terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Prémios literários e livros para 2017

Eugénio Lisboa, professor, ensaísta, poeta e crítico literário,
nasceu em 1930 na capital moçambicana.
Prémio Literário Eugénio Lisboa
INCM cria prémio literário para escritores moçambicanos
20 de Setembro de 2016
"A INCM instituiu o Prémio Literário INCM/Eugénio Lisboa, que terá a sua primeira edição em 2017 e que irá distinguir anualmente obras inéditas de escritores moçambicanos.
O prémio foi anunciado ontem, durante a 8.ª edição da eID Conference, uma das mais importantes conferências internacionais sobre identificação electrónica, que decorre em Maputo, Moçambique, nos dias 19 e 20 de Setembro.
A figura escolhida para identificar este Prémio é o ensaísta e crítico literário português Eugénio Lisboa, nascido em 1930 na capital de Moçambique, considerado um dos maiores especialistas na obra de José Régio.
O júri do Prémio Literário INCM/Eugénio Lisboa é presidido pelo escritor Ungulani Ba Ka Khosa, que em 2007 conquistou o Prémio José Craveirinha com o livro Os Sobreviventes da Noite, sendo ainda composto por Teresa Manjate, investigadora do Centro de Estudos Africanos e professora da Universidade Eduardo Mondlane, e Alexandra Pinho, directora do Centro Cultural Português de Maputo e conselheira cultural da Embaixada de Portugal em Moçambique.
O vencedor, além da edição da obra, será ainda contemplado com um prémio pecuniário de cinco mil euros."

INCM apresenta o seu plano editorial para 2017
"A INCM apresentou a 18 de Janeiro, na Biblioteca da Imprensa Nacional o seu plano editorial para 2017, composto por cerca de 70 propostas, a publicar ao longo do ano, distribuídas por diversos temas e colecções.
Uma das grandes apostas para este ano é a novíssima Biblioteca José-Augusto França, uma Colecção dedicada a um dos mais notáveis intelectuais portugueses contemporâneos e que acolherá este ano os dois primeiros volumes de um total de 16 que compõem a selecção de obras feita pelo autor, de entre toda a ficção e ensaio que publicou.
A reedição de A Paleta e o Mundo, de Mário Dionísio, esgotada há largos anos, figura como um dos mais desafiantes projectos editoriais da INCM para 2017. A terceira edição desta obra será, à semelhança da primeira, uma edição ilustrada.
A Obra Completa de Bocage, Eça de Queiroz — Uma Biografia, a Poesia Completa de Sá de Miranda e a Biblioteca José Leite de Vasconcelos são também grandes apostas editoriais para este ano. Novidade será ainda o segundo volume do Diário de João Bigotte Chorão.
A cultura nacional continua em destaque na edição do Teatro Completo de Natália Correia, incluída na coleção Biblioteca de Autores Portugueses, que acolherá, entre outros, A Trilogia do Olhar, teatro de José Gardeazabal, autor que venceu a 1.ª edição do Prémio INCM/Vasco Graça Moura, na categoria de Poesia.
Na coleção Olhares, serão publicados Uma Aproximação à Estranheza, de Frederico Pedreira, e Debaixo da Nossa Pele. Escravos Libertos e Outros Imigrantes, de Joaquim Gonçalves do Rosário Ramos — respetivamente vencedor e menção honrosa da 2.ª edição do Prémio INCM/VGM (categoria Ensaio). Esta coleção receberá ainda um outro laureado de peso: o poeta, ensaísta e historiador brasileiro Alberto da Costa e Silva, Prémio Camões 2014, com A Enxada e a Lança.
Dos palcos chegarão ainda mais seis originais para acrescer à coleção Biografias do Teatro Português, editada em parceria com os Teatros Nacionais D. Maria II e São João, e, no campo das artes visuais, com a criação da coleção PH, a fotografia vai passar a ter realce no catálogo da INCM.
As Edições Críticas vão continuar a acolher obras seminais de Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Fernando Pessoa e Eça de Queirós. Já a coleção Pessoana acolherá os Poemas de Alberto Caeiro.
As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis, O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós, e Vinte Horas de Liteira, de Camilo Castelo Branco, vêm juntar-se à Biblioteca Fundamental da Literatura Portuguesa, uma coleção que procura agregar obras fundamentais para estabelecer o cânone da literatura portuguesa.
Por sua vez, a coleção Plural continuará a receber os poetas de língua portuguesa, com particular atenção para José Henriques dos Santos Barros, Alice Sant’Anna e Mário Avelar.
O livro infantojuvenil é contemplado na coleção Grandes Vidas Portuguesas, onde se prevê publicar as biografias da Marquesa de Alorna, da Ferreirinha, de Rosa Mota e de António Lobo Antunes. Na coleção Cidadania, surgirá uma edição que explicará aos mais novos o que é e qual a importância do Diário da República, o jornal oficial do Estado.
No final da apresentação do plano editorial, houve ainda lugar a um concerto apresentado pela Orquestra Metropolitana de Lisboa nas instalações da oficina de acabamentos gráficos, onde se ouviram o Concerto para Violino e Orquestra n.º 5 de Mozart, sob a direção musical de Ana Pereira, e a Sinfonia n.º 7, Op. 92, de Beethoven, sob a batuta do maestro Pedro Amaral."INCM,19 de Janeiro de 2017

