“Voltaire (1694 – 1778), foi um dos ilustres fundadores do iluminismo, um aguerrido
defensor de causas e o manejador de uma das mais vivas e acutilantes penas que
jamais existiram em França ou algures. Prolífico escritor, filósofo, contista,
poeta, dramaturgo, ensaísta, historiador, epistológrafo que nos legou um
admirável acervo de correspondência inimitável, certeira, escorreita, sempre
ladina e instrutiva (cerca de 20 000 espécies, de que possuo apenas
1000…), este incansável promotor e agitador de ideias, que não hesitou em
opor-se ao Rei e à Igreja Católica, pagou a sua temeridade com a Bastilha (duas
vezes) e o exílio em Ferney, perto de Genebra. O que não o impediu de ser
eleito para a Academia Francesa e de, no final da vida, ter beneficiado de um
cortejo triunfal até Paris. Frederico da Prússia fez tudo para o ter como
hóspede, na sua corte, e Ferney tornou-se a corte intelectual de toda a Europa.
Deixou-nos
várias obras de valor perene, mas bastaria o seu inigualável CANDIDE, para ficar, para sempre na
história da literatura universal. E, já agora, a sua novela ZADIG OU O DESTINO, é um magnífico
precursor do romance policial.
Dou, a seguir,
de entre as centenas de aforismos insertos na sua obra, 15 que escolhi e
traduzi.”
Eugénio Lisboa, 10.02.2024
O melhor governo é aquele onde há o mínimo de homens
inúteis.
A felicidade é frequentemente a única coisa que se
pode dar sem se possuir e é, dando-a, que ela se obtém.
Fala-se sempre mal quando nada se tem a dizer.
Revelar o segredo de outro é traição, revelar o seu
próprio é tolice.
Decidi ser feliz porque é bom para a saúde.
O fanático é um monstro que ousa dizer-se filho da
religião.
A beleza agrada aos olhos, a doçura encanta a alma.
A política é a arte de mentir a propósito.
Aquilo a que chamamos acaso é talvez, apenas, a
causa ignorada de um efeito conhecido.
Não estou de acordo com o que V. diz, mas
bater-me-ei até ao fim para que o possa dizer.
Achou-se, em boa política, o segredo de fazer morrer
de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os outros.
A dúvida é um estado mental desagradável, mas a
certeza é ridícula.
Não foi Deus quem inventou o homem, mas o homem quem
inventou Deus.
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