segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O arco-íris de Eduardo Galeano


Na apresentação de seu livro mais recente, Eduardo Galeano revela a sua inspiração na cultura Maia, na sabedoria de que "somos todos filhos do tempo". Já no  início de 2012 , o escritor uruguaio estivera  em Cuba para a cerimónia dos Prémios da Casa de las Américas, famosa instituição cultural cubana.Na conferência de Imprensa  falou sobre temas variados e comentou os  seus mais recentes livros, “Espelhos” e “Os Filhos dos dias”,  do seguinte modo:
“Agora em Cuba será publicado o meu novo livro(…) O livro  chama-se "Espelhos"; é nada mais nada menos que uma tentativa de escrever uma história universal com o mundo visto através do olho de uma fechadura, através de pequenas histórias, histórias pequeninas que não dão importância às fronteiras do mapa nem do tempo e que tentam contribuir para a recuperação do arco-íris terrestre. Eu sou daqueles que crêem que o arco-íris terrestre é mais belo e deslumbrante do que o arco-íris celeste, mas estamos cegos dessas cores, essas cores que nos demonstram que somos mais do que nos dizem que somos, porque carregamos uma herança de mutilações, que vem da época colonial e continua viva; mutilações universais, como, por exemplo o machismo, o racismo, o militarismo e outros ismos que nos deixam cegos de nós mesmos. Este livro tenta recuperar essas cores, esses fulgores.Vou apresentar também alguns pequenos trechos de outro livro que ainda não foi publicado, mas que vai sair espero que, em Março, na Espanha, Uruguai, Argentina e México. Chama-se "Os filhos dos dias" e  parece-se muito com "Espelhos". Está guiado pela mesma intenção de recuperar o arco-íris terrestre, mas tem uma estrutura diferente. É como um calendário e a cada dia corresponde uma história que pode ter ocorrido em qualquer ano e em qualquer lugar do mundo. Então se mesclam coisas que ocorreram duzentos anos antes de Cristo com coisas que ocorreram no ano passado. A cada dia corresponde uma história, e chama-se "Os filhos dos dias" porque eu tinha guardado há alguns anos, algumas coisas que escrevi quando estava na Guatemala, há muitos anos, ali por volta de 1966 ou 1967 e têm a ver com a cultura Maia, que é deslumbrante; é uma cultura onde o tempo funda o espaço. Eu tentara fazer uma síntese do que tinha escutado nas comunidades para ver se alguma vez podia ajudar o mundo a se tocar com essas  coisas. Por certo, é uma cultura muito manipulada por quem a usa mal, não os maias, mas pelos que a usaram para vender horóscopos falsos ou para vender medo, com toda esta história de que os maias disseram que em 2012 o mundo vai acabar; é um disparate total, nunca nenhum maia disse semelhante coisa.Eu tinha feito algumas anotações, algumas sínteses e guardei-as. Agora uma delas serve de introdução a este livro, diz o seguinte: ‘E os dias caminharam e eles, os dias, nos criaram. Nós, os filhos dos dias, os averiguadores, os buscadores  da vida’ ”.Fonte: Cubadebate e YouTube

Saiba mais sobre o livro e ouça na voz do autor a leitura de uma das histórias 
d’ “Os Filhos dos Dias.”

1 comentário:

  1. Eduardo Galeano, estudioso da cultura Maia, alerta-nos para a mistificação que se produziu e reproduziu à volta do conhecimento avançado e ímpar de um povo desconhecido para o resto do mundo, e que se "desintegrou" por razões enigmáticas há mais de cinco séculos.
    Recuperar o nosso "arco-íris terreste" é um desafio para o nosso quotidiano, para o quotidiano de cada um de nós. Uma caminhada em busca de um novo (quiça...) mais belo esplendor! O ser humano acima de tudo.

    ResponderEliminar