Relógio D'Água Editores
                                          Relógio D'Água Editores 
Planeamento Editorial Janeiro-Maio 2017
Janeiro
1. A Poesia como Arte Insurgente, de Lawrence Ferlinghetti
2. Desobediência Civil, de Hannah Arendt
3. Tito Andrónico, de William Shakespeare (Projecto Shakespeare)
4. Timão de Atenas, de William Shakespeare (Projecto Shakespeare)
5. O Rei Lear, de William Shakespeare (Projecto Shakespeare)
6. O Universo ao Alcance da Mão, de Christophe Galfard
7. A Arte da Vida, de Zygmunt Bauman
8. Os Prazeres dos Lugares Inóspitos, de Robert Louis Stevenson
9. O Homem Duplo, de Philip K. Dick

Fevereiro
1. Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare (Projecto Shakespeare)
2. A Ilha do Doutor Moreau, de H. G. Wells.
3. A Ideia de Europa, de George Steiner
4. George Steiner na New Yorker, de George Steiner
5. A Associação das Pequenas Bombas, de Karan Mahajan
6. Não Digas Que não Temos Nada, de Madeleine Thien
7. As Vinte Mil Léguas Submarinas, de Jules Verne
8. A Travessia da Noite, de Bernardo Pinto de Almeida
9. Crónica de Um Vendedor de Sangue, de Yu Hua
10. Poemas, de Marianne Moore (sel. e trad. Margarida Vale de Gato)
11. O Regresso de Mary Poppins, de P. L. Travers

Março
1. As Artes do Sentido, de George Steiner
2. As Variedades da Experiência Religiosa, de William James
3. Mulheres Excelentes, de Barbara Pym
4. Um Deus em Ruínas, de Kate Atkinson
5. O Rapaz Que Seguiu Ripley, de Patricia Highsmith
6. Cinco Contos sobre Fracasso e Sucesso, de Alexandre Andrade
7. O Que Maisie Sabia, de Henry James
8. Relatório Minoritário e Outros Contos, de Philip K. Dick
9. Baço Contínuo, de Rui Nunes
10. Tens de Mudar de Vida, de Peter Sloterdijk
11. Inverno no Médio Oriente, de Annemarie Schwarzenbach
12. Os Miseráveis, de Victor Hugo

Abril
1. Memórias de Dublin, de John Banville
2. O Vale dos Assassinos, de Freya Stark
3. Os Diários, de Virginia Woolf
4. Pensamentos, de Blaise Pascal
5. No Inverno, de Karl Ove Knausgård


Maio
1. A China em Dez Palavras, de Yu Hua
2. O Grupo de Bloomsbury e Outros Ingleses Eminentes, de J. M. Keynes
3. Na Penúria em Paris e em Londres, de George Orwell
4. Canções: 2002-2012, de Bob Dylan
5. Na Primavera, de Karl Ove Knausgård
6. Tu Só Desapareceste, de Ana Teresa Pereira
7. A Casa Abandonada, de Charles Dickens
8. Tens de Mudar de Vida, de Peter Sloterdijk

As novidades da Porto Editora para o primeiro semestre de 2017
"A 6 de Janeiro de 2017, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, foram apresentadas à Comunicação Social as novidades da Porto Editora para os primeiros meses de 2017, onde sobressaem os livros de não ficção, o relançamento da colecção de bolso da Livros do Brasil, e os autores literários contemporâneos.
Pela Porto Editora, o destaque vai para a não ficção, com Manuel Alberto Valente a apresentar o segundo volume da biografia autorizada de Jorge Sampaio, por José Pedro Castanheira, que incide sobre o tempo em que foi Presidente da República. Cláudia Gomes salientou a publicação de A hope more powerful than the sea. Da autoria de Melissa Fleming, porta-voz do Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas, este livro é uma dramática chamada de atenção para a situação por que passam milhares de sírios na sua busca por paz e abrigo na Europa. Alfa – Histórias de 5 minutos, um título que usará a tecnologia de realidade aumentada presente nos manuais híbridos da Porto Editora, marcou a intervenção de Sandra Lopes, que apresentou as novidades do catálogo infantil.

