relatório, "o corpo de Tarek Ziad Abd al-Qader, detido a 29 de Abril de 2011, foi entregue à família em Junho, com queimaduras provocadas por electricidade, sinais de chicotadas, facadas e uma parte dos cabelos arrancados".
A AI denuncia a tentativa do regime de esmagar a contestação citando o caso do pianista Malek Jandali, a viver nos Estados Unidos onde criticou o regime sírio. Os seus pais "foram agredidos em casa, em Homs".
A repressão não poupa os mais novos e a organização não governamental aponta o exemplo de Mohammed al-Moulaa Issa, de 14 anos, originário de Deir Ezzor, abatido a tiro pelas forças de segurança por se recusar a participar numa manifestação a favor do regime. A Amnistia denuncia a atitude do poder de "não promover inquéritos independentes sobre os assassínios ilegais, as torturas e outras violações graves dos direitos humanos".
Enquanto o Conselho de Segurança da ONU entregou ao Tribunal Penal Internacional o dossier do antigo líder líbio Muammar Kadhafi após o início da revolta popular na Líbia, não foi feita qualquer diligência nesse sentido em relação ao presidente Bashar al-Assad. E isto apesar "das provas recolhidas indicando que as suas forças cometem crimes contra a humanidade", sublinha a organização.
Em Fevereiro, a ONU afirmou dispor de uma lista de altos responsáveis suspeitos de "crimes contra a humanidade" na Síria. A Amnistia considera insuficientes as reformas lançadas por Assad em 2011 para responder a um movimento de contestação sem precedentes no país.
As autoridades levantaram o estado de emergência, aboliram o tribunal supremo de segurança do Estado, concederam nacionalidade síria a alguns curdos e adoptaram leis sobre "novos partidos políticos, eleições e media".
Mesmo sendo um avanço, a legislação acabou por "não garantir liberdade de expressão e de associação", afirma a Amnistia. Desde o início da revolta popular, em Março de 2011, mais de 12 mil pessoas foram mortas na Síria, na maioria civis mortos por forças governamentais, de acordo com números do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
Lusa

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O livro em papel é único

O livro em papel é insubstituível e único. Nada o poderá substituir. Por mais e-books que se tentem compôr , o papel será sempre  o registo nobre do seu formato. As páginas de um livro são mágicas quando se folheiam e se completam. A leitura é feita página a página sob o harmónico e memorável ruído do seu folhear. Toda essa completude dá ao livro a sua dimensão real, intrínseca e verdadeira.
Jonathan Kearnes trabalha para  Adrian Harrington Books, especializado em livros antigos e raros. Eis o video que produziram: " A história do Livro" :

terça-feira, 22 de maio de 2012

Para que serve a utopia?

                                                             Sous l`histoire, la mémoire et l´oubli.
                                                             Sous la mémoire et l´oubli, la vie.
                                                             Mais écrire la vie est une autre histoire.
                                                            Inachévement.
                                                                               Paul Ricoeur


Manoel  de  Andrade,  poeta  brasileiro ( Curitiba ) , abandonou  o  Brasil  por   motivos políticos, no final dos anos sessenta. Percorreu a América Latina lançando o seu credo libertário num continente ainda amordaçado como o seu país. Actualmente, elabora o relato  das memórias desse tempo, num projecto livreiro sob o título " O Bardo Errante", que já atinge um volumoso registo do qual  publicámos alguns excertos. Tendo concluido a 2ª Parte desse  retrato memorialista, transcrevemos um outro capítulo também publicado no Brasil por outros sites .
NOS RASTROS DA UTOPIA (*)… (capitulo)
Por  Manoel de Andrade
                                                               
                                               Se as coisas são inatingíveis… ora!
                                               Não é motivo para não querê-las…
                                               Que tristes os caminhos se não fora
                                               A mágica presença das estrelas!
                                                                               Mário Quintana

