domingo, 26 de agosto de 2012

Ao Domingo Há Música


O Dia de descanso

Levei minha filha ao parque
e era Domingo.

Pelo Domingo, o parque
fica como o jardim do paraíso,
abertos os portões e nenhum deus.
Tudo inocência
entre verdura e saibro e cavalinhos
cabalisticamente numerados
até sete.

Levei minha filha ao parque
e era Domingo
e não havia o anjo com a espada de fogo.

Não que na minha filha
cuidasse o guardião:
rasteiros os arbustos sem sítio de maçã
e esta filha tinha só três anos.
o anjo era meu só,
velha dez vezes mais e proibida
por regras de baloiço.

Mesmo dez vezes mais, voei, e tudo ausente.
entre palmas e risos,
o anjo, o fogo, a espada, tudo ausente,
e o céu: só céu azul e limpo.

Levou-me a minha filha ao parque
e era Domingo,
o dia de descanso do anjo distraído
de expulsar e distraídos
os portões abertos.
Ana Luísa Amaral,in “ Imagias” , Lisboa, Gótica, 2002

Há sons, há vozes, há acordes e há melodias que transcendem as nossas expectativas. Levam-nos por caminhos inesperados, diferentes em tudo mas iguais na convergência das emoções e no deleite harmónico dos sons.
Neste dia de descanso de Agosto, o convite é formulado pelo famoso Chris de Burgh e as Celtic Woman em " I'm counting on you ", canção  que nos chega da Irlanda, país de grande tradição literária e musical. 





The night is so wild
And downstairs the child is sleeping
Her spirit is free
For more than an hour
I have walked in the rain
I've been wondering
What will she be?
But where are the heroes?
Where are the dreams that I had
When I was young?
Am I hoping in vain
Just to think
She could change anything?
Well, I'm counting on you



I'm counting on you
To bring that sweet gentleness to your world
And all that you do
My generation is losing its way
We don't know
What we're leaving for you
So may there be millions to feel like you do
Oh, my love



There is so much to know
There is so far to go
But you are not alone
When this is your world
And I'm counting on you
I'm counting on you



Come to me
Turn to me
Give me your eyes
When you see
The mysteries of time
Here there are those 
Who just live in the past
They will never 
Let history lie
And this sad little island
Is breaking my heart with it's dark
Shades of green
And as hard as I try
I just cannot see why this should be



There is so much to know
There is so far to go
But you are not alone
When this is your world
And I'm counting on you
I'm counting on you
I'm counting on you
I'm counting on you
Chris de Burgh



3 comentários:

  1. A poesia e a música juntam-se em excepcional parceria. Ao Domingo, o convite à fruição do descanso tem um outro encanto com os acordes das vozes. Chris de Burgh, as Celtic Woman e Ana Luisa Amaral formam um trio de grande qualidade, impossível de rejeitar.

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  2. A mão de pele acetinada, sólida, confortante, amarrada de ancoradoro, em passo largo e enérgico, que nos leva quase a "reboque", a mão... a mão que beijamos em criança ainda, e a quem dirigimos as nossas amarguras tenras da infância...E essa outra mesma mão, essa mão em que tornamos a pegar muito mais tarde, no depressa do fluir do tempo, a mão rugosa e cheia de nervuras, vacilante, tacteando o gesto, procurando o encontro, para levarmos a passear, em passo miudinho, ouvindo as queixas que nos tem para fazer, o rebobinar de uma memória esvaída no entardecer... Contámos com ela. Agora, ela conta connosco. Contámos sempre inserida num diapositivo demasiado veloz...

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    1. Onde se lê: "amarrada de ancoradouro", deve ler-se: "amarra de ancoradouro"...

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