Na Livros do Brasil surge uma grande novidade: o regresso da Colecção Miniatura, iniciada originalmente nos anos 50, onde constarão livros de ficção, clássicos e contemporâneos, com reconhecida qualidade literária. Rosa Montero, Javier Cercas e John Steinbeck são os escritores que inauguram o relançamento desta colecção, já em Janeiro, com A louca da casa, Soldados de Salamina e A um Deus desconhecido, respectivamente.
João Rodrigues, pela Sextante Editora, realçou a publicação de O segredo da modelo perdida, o novo romance de Eduardo Mendoza, vencedor do Prémio Cervantes 2016. De entre as novidades da Assírio e Alvim para o primeiro semestre, Vasco David destacou o Épico de Gilgamesh, o mais antigo poema longo a chegar aos nossos dias, numa tradução erudita de Francisco Luís Parreira.
Pela Coolbooks, Vítor Gonçalves salientou a edição de O nó da culpa, de Filipe Batista, o romance vencedor da edição de 2016 do Prémio Literário Maria Amália Vaz de Carvalho, na categoria de Jovens Talentos.
Foram apresentados mais de 90 títulos, distribuídos pelas chancelas Porto Editora, Assírio & Alvim, Sextante Editora, Livros do Brasil, Albatroz e Coolbooks.
Novidades Editoriais para 2017
"A primeira semana de 2017 ficou marcada, tal como é habitual por esta altura, pelos diversos anúncios de novidades editoriais.Este será o ano do regresso de Dulce Maria Cardoso, depois de O Retorno, publicado em 2011. O novo romance, ainda sem título, sairá na Tinta-da-China; editora que fará uma edição aumentada de O Último Amante, de Teresa Veiga (com duas novas novelas), e publicará um livro póstumo de Paulo Varela Gomes (1952-2016).Outro autor português, João Tordo, vai fechar a trilogia do Luto de Elias Gro e O paraíso de Lars D, com um livro a lançar no primeiro trimestre de 2017 pela Penguin Random House. Na Relógio d’Água regressa Ana Teresa Pereira com Tu Só Desapareceste e Rui Nunes com Baço Contínuo. Na Presença, Helder Macedo publicará Camões e Outros Contemporâneos.
A Abysmo abre o ano com a publicação do primeiro volume da edição crítica, assinada por Luiz Fagundes Duarte, das Poesias Completas de Antero de Quental (Odes Modernas e Primaveras Românticas) e vai estrear-se depois na BD com uma novela gráfica do António Jorge Gonçalves, A Minha Casa Não Tem Dentro, em torno da sua morte clínica há uns meses.
Na Elsinore, com selecção e organização de Francisco José Viegas, sairá ainda este mês a primeira antologia publicada em Portugal da novíssima poesia brasileira Naquela Língua – Cem Poemas e Alguns Mais – Antologia da Novíssima Poesia Brasileira. Nesta editora será lançado A Avó e a Neve Russa, de João Reis, tradutor de línguas nórdicas, que se estreou com o elogiado A Noiva do Tradutor.
Uma nova edição de A Menina a Caminho do Prémio Camões 2016, o brasileiro Raduan Nassar, será lançada pela Companhia das Letras e inclui dois contos e um ensaio nunca antes publicados.
O segundo volume da biografia autorizada de Jorge Sampaio, da autoria de José Pedro Castanheira, que incide sobre o tempo em que foi Presidente da República será lançado este ano pela Porto Editora.
Jerónimo Pizarro e Carlos Pitella-Leite lançam na Tinta-da-China, em Março, Como Fernando Pessoa Pode Mudar a sua Vida –  inclui dezenas de imagens e textos inéditos. São 49 lições de vida, a saber: como desrespeitar o acordo ortográfico; como interpretar narizes; como reinventar o futebol; como ser livre; como insultar, entre muitas outras."in 

 
Dois mil e dezassete promete ser “o ano Bolaño”
A Quetzal, editora que publica em Portugal os livros do autor chileno, anunciou a publicação de três livros inéditos em Portugal.
Em abril, será publicado O espírito da ficção científica que será brevemente apresentado na Feira do Livro de Guadalajara, no México. Para o segundo semestre estão previstos outros dois livros.
O primeiro intitula-se Pátria e reúne três novelas (além da que dá o título ao livro, "Sepulcros de vaqueros e “La comedia de horror de Francia, no original).
No final do ano vai ser publicada a primeira edição em Portugal de *** assassinas, volume que reúne narrativas centrais na obra deste autor.
O “ano Bolaño” termina com a reedição de Detectives selvagens e uma edição especial de 2666. Este romance foi eleito o melhor livro de língua espanhola dos últimos 25 anos.
 A lista, publicada pelo suplemento literário do jornal “El País”, “Babelia”, foi da responsabilidade de um júri que reuniu críticos, escritores e livreiros. Em terceiro lugar ficou ainda outro livro do escritor chileno, “Detectives selvagens”.
Novidades 2017 – Grupo BertrandCírculo
Na entrada no novo ano, a Bertrand Editora, Quetzal, Pergaminho, ArtePlural, GestãoPlus, Temas e Debates, Círculo de Leitores e 11X17 destacam algumas das maiores apostas para 2017, com publicação prevista para os próximos meses.
Bullying, maternidade, política, feminismo, suspense, História e felicidade são alguns dos temas em destaque, contando com a colaboração de novos autores no Grupo BertrandCírculo, como Nora Fraisse e Orna Donath, bem como com actuais autores das várias chancelas do Grupo, tais como Stephen King, Jeffrey Archer, Howard Jacobson e Ransom Riggs.
«13 Anos para Sempre Marion», de Nora Fraisse, pela Bertrand
No dia 13 de Fevereiro de 2013, aos 13 anos, Marion suicidou-se. A mãe encontrou-a enforcada no seu quarto. Simbolicamente, tinha “enforcado” o telemóvel junto de si. A mãe de Marion escreveu este livro, em sofrimento e perplexidade, como um tributo à filha, mas também como um alerta para os perigos do bullying e das pressões das redes sociais nos jovens. Um livro comovente e alarmante, que nos faz pensar num dos maiores perigos da nossa sociedade relativamente aos mais jovens.
«Mães Arrependidas», de Orna Donath, pela Bertrand
Best-seller em Espanha e na Alemanha.
«Mães Arrependidas» levanta a discussão pública sobre um tema quase inteiramente silenciado: a vasta quantidade de mulheres que, depois de serem mães, não encontraram a profetizada “plenitude” na maternidade e, muito embora amem os seus filhos, desejariam não ser mães de ninguém. Com base num ensaio que a socióloga Orna Donath, da universidade Bem Gurion, elaborou para uma publicação académica, este livro apresenta uma análise intrigante sobre um fenómeno de uma actualidade premente.
«A Manipulação da Verdade», de Eric Frattini, pela Bertrand
Operações de falsa bandeira: do incêndio no Reichstag ao golpe de estado na Turquia. Alguns dos acontecimentos mundiais mais importantes de que nos recordamos não aconteceram exactamente como nos foi dado saber. «A Manipulação da Verdade» levanta o véu sobre as operações de falsa bandeira mais relevantes da nossa História recente, produto de uma investigação apurada e bem documentada, e apresenta-nos os factos como eles são.
«As Afinidades Electivas», de Wolfgang Goethe, pela Bertrand
As Afinidades Electivas de Goethe é sem dúvida uma obra brilhante do autor, onde encontramos alguns elementos característicos da novela romântica. Escrita em 1809, já numa fase de amadurecimento do escritor alemão, destaca os conflitos morais da época, as questões associadas ao matrimónio e apresenta as paixões enquanto determinantes dos nossos actos. Tudo isto tendo como ponto de partida as leis da química que afectam – de acordo com a visão de mundo de Goethe – as pessoas como se fossem elementos.