"Eram os últimos dias de 1969 e, nas conversas em Lima, discutíamos a herança que receberamos dos “anos rebeldes”. A década de 60  iniciara-se com um exército murando a liberdade de Berlím, mas terminara com três astronautas abrindo os caminhos do universo. Naqueles anos, o mundo comovera-se com a mensagem de paz e de amor, na imagem sacrificada de Martin Luther King, e conhecera o real significado da resistência, na figura irretocável de Ho Chi Minh. A revolta de Nanterre mobilizara os estudantes do mundo inteiro e, ao longo do continente, aportávamos em 1970 na crista de uma poderosa onda libertária, cujas espumas espraiavam o exemplo de Che Guevara. Vivíamos num tempo sem liberalismo e sem globalização e Cuba surgia como uma alternativa socialista e referência da luta revolucionária. O mundo era uma alquimia de ideias e a América Latina seu melhor laboratório.
A nova história, no contexto continental, era a de uma só nação, de um só povo, latino e “indo-americano” — na expressão de Mariátegui. A esperança era uma bandeira hasteada no coração de todos os que ousavam sonhar com uma sociedade justa e fraterna, fossem eles um guerrilheiro, um intelectual engajado ou integrasse uma vanguarda estudantil. Nossa ancestralidade cultural – manchada pela violência colonial e por tantos mártires na memória sangrenta de cinco séculos – era redescoberta como uma fonte trazendo novas águas para interpretar a história. Nossos sonhos navegavam no misterioso veleiro do tempo, enfunado pelos ventos da fé revolucionária, carregado de hinos e canções libertárias, levando a mãe-terra e as sementes para os deserdados, carregado com as emoções e o encanto da solidariedade e rumando à sociedade que sonhávamos.
Nós, os poetas, expressávamo-nos pelos líricos rastros dessa ansiada utopia, cantando as primícias de um novo mundo e pressentindo as luzes daquele imenso amanhecer. Transitávamos na rota das estrelas, em busca de um porto no horizonte, em busca de um homem novo, de uma terra prometida a ser entrevista nos primeiros clarões da madrugada. Havia uma perseverante certeza no amanhã e muitos caíram lutando com essa crença tatuada na alma, embora os sobreviventes nunca tenham chegado a contemplar essa alvorada.
Nos anos 60, ser jovem significava estar comprometido com uma fé, com uma causa social e, naqueles passos da história, era um desconforto, perante o grupo, não ter um engajamento político e, pior ainda, ser de “direita”. Na juventude daqueles anos, ser um “reacionário” era um estigma. Essa era a palavra com que nós, da “esquerda”, desfazíamos ideologicamente os adversários da “direita” e até os dogmáticos do Partidão, por quem éramos chamados de revisionistas. Por outro lado, falava-se de um “Poder Jovem”. Mas que “poder jovem” era aquele, maquiado com a credibilidade das filosofias orientais se esse poder não estivesse comprometido com o significado social da liberdade e da justiça? A ideologia marxista não nos permitia confundir os ideais inconsequentes da contracultura com o ideário daqueles que estavam dispostos a dar a vida pela construção de uma nova sociedade. Era como se houvesse, na América Latina, duas Mecas para a juventude: uma em Berkeley e outra em Cuba.
Se a palavra “esquerda”, perante as benesses do poder, foi perdendo a sua transparência ideológica, é imprescindível não se perder o significado histórico dessa dicotomia, já que na sua origem, durante a Revolução Francesa, o clero e a nobreza ficavam à direita do rei e os representantes do povo à sua esquerda. Passados duzentos e vinte anos, todos sabemos qual o lado que continua defendendo as causas sociais. Os princípios são intocáveis mas não as ideias. É razoável, portanto, que possamos resignificá-las, redefinindo as cores de nossa antiga bandeira, assim como reconhecer os equívocos e os defeitos congénitos da própria “esquerda”.
Os anos 60, ricos pela geração de novas teses sociais, por filosofias que apontavam para o progresso das relações humanas, não mostrariam, no gosto amargo dos frutos, o doce sabor semeado pela esperança. Os grandes sonhos políticos foram desmobilizados por interesses ideológicos equivocados, pelo oportunismo eleitoral e pela sedução do poder. Os sonhos alimentados pela contracultura, inicialmente legitimados pelas postulações contra os males do capitalismo, perderam-se nas perigosas síndromes da ilusão propiciada pelas drogas, pelos desencantos da sexualidade e pela posterior dependência de tecnologias alienantes. Sonhos e esperanças acabaram desaguando neste inquietante “mar de sargaços” em que se transformou o mundo, onde navegam os corsários da ambição e da crueldade.
Mas também havia jovens que não vivenciaram essa sublime emoção de indignar-se com as injustiças. Naqueles anos, numa outra linha de reações, uma elitizada coluna de jovens marchava contra tudo pelo que lutávamos. Conheci essas sinistras figuras nas ruas de Curitiba. Porta-vozes da alta hierarquia da Igreja, desfilavam altaneiras, com seus paramentos medievais, nos primeiros anos da ditadura no Brasil, defendendo o regime militar e os interesses conservadores da oligarquia que representavam com os estandartes da “Tradição, Família e Propriedade”. Vi também seus parceiros, no Chile, liderados por Maximiano Griffin Ríos, em 1969, durante o governo de Eduardo Frei, portando, nos panos ao vento com o emblema da “Fiducia”, o ódio social, o ressentimento contra um cristianismo que abraçava as causas populares e, sobretudo, plantando as sementes da conspiração que derrubaria, com outros aliados sanguinários, o governo legítimo de Salvador Allende.
