Destinos
para ir em 2015
Ao longo dos próximos 12 meses não faltam motivos para vencer a inércia,
"fintar" o orçamento familiar e explorar alguns dos lugares mais
fascinantes da Terra. E, dessa forma, cumprir o verdadeiro sentido da viagem:
ganhar uma nova visão do mundo que nos rodeia. E de nós próprios
Rui
Tavares Guedes (artigo publicado na VISÃO 1139, de 1 de Janeiro)
COLÔMBIA - Regresso à opulência
Durante anos,
a Colômbia foi uma espécie de buraco negro no mapa dos viajantes: as notícias
diárias de sequestros, homicídios, ajustes de contas, atentados terroristas e
perseguições a narcotraficantes afastavam rapidamente o desejo de visitar o
país, apesar dos relatos sobre a beleza colonial de Cartagena das Índias, a
vibração de Bogotá, o pitoresco de Medellín e tudo o que os romances de Gabriel
García Márquez podiam fazer despertar no espírito dos seus leitores. Agora,
tudo está diferente.
O terrorismo
e o narcotráfico foram, aparentemente, derrotados, e o país conhece uma espécie
de renascimento, muito mais de acordo com a sua tradição cultural riquíssima,
assente numa natureza opulenta e uma situação geográfica ímpar. Prova disso
mesmo é a cidade de Medellín - durante anos associada ao tráfico de droga e à acção de gangues violentos.
Hoje, a
segunda maior cidade da Colômbia é quase uma metrópole modelo, com jardins
(muitos!), uma rede de transportes moderna (e muito bem vigiada pela polícia),
tudo pontuado com estátuas de Fernando Botero (artista local) e uma série de
museus que valem mesmo a pena. Vantagem adicional: a TAP tem voos directos para Bogotá.
Quando ir? - De Dezembro a Fevereiro chove
menos, mas em Agosto a Feira das Flores atrai muitos visitantes a Medellín?.
ÁUSTRIA -
Nos passos da família von Trapp
Mesmo os
nascidos muito depois de 1965 sabem entoar o início da canção - "The hills
are alive, with the sound of music" - e visualizar, facilmente, o rosto
sorridente de Julie Andrews na paisagem alpina. Quando se celebram os 50 anos
da estreia de Música no Coração, é natural que essa imagem - e a música -
ganhem uma nova a actualidade
As celebrações
do meio século do filme de Robert Wise incluem um festival em Salzburgo, em Junho, e vários agentes turísticos estão a preparar programas especiais nessa
cidade e em Viena, passando por alguns dos cenários mais reconhecíveis de
Música no Coração.
Quando ir? - O verão vai ser aproveitado, em
toda a Áustria, para celebrar o filme que deu uma imagem internacional ao país.
HOLANDA -
Sob o génio de Van Gogh
A 29 de julho
de 2015, celebra-se o 125.º aniversário da morte de Vincent van Gogh, um dos
pintores mais influentes e marcantes dos últimos séculos. Naturalmente, a
Holanda não vai deixar escapar a oportunidade e organiza, ao longo do ano, uma
série de iniciativas com as características necessárias para atrair milhares de
visitantes.
Assim, quem
visitar Eindhoven pode pedalar numa ciclovia muito especial, construída com
milhares de pedras luminosas, pelo artista plástico Daan Roosegaarde, que se
carregam de energia durante o dia e se iluminam à noite, numa homenagem ao
quadro Noite Estrelada (1889).
Em
Amesterdão, o Museu Van Gogh alterou já a sua exposição permanente, de forma a
proporcionar ao visitante um percurso sobre a obra do mestre. Em Setembro inaugura uma exposição especial em que mostra as semelhanças e diferenças entre
as obras de dois génios da pintura: Van Gogh e Munch.
As
comemorações vão decorrer um pouco por toda a Holanda, nomeadamente na região
de Brabante, onde o artista nasceu, cresceu e pintou a sua primeira grande
obra, Comedores de Batatas (1885).
Quando ir? Qualquer época do ano é boa?. Claro
que o inverno é rigoroso, mas pode compensar, visto que os preços nessa altura
também são mais baixos.
SINGAPURA
- Mudança em movimento
A pequena
cidade-estado celebra, em 2015, os 50 anos da sua independência, com um extenso
programa de comemorações que promete atrair muitos visitantes para uma nação
que, entre outras coisas, possui uma das melhores - e mais confortáveis -
companhias de aviação do mundo.