«Shylock é o Meu Nome», de Howard Jacobson, pela Bertrand
Este livro é o segundo da colecção de homenagem a Shakespeare em que se escrevem novas versões das suas célebres peças. «Shylock é o Meu Nome» reconta «O Mercador de Veneza» de Shakespeare. Com a mulher ausente e a filha a descarrilar, Simon Strulovitch, filantropo e coleccionador de arte abastado, precisa de alguém com quem falar. E é assim que, quando conhece Shylock num cemitério, convida-o para sua casa. Trata-se do início de uma amizade extraordinária… Howard Jacobson é um dos autores em língua inglesa mais importantes da actualidade.
«A Biblioteca de Almas», de Ransom Riggs, pela Bertrand
Este livro encerra a trilogia, que começou com «O Lar da Senhora Peregrine Para Crianças Peculiares» e que prosseguiu com «Cidade Sem Alma». Cada elemento é assombroso, as personagens desenvolvem-se perfeitamente, com uma escrita dinâmica, tornando a sua leitura compulsiva por parte do leitor. Uma série que tem vindo a ganhar entre nós forte popularidade.
«Mais Poderosa do Que a Espada», de Jeffrey Archer, pela Bertrand
Este é o 5.º volume das Crónicas dos Clifton, uma série de grande sucesso que tem cativado milhares de leitores em todo o mundo, incluindo Portugal. Neste volume, Harry, que é recém-eleito presidente do PEN inglês, tem agora oportunidade de começar uma campanha para salvar Anatoly Babakov, um escritor russo que se encontra preso na Sibéria, e acaba por pôr a sua vida em perigo ao fazê-lo. Entretanto, Emma tem as suas próprias guerras a travar. Terá em primeiro lugar de defender a sua presidência depois de um navio seu ter sido destruído pelo IRA, e mais tarde de enfrentar em tribunal a venenosa Virginia Fenwick.

«O Diabo na Cozinha», de Marco Pierre White, pela Quetzal
Sexo, dor, loucura e a formação de um grande chefe. Aclamado como o primeiro chefe rock-star britânico, Marco Pierre White foi o homem que transformou a arte de cozinhar numa coisa sexy. O seu temperamento na cozinha é lendário. Funcionários irritantes eram atirados para o caixote do lixo, e clientes para a rua. Porém, o mais rude dos chefes londrinos foi também um herói da classe trabalhadora que encantou estrelas e aristocratas.
«Bíblia – Volume II», tradução de Frederico Lourenço, pela Quetzal
A Bíblia mais completa que alguma vez existiu em português. Este é o segundo volume do Novo Testamento traduzido directamente do grego. Depois da edição dos Evangelhos, Frederico Lourenço devolve-nos os Actos dos Apóstolos, as epístolas de São Paulo, em toda a sua grandiosidade, bem como os textos de Tiago, João, Judas e Pedro – além do deslumbramento do Apocalipse, que nunca atingiu, na nossa língua, esta beleza e este rigor.
«O Espírito da Ficção Científica», de Roberto Bolaño, pela Quetzal
Uma novela inédita de Roberto Bolaño há muito anunciada. Este é o quarto livro póstumo de Roberto Bolaño, depois de «2666», «Os Dissabores do Verdadeiro Polícia», e «O Terceiro Reich». A história – que começa com uma entrevista absurda e muito álcool – passa-se durante os anos 70 e contém muitas referências a acontecimentos políticos e culturais da época, narrando a vida de Jan e Remo, jovens escritores que tentam viver apenas da literatura numa cidade fervilhante, mágica e cujas noites se prolongam demasiado, Cidade do México.

