quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O nosso desacerto


"No meio dos regimes totalitários e das incompletas e frágeis democracias do século XX havia esperança acalentada por várias ilusões, pulsava uma tensão para um futuro que a prática efectiva tornava inexequível. Um poema de Rodolfo Alonso (que a Revista Brasileira acaba de republicar, n° 50, 2007, p. 6o), "Coda a los ganados y a las mieses", traduz bem o nosso desacerto perante a derrocada dessas miragens. Houve um tempo de esperança, mas perdemos o que ontem era amanhã; então sonho de porvir, para nós já é passado que não se realizou. Estamos sem futuro nem horizontes; nem sequer podemos sonhar os sonhos que sonhávamos.
«De haber sido futuro
hemos solo pasado.
Pasado del futuro.»"

Vitorino Magalhães Godinho, in “A Europa como Projecto”, Edições Colibri, 2007

1 comentário:

  1. "O nosso desacerto", o nosso desequilíbrio é que nos concede o equilíbrio possível. Mas, à custa da adaptação, à custa de alguma dor... E de muito mais!

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