A partir da década de 70 a ascensão do capitalismo financeiro, sob o disfarce de globalização, começou a estender as suas redes e a ganhar, com armas invencíveis, essa nova e imensa guerra mundial, avançando com sua voracidade, desterrando os valores humanos, gerando multidões de excluídos, triturando nossas utopias, transformando o planeta num supermercado e descaracterizando a própria cultura com atraentes modelos de um consumismo supérfluo e descartável.
Ainda que haja, no Brasil, muitos jovens “conectados”, preocupados com a ética, com as fronteiras alarmantes da corrupção, com a redenção ambiental e com belos projetos comunitários, toda aquela geração foi vítima da nova ordem social imposta ao longo dos vinte e um anos de ditadura militar, sendo induzida a “educar-se” pela cartilha da Educação Moral e Cívica, focada na obediência, na passividade, no anti-comunismo e num patrioterismo doentio. Vítimas de todo um processo subliminar de moldagem comportamental, os jovens que abdicaram da consciência crítica foram transformados em meros consumidores. Formam parte da juventude apressada dos nossos dias, descomprometida com os problemas sociais, imediatista, avessos à leitura, ou derrotada pelo vício. Essa é a face trágica de um segmento da juventude contemporânea: jovens como meras marionetes de um mercado global de ilusões, aculturados pelas novas midias, homogeneizados desde os primeiros anos para consumir, abdicando quase sempre da análise dos fatos e do estágio promissor da cidadania.
Os precursores involuntários da pós-modernidade – leia-se Nietzsche e Heidegger – e os seus mais ilustres ideólogos, na filosofia e na arte, aliaram-se ao trabalho posterior de demolição comandado pela globalização.
Reagindo aos paradigmas orgulhosos e dogmáticos da ciência mecanicista do século XIX, os intelectuais niilistas apostaram na reação generalizada da descrença nos valores humanos, desconstruindo o significado da verdade, da beleza e da transcendência do humanismo na tradição ocidental; anunciando uma liberdade sem a noção do dever; desrespeitando os arquétipos da religiosidade; desqualificando a história; invertendo a estética da arte ao despojá-la da estesia e do encanto – (e se há algum mérito nos exageros da arte moderna é o de retratar o perfil catastrófico do mundo contemporâneo); retirando a melodia da música, proclamando a irreverência e ironizando os ideais e o significado da utopia. Sobre esse termo, tão desfigurado em nossos dias, certa vez estudantes colombianos fizeram ao celebrado cineasta argentino Fernando Birri, a seguinte pergunta: Para que serve a utopia? Ele respondeu que a utopia é como a linha do horizonte, está sempre a nossa frente e por isso nunca podemos alcançá-la. Se andamos dez, vinte, cem passos, ela sempre estará adiante de nós. Se a buscamos, ela se afasta. Para que serve a utopia? perguntou ele, respondendo: Para fazer-nos caminhar…
Embora quase tudo tenha sido desconstruído, nossos ideais desterrados e a globalização já não nos deixe sonhar e nos insinue a esquecer, é imprescindível acreditar que há uma Fênix entre as cinzas que restaram do mundo pelo qual lutamos. Não abdicamos da esperança, mas reconhecemos que nosso veleiro soçobrou e que seus restos foram bater nas praias melancólicas desses anos. Sobrevivemos quais náufragos num mar de ultrajes e decepções, junto com os destroços das grandes ideologias e com as cruéis aberrações que envergonharam os nossos sonhos ao vermos o marxismo dogmatizado pelo stalinismo e ao compreendermos porque murchava a “Primavera de Praga”. Sobrevivemos nas lágrimas derramadas sobre as páginas d’O Arquipélago Gulag, no desencanto de saber a beleza da utopia hegeliana invertida pelo totalitarismo nazista e o conhecimento científico manchado pela explosão atómica.
A contracultura, a pós-modernidade, a globalização e a destruição ambiental, são os novos cavaleiros do mundo apocalíptico que recebemos. Dessas quatro patéticas “figuras”, as três primeiras causaram efeitos desastrosos sobre a cultura – e lá na região andina, minha nova escola naqueles anos, a globalização insinuaria o esquecimento da história e da cultura deparando-se com a luta dos peruanos ante a herança quéchua e a resistência inquebrantável dos bolivianos pela manutenção da cultura aymara – e as duas últimas sobre os rumos futuros da humanidade.
Não herdamos somente a decepção, mas uma crônica indignação a despeito de qualquer otimismo. Hoje somos, tão somente, seres comprados nesse grande shopping de negócios e aparências em que se transformou o mundo, herdeiros impotentes de um sonho, vivendo num mundo alienante, distópico e devorado pelas fauces da globalização.
Anos 60 — que ventura ter sido jovem naquele tempo! Lá, a realidade estava a poucos passos dos ideais.
Século XXI — que estranha transição! Para onde vamos? Sem norte, sem porto, sem um amanhecer! Quanta perplexidade, quantos pressentimentos! Haverá outro mundo, melhor e possível? Sem crueldade, estupidez e promessas mentirosas? São perguntas plurais que pedem respostas plurais. Essa é uma transição sombria balizada pela desventura e o desencanto. É um tempo de antíteses. Esperamos que o próprio Tempo, com a sua misteriosa dialética, nos traga uma regenerada síntese. Nesse impasse restam-nos, contudo, os territórios invioláveis da imaginação e da esperança e para mim um pouco mais: a transcendência, e a grata introspecção nessas memórias."
Manoel de Andrade, in   " O Bardo Errante" (*), obra em laboração  sobre os  anos de auto-exílio, na América Latina.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Prémio Camões para Dalton Trevisan