«Catarina de Áustria – A Rainha Colecionadora», de Annemarie Jordan, pela Temas e Debates
Uma biografia fundamental para conhecer uma rainha que tem sido ignorada pelos historiadores portugueses e cuja imagem foi denegrida devido à incorporação de Portugal na Coroa espanhola em 1580. Esta biografia demonstra que a responsabilidade pela perda de independência, atribuída por muitos a D. Catarina, carece de provas substanciais ou documentais.


«Guerra aos Jesuítas», de Christine Vogel, pela Temas e Debates
A propaganda anti jesuítica do marquês do Pombal em Portugal e na Europa. A expulsão dos jesuítas, a mais poderosa ordem da Igreja católica, constituiu a sua mais estrondosa decisão política. Esta decisão foi acompanhada por uma propaganda extensiva de amplitude inédita, paga pelo Estado, a fim de persuadir as outras monarquias católicas europeias a seguirem-lhe o exemplo, que de facto seguiram, e até conseguir ainda do papa a bula de extinção da Companhia de Jesus. Uma investigação inédita realizada em arquivos portugueses e de vários países europeus, ilustrado com gravuras da campanha de propaganda anti jesuítica.

«Liberdade de Expressão», de Timothy Garton Ash, pela Temas e Debates
Nunca na história da humanidade existiu uma possibilidade para a liberdade de expressão como a atual. Baseando-se na sua longa experiência de escrita sobre ditadores e dissidentes, Timothy Garton Ash defende que neste mundo interligado a que chama cosmópolis há uma maneira de conjugar liberdade e diversidade que passa por dispor de mais e melhor liberdade de expressão. Podemos aprender a conviver com diferenças irredutíveis sem passarmos a vias de facto.
«Lenine no Comboio», de Catherine Merridale, pela Temas e Debates
Este livro recria a extraordinária viagem de Lenine a partir do exílio em Zurique, cruzando uma Alemanha a desmoronar-se devido às privações da guerra, em direcção ao norte até à orla da Lapónia, até à extática recepção final, pelas multidões de revolucionários, na Estação Finlândia de Petrogrado.
«Política de A a Z», de Pedro Correia e Rodrigo Gonçalves, pela Contraponto
De A a Z, um guia para compreender todos os segredos da política. Altamente recomendado para políticos, por exemplo. O que é um assessor? O que significa balcanização? Pode um Estado promover o ateísmo? O que é o maniqueísmo e porque usamos erradamente a palavra? O que é a imunidade parlamentar (e o que a distingue da imunidade diplomática)? O que é a democracia orgânica e o que a distingue da democracia popular? E o que é a cleptocracia? E a meritocracia? Porque é que a desobediência civil é um dever? O que é o culto da personalidade e o que tem isso a ver com o maoismo? Porque é que coabitação não tem a ver com coligação? Qual a diferença entre socialismo utópico e socialismo científico – e, já agora, socialismo real? O que significa a expressão quinta-coluna? O que é a partidocracia? O que é a plutocracia? O que tem a ver o positivismo com a política? O que foi o Gulag? E a ANP? O que é uma distopia? Um conservador pode ser liberal? E entre centro, centrão, centralismo e centralismo democrático? Existem, mesmo, barões na política portuguesa? E caciques? Qual a diferença entre comentador e comendador? E entre Estado-nação e Estado de Nações? Leninismo e estalinismo são a mesma coisa? O que é a inflação e porque é que ela também é perigosa? O que é o jiadismo? O MRPP foi importante? E o PRD? E o PREC? E o PIB? Qual a diferença entre liberalismo e neoliberalismo? Ainda há miguelistas na política portuguesa? O que foi o Conselho da Revolução e o que o distingue do Conselho de Estado? É a estas e a muitas outras questões relacionadas com o dia-a-dia que este livro responde – sempre com clareza, distanciamento, inteligência e às vezes ironia. Fundamental.

Lançamento exclusivo do Círculo de Leitores, Janeiro 2017«Casamentos da Família Real Portuguesa»
O casamento era um contrato, uma aliança que se forjava, uma estratégia de poder que se afirmava. Mais do que sentimentos, os casamentos reais foram, ao longo da nossa História, um pensado acontecimento (aparentemente) privado que envolvia negociações, dotes, intricados cerimoniais de como unir poderosas famílias dentro e fora do país. Falar dos casamentos reais é na verdade ir mais fundo na análise da política externa da própria monarquia portuguesa. Uma obra em 2 volumes, a envolver uma equipa de 17 investigadores, sob a coordenação das historiadoras Ana Maria Rodrigues, Manuela Santos Silva e Ana Leal de Faria.

