Com grandes esperanças já cantei,
Com que os deuses no Olimpo conquistara;
Depois vim a chorar porque cantara,
E agora choro já porque chorei.
Se cuido nas passadas que já dei,
Custa-me esta lembrança só tão cara,Que a dor de ver as mágoas que passara,
Tenho por a mor mágoa que passei.
Pois logo, se está claro que um tormento
Dá causa que outro na alma se acrescente,Já nunca posso ter contentamento.
Mas esta
fantasia se me mente?
Oh ocioso e
cego pensamento!
Ainda eu
imagino em ser contente?
Luís de
Camões, in "
Sonetos", ´Bertrand editora
Portugal é um país de gente que partiu e reparte todos os dias em demanda de melhores mundos. E fica-se, sem partir, de coração dorido pelos que vão. É gente nossa. Gente que faz Portugal. Gente que chora, labuta e sorri. Gente de coragem. Gente que sai porque Portugal não lhes abriu os braços. E quando partem, levam-nos também. A saudade marca-nos a todos. E, por isso, são cantadas, em português, as lágrimas de todos nós, repartidas por esse mundo fora.
E Dulce Pontes fá-lo magistralmente com Lidia Pujol e Mayte Martin em "Lágrima" durante um espectáculo para recolha de fundos para a Fundación Vicki Bernadet que auxilia vitimas de abusos sexuais na infância.
Dulce Pontes com Estrella Morente, em "Canção do Mar" na Gala de entrega dos Prémios Ceres de Teatro 2013 , no Teatro Romano de Mérida.
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