O prémio Camões deste ano acaba de ser entregue, por unanimidade, ao escritor brasileiro Dalton Trevisan, de 86 anos. O maior prémio literário de língua portuguesa foi anunciado esta segunda-feira em Lisboa pelo Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas.
O prémio vale cem mil euros. Tal como tem sido habitual ao longo dos anos na conferência de imprensa, o júri leu a acta da reunião, apresentando as razões justificativas da escolha do premiado: "Dalton Trevisan significa uma opção radical pela literatura enquanto arte da palavra. Tanto nas suas incessantes experimentações com a língua portuguesa, muitas vezes em oposição a ela mesma, quanto na sua dedicação ao fazer literário sem concessões às distracções da vida pessoal e social”. A escolha de Dalton Trevisan, um dos mais importantes e premiados escritores brasileiros, foi unânime.
Nesta 24ª edição do Prémio Camões, o júri foi constituído por Rosa Martelo, professora associada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; Abel Barros Baptista, professor associado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; a poeta angolana Ana Paula Tavares; o historiador e escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho; Alcir Pécora, professor da Universidade de Campinas, Brasil, e o crítico, ensaísta e escritor brasileiro Silviano Santiago.
A discussão começou em aberto com os diversos participantes fazendo as suas indicações e em seguida houve um debate entre os participantes, em torno dos nomes sugeridos. Esse debate foi produtivo e do meu ponto de vista, enriquecedor. Depois de duas horas, chegámos à unanimidade”, explicou Silviano Santiago.
Não há dúvida que Dalton Trevisan é uma pessoa muito secreta. Ele não tem aliás, ele lembra um pouco, para facilitar pessoas que não o conheçam o escritor norte-americano J.D. Salinger (1919-2010). Mas quando lhe foi atribuído o Prémio PT ele aceitou” , acrescentou.
Dalton Jérson Trevisan, nasceu em 1925, em Curitiba, no Sul do Brasil, cidade que inspirou uma série dos seus contos e onde vive, escondido do assédio dos meios de comunicação.
Entre as muitas personagens misteriosas descritas nos seus livros, pode-se dizer que o próprio Trevisan se destaca entre as mais enigmáticas.
Recluso convicto, com enorme aversão à imprensa, sem nunca receber visitas, Trevisan ganhou a alcunha de «Vampiro de Curitiba», nome que deu título a um de seus livros mais conhecidos, lançado em 1965.
«Para se conceber um histórico de Trevisan, é preciso a habilidade das cerzideiras, cosendo retalhos aqui e ali, em uma ou outra reportagem, nas antigas e raras entrevistas», diz o texto a seu respeito, na Editora Record, responsável pela publicação das suas obras desde 1978.
Formado em advocacia, o autor chegou a exercer a profissão durante sete anos. Trabalhou ainda como repórter policial e crítico de cinema. A veia literária, porém, falou mais forte.
O primeiro livro, Sonata ao Luar, foi lançado em 1945, seguido de Sete Anos de Pastor. Ambos foram mais tarde rejeitados pelo autor, que diz não possuir um exemplar sequer de suas primeiras obras.
“Felizmente, já esqueci aquela barbaridade”, afirmou Trevisan sobre o seu primeiro livro, numa de suas raras entrevistas.
Entre 1946 e 1948, o «curitibano» editou a revista Joaquim, que reunia ensaios e contos de autores como António Cândido, Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade, que marcaram a afirmação do modernismo brasileiro, além de traduções de escritores como Franz Kafka, Marcel Proust ou Jean-Paul Sartre.
Contos Eróticos" (1984), Crimes de Paixão (1978), Desastres de Amor", (1968), Dinorá - Novos Mistério" (1994), estão entre as suas obras, assim como Vozes do Retrato - Quinze histórias de Mentiras e Verdades (1998), "Violetas e Pavões" (2009) e O Anão e a Nifeta (2011), que é o seu último livro publicado.
Enquanto Trevisan se esconde em sua casa, em Curitiba, os seus contos têm ganhado o mundo, com traduções para diferentes línguas, entre as quais inglês, espanhol, francês e italiano.
Em Portugal, foi publicado em 1984 pela Relógio d'Água, de Francisco Vale, com a colectânea "Cemitério de Elefantes", dedicada a alguns dos seus contos.
As histórias de Trevisan receberam adaptação para a televisão e o cinema, no Brasil e na Hungria, onde um de seus contos foi adaptada a série de televisão.
No Brasil, a adaptação para o cinema de A Guerra Conjugal, de 1969, do realizador Joaquim Pedro de Andrade, recebeu o prémio de melhor filme e melhor realizador em festivais nacionais, além de uma menção honrosa no Festival de Barcelona.
Consagrado como contista, com temas sobre a classe média e as angústias do quotidiano, Trevisan possui um único romance publicado, intitulado A Polaquinha.
No ano passado, o autor recebeu o Jabuti - o maior prémio literário brasileiro - na categoria de contos e crónicas, com o livro Desgracida. Como era de se esperar, Trevisan manteve-se em Curitiba e enviou um representante à cerimónia de entrega do prémio.
Fonte: Lusa/SOL/ Público