«História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal – Tomo I», de Alexandre Herculano, pela 11X17
«Podíamos escrever a história da Inquisição, desse drama de flagícios que se protrai por mais de dois séculos. Os arquivos do terrível tribunal aí existem quase intactos. Perto de quarenta mil processos restam ainda para darem testemunho de cenas medonhas, de atrocidades sem exemplo, de longas agonias. Não quisemos. Era mais monótono e menos instrutivo. Os vinte anos de luta entre D. João III e os seus súbditos de raça hebreia, ele para estabelecer definitivamente a Inquisição, eles para lhe obstarem, oferecem matéria mais ampla a graves cogitações. Conheceremos a corte de um rei absoluto na época em que a monarquia pura estava em todo o seu vigor e brilho; conheceremos a corte de Roma na conjuntura em que, confessando os seus anteriores desvios, ela dizia ter entrado na senda da própria reformação, e poderemos comparar isso tudo com os tempos modernos de liberdade.»
Gallimard
Découvrez l'entretien réalisé avec Daniel Pennac à l'occasion de la parution du Cas Malaussène, ainsi que les nouveautés de Jean-Marie Rouart (Une jeunesse perdue), Aurélien Bellanger (Le Grand Paris), Pierre Péju (Reconnaissance) et Arthur Dreyfus (Sans Véronique).
Dans la collection L'Arbalète, Carole Fives (Une femme au téléphone) dresse le portrait à la fois incisif et tendre d'une mère envahissante. 
En littérature étrangère, Javier Marías (Si rude soit le début) signe une éblouissante fable moderne dans l'Espagne post-franquiste, quand Hisham Matar (La terre qui les sépare) retrace l’histoire poignante du retour au pays d'un fils de dissident libyen (prix du Livre Étranger 2017 France Inter / Le Journal du Dimanche).
Enfin, la «saga prodigieuse» d'Elena Ferrante continue avec la parution du troisième tome : Celle qui fuit et celle qui reste.
Bonnes lectures.
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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Recordar Gandhi

Há 68 anos morreu Mahatma Gandhi, a grande alma da paz mundial
30-01-1948
"No dia 30 de Janeiro de 1948 morria o indiano Mohandas Karamchand Gandhi, conhecido como Mahatma Gandhi. Foi morto a tiro, aos 79 anos por um hindu radical em Nova Déli. Dias antes do seu assassinato, já havia sofrido um outro atentando. Nascido no dia 2 de Outubro de 1869 , na cidade de Porbandar, Gandhi entrou para a história como um dos fundadores do moderno estado indiano e como defensor dos protestos sem uso de violência. Seu nome, Mahatma, em sânscrito, significa "grande alma". Após se formar em Direito, em Londres, Gandhi foi trabalhar na África do Sul.

De nada adianta a liberdade, se não temos a liberdade de errar.
A fé – um sexto sentido – transcende o intelecto sem contradizê- lo.Gandhi

Gandhi ficou famoso internacionalmente pela  política de desobediência civil e o uso do jejum como protesto. Por conta disso, teve a prisão decretada várias vezes. A sua iniciação na política começou após sofrer discriminação racial durante uma viagem de primeira classe num comboio. Quando pediram que fosse para a terceira classe por ele não ser branco, Gandhi se recusou e foi expulso do comboio. Depois disso, iniciou a luta contra a discriminação racial. Participou também no movimento pela independência da Índia. Uma das suas estratégias era o boicote aos produtos importados, como os tecidos ingleses.
Gandhi ainda era contra a divisão do país em dois estados, mas isso acabou acontecendo com a criação da Índia, predominantemente hindu, e do Paquistão, de maioria muçulmana. Após a sua morte, o seu corpo foi cremado e as cinzas jogadas ao rio Ganges. Indicado cinco vezes para o Nobel da Paz, Gandhi nunca foi agraciado com o prémio. Décadas depois, o erro foi assumido pelo comité organizador do Nobel.
Destacado por suas façanhas e maneira "única" de agir, Gandhi é considerado o ícone do AHIMSÁ (lê-se arrimsá), termo sânscrito que significa não violência.
Trata-se de um código de ética da tradição hindu que vai muito além do simples não agredir fisicamente. Refere-se fundamentalmente ao respeito incondicional para com qualquer forma de vida e engloba, por exemplo, o não agredir por palavras, atitudes e pensamentos. 
Gandhi nos ensina isso muito bem, mas será que essa é uma tarefa possível no mundo de hoje? 
Se  compreender que o necessário é criar consciência sobre os seus condicionamentos e actuar produzindo uma reeducação comportamental, já deu o primeiro passo." History

domingo, 29 de janeiro de 2017

Ao Domingo Há Música

Não posso adiar o amor para outro século

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa ,in "Viagem através duma Nebulosa", Lisboa: Edições Ática, 1960; "Antologia Poética", prefácio, bibliografia e selecção de Ana Paula Coutinho Mendes, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001, p. 42

Segundo Voltaire, a poesia diz mais que a prosa e em menos palavras.
As palavras do poeta são sábias. Dizem o que deve ser dito . E se as palavras verbalizam o pensamento e permitem o sopro da alma , a Música volatiliza-as e leva-as ao coração do Homem.
Assim fez Johann Sebastian Bach, (1685-1750) na  famosa Aria de la Suite nº 3  e a excelente  voz  da soprano Kalinka Damiani confirma-o, neste extraordinário desempenho, sob a direcção do Maestro Gil Gonçalves.

