terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Da América Latina

"Vámonos patria a caminar, yo te acompaño.
Yo bajaré los abismos que me digas.
Yo beberé tus cálices amargos.
Yo me quedaré ciego para que tengas ojos.
Yo me quedaré sin voz para que tú cantes.
Yo he de morir para que tú no mueras,
para que emerja tu rostro flameando al horizonte
de cada flor que nazca de mis huesos."
Otto René Castillo, poeta, guerrilheiro e mártir guatemalteco

"Ai América,
que longo caminhar!
(...)
Ai América,
eu venho em nome do homem e sua agonia,
em nome de uma infância sem doçura.
E por isso eu venho falar de outra colheita
e de um vale semeado na montanha.
Eu venho anunciar o mel e a espiga
e a terra fértil e doce e repartida"
Manoel de Andrade , "Canção de amor à América", in " Poemas para a Liberdade",Ed. Escrituras, Brasil

Redução da pobreza na América Latina está estagnada, aponta Cepal
"A pobreza atingiu 167 milhões de pessoas na América Latina em 2014, o equivalente a 28% da população latino-americana. Destes, 71 milhões, ou 12% dos habitantes da região, estão na extrema pobreza, de acordo com estimativas do Panorama Social da América Latina 2014, divulgadas hoje (26) pela Comissão Económica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
O relatório mostra que a situação da pobreza na região vem se mantendo estável desde 2012, quando afectou 28,1% da população. Em 2013, o índice também foi 28,1%. Já a extrema pobreza na América Latina aumentou de 11,7%, em 2013, para 12%, em 2014. Segundo a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, a alta dos preços dos alimentos e a desaceleração económica da região são alguns dos factores para essa estagnação. “A pobreza persiste sendo um fenómeno estrutural e, desde 2012, a redução da pobreza estancou-se.”
Para Alicia, a recuperação da crise financeira internacional “não parece ter sido aproveitada suficientemente para o fortalecimento de políticas de protecção social que diminuam a vulnerabilidade diante dos ciclos económicos.” Segundo ela, num cenário de possível redução dos recursos fiscais disponíveis na região, são necessários mais esforços para assegurar as políticas sociais.
No Brasil, de acordo com o organismo regional, a pobreza caiu de 18,6% da população, em 2012, para 18%, em 2013. Já a extrema pobreza aumentou: de 5,4% para 5,9%. Segundo o director do escritório da Cepal no Brasil, Carlos Mussi, dos cerca de 34 milhões de brasileiros que estão na pobreza, 11 milhões estão em situação de extrema pobreza.
“O aumento dos preços dos alimentos tem impacto forte na indigência no Brasil e na América Latina. Ainda que o mercado de trabalho brasileiro tenha seu dinamismo, este vem diminuindo”, disse Mussi.
Para Alicia, o desempenho brasileiro vai depender muito “da intensidade e da duração do ajuste fiscal”.  “Até ao momento, a Cepal não detectou redução no mercado laboral, mas pode ser que [o ajuste] tenha algum impacto no mercado de trabalho”. Para ela, a retomada do crescimento, a manutenção do investimento e das políticas anticíclicas e a geração de emprego são importantes para a redução da pobreza.
O relatório ainda recomenda o “desenho de uma nova geração de políticas sociais associadas ao investimento com instrumentos e mecanismos que aumentem sua eficácia, eficiência, impacto e sustentabilidade”, e um foco maior nos jovens e nas mulheres” Ana Cristina Campos - Repórter da Agência Brasil ,  Edição: Denise Griesinger