Só temos uma Terra

Só temos esta Terra : Repensar o que se anda a fazer com a sua integridade , com a nossa sobrevivência é urgente. É AGORA.

Por um Planeta Vivo
O colapso ecológico parece ser o destino do Planeta à medida que as exigências humanas excedem a capacidade de auto-regeneração da Terra. O capital natural do mundo atingiu o valor de quase um terço acima da capacidade natural que a Terra tem para assegurar a nossa sobrevivência.Travar a degradação do planeta e construir um futuro onde os seres humanos possam viver em harmonia com a natureza é o alvo do Relatório Planeta Vivo da WWF  - a publicação bianual de referência sobre a saúde da Terra, lançado este ano a 15 de Maio.



Pegada da humanidade é vista desde o espaço
Astronauta da ESA mostra poluição luminosa e efeitos das alterações climáticas
“O astronauta da Agência Espacial Europeia (ESA), André Kuipers, é agora também embaixador da World Wildlife Fund  (WWF), tendo contribuído para  o Relatório Planeta Vivo da WWF (Living Planet Report), que publica medições das alterações na biodiversidade, seguindo 9000 populações de mais de 2600 espécies no mundo. André escreveu o prefácio do relatório e ajuda a mostrar a fragilidade do nosso mundo.
O astronauta tem estado preocupado com o estado do nosso planeta desde a sua última missão à Estação Espacial Internacional, em 2004. Há já algum tempo que envia imagens que mostram o impacto do homem no nosso clima. “Só temos uma Terra. Daqui consigo ver a pegada da humanidade, incluindo os fogos florestais, a poluição atmosférica, a erosão – questões que estão reflectidas nesta edição do Living Planet Report”, disse André.
O relatório ilustra a forma como a nossa procura por recursos naturais se tornou insustentável. Em 2050, duas em cada três pessoas irá viver numa cidade. A humanidade necessita de novas formas de gerir os recursos naturais.
Usando a nova câmara NightPod da ESA, André está a tirar fotos às cidades à noite. A poluição luminosa é um exemplo dramático de energia que é desperdiçada. Os satélites oferecem-nos a única forma de monitorizar a Terra como um todo. Os instrumentos desenvolvidos para o espaço captam dados precisos que revelam a complexidade do nosso planeta e registam as alterações que estão a ocorrer.
Além de servirem de base de trabalho aos investigadores europeus, os satélites também permitem que os decisores políticos tenham acesso à informação relativa aos desafios das alterações climáticas, de forma a poderem assegurar um futuro sustentável e responder adequadamente aos desastres naturais e aos provocados pelo homem.” in“ Ciência Hoje”, 16/05/2012

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