Esta pode
ser, de facto, a grande oportunidade de apreciar a enorme transformação que a
cidade sofreu no último meio século: hoje disputa com Xangai e Tóquio o título
de metrópole mais avançada do mundo, com os seus edifícios futuristas, um
sistema de transporte moderno e a proliferação, cada vez maior, de equipamentos
culturais e desportivos. Em 2015, a cidade vai receber os Jogos do Sudeste
Asiático (de 5 a 16 de Junho) e as comemorações do dia nacional (9 de Agosto)
prometem bater todos os recordes em termos de fogo de artifício. As celebrações
incluem ainda a inauguração do Passeio do Jubileu, um percurso pedestre pelos
locais históricos da cidade, onde se incluem alguns edifícios de origem
portuguesa, da época da expansão marítima.
Quando ir? O clima não tem grandes variações ao
longo do ano: espere encontrar sempre calor, muita humidade e períodos de
chuva. Entre Maio e Julho há, no entanto, uma época especial e imperdível para
os amantes das compras: a Great Singapore Sale, oito semanas de saldos em toda
a cidade!
TUNÍSIA -
A joia (barata) africana
Foi aqui que
começou, em 2011, a chamada Primavera Árabe e foi também aqui a que, poucos
anos passados, essa esperança de democracia se confinou. Depois de uma série de
revoluções e mudanças de poder - muitas vezes violentas - nos vários países do
Norte de África, apenas a Tunísia parece ter confirmado essa esperança,
assumindo-se como uma nação democrática aparentemente imune ao contágio dos
vírus do radicalismo islâmico dos seus vizinhos. Por isso, tem sido beneficiada
com a procura crescente de turistas - sector? absolutamente vital para a economia
do país.
Essa
tendência vai continuar a crescer em 2015, com os tunisinos a prepararem uma
série de iniciativas e programas capazes de atrair os visitantes estrangeiros.
Com um argumento muito especial: preços mais baixos do que os do Sul da Europa
(atenção Algarve!!!).
E o que tem a
Tunísia mais para oferecer? Uma enorme variedade de experiências: praias
mediterrânicas de areia branca e água quente; desertos, ruínas romanas, uma
rica cultura berbere, pequenas joias cosmopolitas como Sidi Bou Said e até os
cenários naturais de Star Wars, agora que está prestes a chegar mais um novo
filme da saga.
Quando ir? No final do verão, princípio de
outono, quando as multidões já desapareceram, os preços baixam ainda mais...
mas a água do mar está ainda mais quente!
Nos últimos
anos, os Açores têm surgido com grande relevo em quase todas as listas dos
locais a não perder compiladas pelas principais revistas de viagens, bem como
na avaliação dos agentes turísticos. As ilhas ?foram eleitas pela National
Geographic, pela sua natureza selvagem e intacta, e, em 2014, receberam a
distinção de "destino preferido" por parte da associação europeia de
agentes de viagens.
Em 2015 vão
ficar "mais perto": a liberalização do seu espaço aéreo leva a que,
durante o próximo ano, mais companhias passem a voar para o arquipélago,
nomeadamente as low-cost EasyJet e RyanAir (já a partir de final de Março, num
total de 20 voos semanais, a ligar o continente a Ponta Delgada).
Fazer férias
no arquipélago ou uma escapada de alguns dias para uma primeira exploração é,
sem dúvida, uma das grandes ideias para o próximo ano, por um preço
"amigo". E há motivos de sobra para cativar as crianças numa viagem
em família, mas que inclui também ingredientes de aventura: seja à descoberta
da natureza vulcânica, seja pela observação de cetáceos.
Quando ir? Qualquer época do ano é boa, mas
convém ficar atento às promoções, em especial das tarifas de lançamento com que
cada companhia aérea vai querer presentear os seus primeiros clientes nestes
voos.
MILÃO -
Ano de Expo
Para muitos,
a ideia de uma Exposição Mundial parece já uma coisa do passado, que nada tem a
ver com os tempos globalizados em que vivemos. Para quê juntar os pavilhões de
vários países quando podemos fazer isso, todos os dias, através da internet. A
verdade é que a experiência de percorrer os diferentes espaços de uma Exposição
Mundial deixa sempre marca no visitante. E em 2015, a cidade italiana de Milão
vai estar nas bocas do mundo precisamente por isso - e com um argumento forte
na disputa de turistas com as suas compatriotas e históricas Roma, Veneza e
Florença.