Natalie Dessay dá voz e beleza  a Vocalise, fascinante peça  de Sergei Vasilievich Rachmaninoff (1873-1943).

sábado, 28 de janeiro de 2017

Personagens transitáveis

PEDRA DE TOQUE
As séries
Por MARIO VARGAS LLOSA
22 JAN 2017 - 12:43  CET
"A televisão finalmente encontrou um produto original e divertido do qual está tirando excelente proveito: as séries. Elas existem há muito tempo no cinema, pois me recordo de que, em minha longínqua infância cochabambina (na Bolívia), todos os domingos, com meu amigo Mario Zapata, o filho do fotógrafo da cidade, depois da missa na La Salle íamos ao cine Achá para ver os três episódios do filme em série da vez – costumavam ter doze–, aventureira e tranquilizante, porque nela os bons ganhavam sempre aos maus. Mas depois o cinema as esqueceu, e agora a televisão as ressuscitou com sucesso.
São geralmente muito bem feitas, com grande estardalhaço nos media, e mantêm a continuidade, apesar de os roteiristas e directores mudarem de um capítulo para outro e as histórias se alongarem ou encurtarem conforme o interesse que despertem nos telespectadores. Costumam ser entretenimento puro, sem maiores pretensões, com algumas excepções, como The Wire, fascinante exploração dos guetos e bairros marginais de Baltimore em que, acreditem ou não, quase todos os actores negros que tão bem pronunciam entredentes a gíria local... são ingleses!, e Borgen, sobre as intrigas e dilemas políticos desse civilizado país que é a Dinamarca. Mas talvez a diferença mais significativa entre as séries que distraem milhões de telespectadores e as que eu via no Cine Achá é que nas de agora invariavelmente os maus vencem os bons. Nelas, se alguém comete a impertinência de compará-las com o mundo real, ocorrem coisas disparatadas, absurdas, loucas. Mas isso nada importa, porque uma ficção, seja nos livros, no palco ou numa tela, se estiver bem contada, é crível, quer coincida ou destoe da vida que conhecemos através da experiência.
Algo a admirar nas séries norte-americanas, além da qualidade técnica e da formidável variedade de cenários e figurantes de que costumam dispor, é a liberdade com que utilizam factos e personagens da história recente, geralmente desnaturalizando-os, e a ferocidade com que, frequentemente, manipulam e distorcem as instituições e autoridades para conseguir maiores efeitos na narrativa e surpreender e envolver mais o seu público. House of Cards, por exemplo, uma das melhores, descreve a irresistível ascensão no labirinto do poder norte-americano de um casal de políticos inescrupulosos, cínicos e delituosos que, deixando ao longo de suas peripécias todo tipo de vítimas inocentes, incluindo algum assassinato, chegam nada menos que à Casa Branca com toda a legalidade. A série é muito divertida, os actores são excelentes, e a moral da história que fica se remoendo na memória do telespectador é que a política é uma actividade desprezível e criminosa, na qual só triunfam os canalhas, e na qual as pessoas decentes e idealistas são sempre esmagadas.
Não menos negativa é a visão da realidade política norte-americana e internacional na magnífica Homeland, cuja sexta temporada acaba de começar e que eu sigo com a avidez com que seguia, quando jovem, as sagas de Alexandre Dumas. Aqui não é a presidência dos Estados Unidos que está contaminada, mas nada menos que todas as agências de inteligência, a começar pela celebérrima CIA, cuja direcção é facilmente infiltrada por agentes russos ou jihadistas ou a mando de imbecis aos quais qualquer inimigo faz de bobo ou corrompe, sem que os heróicos Carrie Mathison – uma personagem psicopatológica que parece criada para o divã do doutor Freud –, Peter Quinn e Saul Berenson possam fazer nada para salvar o país e o mundo livre de sua inevitável derrota ante as forças do mal.
As séries são uma continuação directa das radio novelas e telenovelas e, sobretudo, dos romances seriados do século XIX – os famosos folhetins –, que, a princípio na França e na Inglaterra, mas depois em toda a Europa, os jornais publicavam semanalmente, e nos quais incorreram alguns grandes escritores como Dickens, Balzac e Dumas. Têm como denominador comum a agilidade, a efervescência da narrativa, a indisfarçável vontade de fazer os leitores ou espectadores se divertirem e nada mais, a falta de ambição intelectual ou estética e a simplicidade elementar da estrutura. E, também, a inverosimilhança. Nelas tudo pode acontecer, porque os seus autores e o seu público fizeram um pacto claríssimo: acreditar que se trata de ficção, invenções divertidas que não têm nada a ver com a realidade.
Isso é mesmo verdade? Se esmiuçarmos com atenção o ano que acaba de terminar, no aspecto fundamentalmente político essa verdade se parece muito com uma mentira. Porque somente  numa série televisiva se concebe que tenha ganhado as eleições presidenciais um senhor como Donald Trump, que, sem que sua voz trema, diz que os mexicanos que emigram para os Estados Unidos são “ladrões, estupradores e assassinos”, que o Brexit é um exemplo que outros países europeus deveriam seguir, que menospreza a OTAN tanto como à União Europeia e que admira Vladimir Putin por sua energia e liderança. As façanhas do ex-agente da KGB na Alemanha Oriental, agora no comando da Rússia, não têm por acaso algo das proezas terríveis e inauditas desses vilões das séries? Desde que subiu ao poder, engoliu parte da Ucrânia, mantém os enclaves coloniais da Abkházia e da Ossétia do Sul na Geórgia, ameaça invadir os países bálticos e, graças à sua intervenção armada na Síria, tem agora uma influência e protagonismo de primeira ordem no Oriente Médio.
Diferentemente do que ocorria durante a URSS, os jornalistas e opositores incómodos não vão para o Gulag, só morrem envenenados, em ataques a tiros ou espancamento nas ruas por misteriosos delinquentes que depois desaparecem como que num passe de mágica. Na Turquia, uma suposta tentativa de golpe de Estado deu margem à repressão mais selvagem e ao retorno do obscurantismo religioso e o despotismo que se acreditava ser coisa do passado. E a Venezuela, potencialmente um dos países mais ricos da Terra, no ano de 2016 chegou, na frenética corrida para a desintegração para a qual é conduzida pelo bando de demagogos e ineptos que a governam, a uma espécie de apoteose da crise terminal na qual o “socialismo do século XXI” a mergulhou. Será esse o destino da França se, como insinuam as pesquisas, a senhora Marine Le Pen, admiradora sem disfarces de Trump e de Putin, ganhar as próximas eleições presidenciais?
Ou seja, depois de tudo, bem se diria que o melhor espelho das coisas horripilantes que se sucedem ao nosso redor neste despontar do ano 2017 não está na grande literatura nem nos filmes realmente criativos, mas nessas séries que, como os “personagens transitáveis”, assim chamados por Flaubert, são meras pontes que cruzamos e esquecemos no mesmo instante durante esses passeios que damos para desanuviar a cabeça depois de muitas horas de trabalho.
Então, já que as coisas andam deste jeito sinistro, vamos nos distrair vendo séries na tela da TV, neste mundo surpreendente que, depois da extinção do comunismo, alguns ingénuos acreditávamos que havia empreendido um caminho resoluto para a liberdade e a prosperidade em vez de se transformar em nada mais, nada menos, do que um reality show.”
Madrid, Janeiro de 2017
Mario Vargas Llosa, em Artigo de Opinião publicado no jornal “ EL País”

