"No meio dos
regimes totalitários e das incompletas e frágeis democracias do século XX havia
esperança acalentada por várias ilusões, pulsava uma tensão para um futuro que
a prática efectiva tornava inexequível. Um poema de Rodolfo Alonso (que a
Revista Brasileira acaba de republicar, n° 50, 2007, p. 6o), "Coda a los
ganados y a las mieses", traduz bem o nosso desacerto perante a derrocada
dessas miragens. Houve um tempo de esperança, mas perdemos o que ontem era
amanhã; então sonho de porvir, para nós já é passado que não se realizou.
Estamos sem futuro nem horizontes; nem sequer podemos sonhar os sonhos que
sonhávamos.
«De haber
sido futuro
hemos solo pasado.
Pasado del futuro.»"
Vitorino
Magalhães Godinho, in “A Europa como Projecto”, Edições Colibri, 2007
"O nosso desacerto", o nosso desequilíbrio é que nos concede o equilíbrio possível. Mas, à custa da adaptação, à custa de alguma dor... E de muito mais!
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