De 1 de maio
a 31 de Outubro, a Exposição Mundial de Milão espera acolher mais de 20 milhões
de visitantes, que poderão percorrer os pavilhões de cerca de centena e meia de
países, que tentam responder ao lema Alimentar o Planeta - Energia para a Vida.
Nessa medida, a exposição pretende assumir-se como uma experiência gastronómica
ímpar, já que cada país apresentará a sua culinária, dentro de princípios
saudáveis e sustentáveis - de tal modo que o pavilhão austríaco, por exemplo,
vai ser comestível...
A Expo
promete também alterar a experiência do turista habitual de Milão: erguida numa
espécie de ilha, pretende-se que os visitantes acedam ao recinto através dos
antigos canais da cidade, que foram recuperados para esse efeito.
Entre os
países lusófonos, apenas dois não marcaram ainda presença na Expo: Timor-Leste
e... Portugal.
Quando ir? De maio a Junho, nos primeiros ?meses
da Expo - quando ainda está pouco calor e há menos visitantes.
ILHAS
FAROE - Eclipse entre os vikings
As ilhas
Faroe só costumam aparecer no radar noticioso quando a sua selecção de futebol
joga nas fases de qualificação para um qualquer Europeu ou Mundial. E a imagem
que o resto do mundo tem deste pequeno arquipélago, entre a Noruega e a
Islândia, resume-se a isto: um grupo de jovens amadores, quase todo louros, que
jogam com grande determinação, embora com pouco jeito para a bola - mas também isso
está a mudar: em Novembro, foram a Atenas derrotar a Grécia.
Para mudar de
ideias sobre as ilhas Faroe não há nada como arranjar um pretexto para
descobrir o que escondem estas 18 pequenas ilhas, aparentemente perdidas no
Atlântico Norte, mas que foram, no passado, estratégicas para as expedições
vikings. Em 2015 há um excelente motivo para voar até a esta região autónoma da
Dinamarca: é um dos raros locais do mundo onde se poderá ver, a 20 de Março, o
eclipse total do Sol, o último observável na Europa na próxima década. Depois,
por lá, pode descobrir um arquipélago que parece ser uma mistura do melhor dos
Açores, da Nova Zelândia e da Islândia: paisagens verdejantes junto ao mar,
montanhas de onde a água escorre em quedas cenográficas, fiordes monumentais,
além de uma variedade incrível de espécies de aves. Tudo isto, num local com
criminalidade zero, com uma capital, Tórshavn, com apenas 19 mil habitantes,
mas onde todos o vão encorajar a fazer caminhadas. Sempre em cenários
inesquecíveis.
Quando ir? Em Março, por causa do eclipse de dia
20, naturalmente, mas os bons dias são mesmo entre junho e Agosto. Pode comprar
um passe que, por 90 euros, lhe dá direito a andar em todos os ferries e
autocarros das ilhas, durante sete dias.
ALENTEJO -
O cante e o vinho
Na atual
redescoberta de Portugal como destino turístico, as estatísticas não deixam
margem para enganos: os estrangeiros acorrem, em massa, para Lisboa, para o
Porto, vão para o Algarve e para a Madeira. Qual é o próximo destino interno
que promete sobrelotar? O Alentejo parece partir como favorito, especialmente
agora que o "cante" das suas gentes ascendeu a Património Mundial da
UNESCO e, em 2015, Reguengos de Monsaraz vai ser a capital europeia do vinho.
Enquanto a
invasão não acontece, vale a pena tentar aproveitar os "últimos momentos
de tranquilidade", nomeadamente os locais menos explorados, como os da
margem esquerda do Guadiana (o P?ulo do Lobo ainda é um sítio distante...),
muitas aldeias e castelos do n?orte alentejano, as muralhas de Portalegre, bem
como certas praias que, depressa, deixarão de ser desertas.
Quando ir? Qualquer época do ano, mas a beleza
das cores da paisagem apreciam-se melhor na primavera e no outono.
NAMÍBIA -
Aventura 'on the road'
Com algumas
das paisagens mais belas do planeta, uma sociedade surpreendentemente pacífica
e bem organizada, a Namíbia oferece uma das melhores experiências de viagem que
qualquer viajante pode aspirar - em especial para quem goste de conduzir em
espaços amplos, aprecie a vida selvagem e tenha gosto pela aventura.