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Sofro


«Sofro a necessidade do amor, penso às vezes. E creio senti-la.
Sofro do amor sem partilha, decepcionado. Sofro de desânimo, de desejo, de desalento; sofro.
Aperta-me, comprime-me a secura dos outros. O seu egoísmo, a sua insociabilidade, ou a sua falsa, interesseira sociabilidade, a sua dureza, a sua aridez, a sua volubilidade! Sinto-me repelida por tudo isto.
E não serei... não serei...
Haveria jamais amor que me contentasse?
Correspondência para a minha pobreza e ânsia?
Mas conquistada ela - com o que não sonho - não me sentiria liberta para me deslocar sempre, em corpo e em espírito, em realidade e em desejos?"
Irene Lisboa, in Solidão II, Ed. Presença, p.55 

Portugal: Douro vinhateiro, património mundial


O que de melhor existe em Portugal.
O Alto Douro vinhateiro  faz parte de uma série documental "Património Mundial" que reúne 14 filmes sobre edifícios e paisagens portugueses classificados pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade.
Das vinhas da Ilha do Pico, nos Açores, ao Mosteiro da Batalha, passando, claro, pelos Jerónimos e pelo centro histórico de Guimarães, esta série cobre parte do que de melhor existe em Portugal em património histórico construído e em paisagem natural.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O meu caminho

Um Caminho de Palavras
Sem dizer o fogo — vou para ele. Sem enunciar as pedras, sei que as piso — duramente, são pedras e não são ervas. O vento é fresco: sei que é vento, mas sabe-me a fresco ao mesmo tempo que a vento. Tudo o que eu sei já lá está, mas não estão os meus passos nem os meus braços. Por isso caminho, caminho, porque há um intervalo entre tudo e eu, e nesse intervalo entre tudo e eu, e nesse intervalo caminho e descubro o meu caminho.
Mas entre mim e os meus passos há um intervalo também: então invento os meus passos e o meu próprio caminho. E com as palavras de vento e de pedra, invento o vento e as pedras, caminho um caminho de palavras.

                   Caminho um caminho de palavras
                   (porque me deram o sol)
                   e por esse caminho me ligo ao sol
                   e pelo sol me ligo a mim

                   E porque a noite não tem limites
                   alargo o dia e faço-me dia
                   e faço-me sol porque o sol existe

                   Mas a noite existe
                   e a palavra sabe-o.

António Ramos Rosa, in "Sobre o Rosto da Terra", Covilhã: Livraria Nacional, col. Pedras Brancas, 1961; "Antologia Poética", prefácio, bibliografia e selecção de Ana Paula Coutinho Mendes, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001 – p. 67

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A Música e o Paraíso

A música, ao tornar subtil a matéria, ao anular-nos como presença física, torna-nos etéreos. 
Emil CioranLivro das Ilusões
«Não posso diferenciar as lágrimas da música» (Nietzsche). Quem não compreende isso instantaneamente nunca viveu na intimidade da música. Toda verdadeira música procede do pranto, já que nasceu da nostalgia do paraíso.
Emil M. Cioran , Lacrimi şi Sfinţi
Só o paraíso ou o mar poderiam dispensar-me do recurso à música
Emil M. Cioran , Lacrimi şi Sfinţi



Luka Sulic, numa bela interpretação de  Elegy (Elégie), de Gabriel Fauré, (12 Maio 1845 – 4 Novembro 1924), acompanhado pela Orquestra Filarmónica de  Zagreb, sob a direcção do Maestro  Ivo Lipanovic. 
O concerto realizou-se no Arena Zagreb, em 12 de Junho de 2012.