Cresce o número de brasileiros em situação de pobreza extrema, revela Cepal
Estadão Conteúdo
BRASÍLIA - Dados da Comissão Económica para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgados nesta segunda-feira, 26, mostram uma elevação de 5,4% para 5,9% na quantidade de brasileiros que vivem em situação de extrema pobreza entre 2012 e 2013. Esse índice estava em 10,7% em 2005, segundo os critérios da Cepal.
O número de brasileiros situados em um quadro de pobreza, no entanto, continuou diminuindo: passou de 18,6% em 2012 para 18% em 2013 - eram 36,4% em 2005. A situação do Brasil difere dos demais países da região. O estudo da Cepal indica que o equivalente a 167 milhões de latino-americanos, ou 28,1% dos habitantes da região, estavam na condição de pobreza em 2013 - rigorosamente o mesmo índice registado um ano antes.
"A recuperação da crise financeira internacional não parece ter sido aproveitada suficientemente para o fortalecimento de políticas de protecção social que diminuam a vulnerabilidade frente aos ciclos económicos", afirmam os especialistas da Cepal no relatório "Panorama Social da América Latina 2014".
A piora do quadro da extrema pobreza no Brasil se opõe às manifestações públicas da presidente Dilma Rousseff ao longo da campanha do ano passado. Além de negar uma deterioração dos indicadores devido aos sucessivos anos de crescimento econômico fraco e de inflação recorrentemente rondando 6% ao ano, o governo também atravessou o ano de 2014 com embates políticos internos.
A direcção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) barrou, por três meses, a divulgação de um relatório técnico da sua área de estudos e políticas sociais, que divulgaria análises semelhantes à da Cepal sobre o quadro de pobreza no Brasil.
O documento da Cepal é montado a partir de dados levantados por cada país. No caso brasileiro, os dados vem da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). O estudo da Pnad, apesar de mostrar uma melhora do indicador de pobreza no País, indica que, em 2013, o Brasil continuava sendo o país com maior desigualdade de renda na região. Parte disso decorre justamente da piora do indicador de pobreza extrema.
Procurado, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) afirmou, por meio de sua assessoria, desconhecer os critérios de análise e formação dos indicadores de pobreza e de extrema pobreza da Cepal. O ministério informou que o governo brasileiro trabalha com o conceito do Banco Mundial e da Organização das Nações Unidas (ONU), que considera extrema pobreza alguém que vive com menos de US$ 1,25 por dia. A taxa de extrema pobreza aumentou de 2,9% para 3,1% entre 2012 e 2013, segundo o MDS.
"Entre 2001 e 2013 a taxa de extrema pobreza teria caído mais da metade, saindo de 8,1% para 3,1% da população; a taxa de pobreza teria caído quase três vezes, passando de 22,8% para 7,9%", cita o ministério em estudo técnico divulgado no fim do ano passado.”Agência Brasil
Diferentes manifestações da arte negra são premiadas no Rio de Janeiro
A terceira edição do Prémio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras, na noite de hoje (26), no Teatro Rival, no centro do Rio de Janeiro, contemplou 20 projectos de diferentes regiões do país, que actuam com expressões da cultura negra através da arte. O evento é uma iniciativa do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (Cadon), Petrobras e Fundação Cultural Palmares com o objectivo de abrir espaço às manifestações artísticas de estética negra.
Este ano foram inscritos 405 projectos, e a premiação totalizou R$ 1,4 milhão, distribuídos nas categorias dança, artes visuais, teatro e, pela primeira vez, música.
De acordo com a presidenta do Cadon, Ruth Pinheiro, o prémio contribui para elevar a cultura negra de todo o país, demonstrado pelo número de diferentes cidades que apresentaram projectos. "Foi o primeiro prémio nacional feito exclusivamente para contemplar projectos de cultura afro-brasileira, visando contemplar não só os artistas, mas também os produtores que trabalham com esta área e não têm recursos. A ação faz parte da democratização dos recursos de cultura. Já estamos na terceira edição, e tem sido um sucesso", relatou.
Além do prémio em dinheiro, os seleccionados também receberam troféu e tiveram seus nomes impressos em catálogo com todos os trabalhos vencedores, com o intuito de promover os trabalhos dos artistas.
Na categoria música, foram premiados projectos do Mato Grosso, Maranhão, Pará e de Minas Gerais. Já na categoria teatro, os prémios foram para o Ceará, Rio Grande do Norte, Pará, para Minas Gerais e o Rio de Janeiro. Na dança, os estados premiados foram Alagoas, Pernambuco, Tocantins, Minas Gerais e Rio de Janeiro; e nas artes visuais foram Distrito Federal, Paraíba, Pará, São Paulo e Paraná.
A ideia do prémio surgiu na Bahia, em 2006, durante o II Fórum Nacional de Performance Negra que abordou a necessidade de políticas públicas e editais de financiamento de valorização da cultura e dos artistas afro-brasileiros. A partir daí, já foram duas edições do prémio, em 2010 e 2011, com apoio do Ministério da Cultura. Elas premiaram em torno de 40 Projectos e artistas de todo o país.”Agência Brasil

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