O contágio é
conhecido há muito: não há quem venha de uma viagem na Namíbia a dizer que foi
"uma desilusão". Todos falam, isso sim, do maravilhoso céu estrelado
que se repete todas as noites; da beleza avassaladora da Costa dos Esqueletos,
onde as dunas do deserto chocam de frente com as ondas do Atlântico; do pôr do
Sol na savana, com a silhueta do elefante para a fotografia perfeita; da emoção
que é ver os animais selvagens no parque Etosha, e, naturalmente, a sensação de
segurança e tranquilidade que acompanha toda a viagem - bem cada vez mais
precioso nos dias que correm.
Quando ir? De maio a Outubro é o melhor para ver
os animais, mas, se quiser diversão, a cidade de Windhoec ganha animação, em Setembro e Outubro, com a germânica Oktoberfest!
ASTÚRIAS -
Picos, história e gastronomia
É a melhor
sensação de alta montanha... o mais perto possível. O Parque Natural dos Picos
da Europa é um dos mais bonitos da Península Ibérica e ideal para quem gosta de
caminhadas na natureza. Convém, desde já, fixar alguns dos locais mais icónicos
da montanha: Bulnes, Garganta do Cares, Collado Jermoso, Fuente Dé. A
experiência pode ser prolongada, ali perto, nos parques de Somiedo e de Redes.
Para além da
natureza no seu estado mais puro, as Astúrias têm ainda outros fortes motivos
de interesse. A começar, desde logo, pela História, muito ligada, aqui, ao
berço da reconquista cristã da Península. Essa memória é bem visível em Cangas
de Onis, mas também nas cidades de Oviedo (Património Mundial da UNESCO), Gijón
e Avilés.
A gastronomia
asturiana exerce também o seu apelo, cruzando as influências galegas e
francesas. A feijoada com enchidos (a fabada), lembra a nossa, e é um dos
pratos famosos da região. Queijos, doces como os frixuelos (semelhante a um crepe)
e a sidra são outros dos expoentes asturianos.
Quando ir? Na primavera e verão, mas evitando as
"pontes" dos feriados espanhóis, quando a região fica absolutamente
superlotada.
NICARÁGUA
- A "nova' Costa Rica
Até há bem
poucos anos, quando se falava de América Central, apenas a Costa Rica emergia
como destino - ajudando a criar, até, o chamado ecoturismo, hoje uma das
grandes tendências turísticas mundiais. Agora, a nova joia é a Nicarágua, até
porque é muito mais barato viajar por lá.
Apagados os
ecos da guerra, que assolou o país no final do século passado, a Nicarágua
caminha, a passo firme, com o propósito de atrair turistas às praias, aos
vulcões e grandes lagos, aos misteriosos rios lendários e às belas cidades
coloniais. É aqui que se encontra o segundo maior lago do continente americano:
o lago Cocibolca, também conhecido por lago Nicarágua. Uma das excursões
incontornáveis, a partir de Granada, é à Reserva Natural do Vulcão Mombacho,
uma joia em biodiversidade. E o coração da cidade de Granada é, por si só, uma
experiência sensorial inesquecível: carruagens de cavalos, meninos de
bicicleta, cambistas, mulheres com grandes chapéus coloridos vendendo frutos
exóticos. Uma soberba cidade colonial, com ruas amplas de maravilhosas casas
coloridas. Apesar de ter cerca de 200 mil habitantes (é a terceira cidade do
país), Granada lembra uma capital de província. Respira a um ritmo lento, mas
sedutor.
Quando ir? De Dezembro a Abril é a estação alta,
tanto em número de turistas... como de preços. Uma alternativa aceitável é
entre Maio e Outubro.
RIO MEKONG
- O pulsar do mundo
O planeta
está repleto de rios míticos, cursos de água que atravessam nações, mas definem
culturas e, por via disso, acabam por unir povos de uma forma que os políticos
jamais conseguirão. Mas embora não tenha a dimensão do Amazonas, do Nilo ou do
Danúbio, poucos rios têm, ao longo do seu curso e nas suas margens, a força
magnética e a fonte de culturas que o Mekong exibe no seu serpentear pelo Sudeste
Asiático.
Percorrer o
Mekong é hoje uma forma de viajar por algumas das mais vibrantes culturas e
civilizações do Oriente. E é, por si só, um programa turístico cada vez mais
popular e verdadeiramente alucinante. Embora não seja possível percorrer toda a
extensão do rio desde a nascente até à foz, qualquer troço que se faça nas suas
águas barrentas permite perceber como estamos na presença de uma das vias de
comunicação mais importantes do mundo. E que se está a tornar cada vez mais
popular entre os viajantes, tanto para os mochileiros como para os mais
endinheirados, graças aos novos barcos-hotéis que o cruzam.
A viagem é,
de facto, uma das mais mágicas que se pode fazer. Ao começarmos a subir o
Mekong, desde o seu delta, em Ho Chi Min, no Vietname, entramos num mundo sem
paralelo. E, se o aproveitarmos bem como via de comunicação, temos então a
oportunidade de "desembarcar" em alguns dos lugares que, sem qualquer
margem para dúvidas, deveriam estar na lista de qualquer viajante: mercados
flutuantes de Chai Doc e Cantho, no Vietname; o arquipélago de Si Phan Don e a
cidade mágica de Luang Prabang, no Laos; Phnom Penh, o lago Tonlé e as ruínas
de Angkor, no Camboja?, talvez o lugar mais inesquecível do planeta!
Quando ir? De maio a Outubro, durante a época das
chuvas, e quando há garantia de que o rio tem caudal suficiente.
IRÃO -
Desfazer os preconceitos
"Nunca
conheci ninguém que tenha estado no Irão e que não tenha gostado." Tony
Wheeler não diz este tipo de coisas por acaso. Ele é um apaixonado assumido pelo
Irão, desde que, em 1973, juntamente com a mulher Maureen, foi, por terra (e
mar...), de Inglaterra até à Austrália - a viagem que daria origem aos guias
Lonely Planet. Nesse longo e variado percurso, a simpatia das pessoas da antiga
Pérsia, a sua atenção para com os viajantes e a beleza tranquila das suas
cidades e aldeias, foi o que mais o impressionou. Para sempre.
Os tempos
mudaram, entretanto, mas quem viaja pelo Irão diz sempre que continua a sentir
o mesmo carinho e hospitalidade que Tony Wheeler elogia há mais de quatro
décadas. O poder autocrático do regime dos ayatollahs transformou o país numa
espécie de pária do mundo, mas não conseguiu destruir a essência civilizacional
das suas gentes: um povo habituado, durante séculos, a conviver com caravanas
de mercadores e viajantes, aberto ao mundo, curioso pela ciência e a natureza,
pátria de escritores e poetas.
Vencido o
preconceito "noticioso" tantas vezes colado ao Irão, este é um país
que merece ser descoberto. E não faltam motivos para isso: as ruínas de
Persepolis, os antigos abrigos das caravanas da Rota da Seda, as casas de chá
de Shyraz e Esfahan, a imponência da Praça Iman (património da Humanidade), os
mercados, os tapetes e, claro, a simpatia do povo.
Quando ir? De Abril a Junho e, depois, de Setembro a Novembro, quando o tempo é mais ameno.
MARROCOS -
O vizinho desconhecido
Há coisas
que, por vezes, são de difícil compreensão. Como é possível que um dos países
mais próximos de Portugal seja, em simultâneo, um dos mais desconhecidos para os
portugueses? A História de uma nação fundada na luta contra os mouros ajuda a
explicar alguma coisa, mas não é suficiente, oito séculos depois, para manter
os dois países tão afastados.
A verdade é
que Marrocos é um dos países mais fascinantes que um viajante ou um turista
podem encontrar, devido à sua imensa diversidade: cidades magníficas como
Marraquexe, Fez, Tânger, Agadir e Ouarzazate, montanhas de uma beleza rara,
praias mediterrânicas e atlânticas, cultura berbere e nómada, hotéis e
alojamentos sofisticados, desertos "esmagadores", mercados coloridos,
aldeias com carácter...
O mundo
começa agora a descobrir Marrocos, que se aproveita também da sua imagem de
tranquilidade numa região às vezes complicada. Está na hora dos portugueses
aproveitarem a oportunidade de descobrir o seu vizinho "perdido".
Antes que sejam os últimos a chegar...
Quando ir? A primavera e o outono são as
melhores estações para descobrir e explorar o país." Revista Visão
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