Ganimedes, a maior lua de Júpiter e do sistema solar, tem um vasto oceano de água salgada debaixo da espessa crosta gelada e maior do que todos os oceanos da Terra juntos, foi hoje revelado.
"As conclusões, que se baseiam nas observações do telescópio espacial Hubble, das agências espaciais norte-americana NASA e europeia ESA, confirmam o que os cientistas suspeitavam anteriormente.
"Um oceano profundo, sob a crosta gelada de Ganimedes, abre ainda mais possibilidades quanto à existência de vida para além da Terra", afirmou John Grunsfeld, responsável pela investigação na NASA, defendendo que a descoberta marca "uma etapa significativa".
Para o director da divisão de ciência planetária da NASA, Jim Green, este oceano "comunicou" com a superfície do satélite natural num passado longínquo.
Segundo os investigadores, o oceano tem uma profundidade de cem quilómetros, dez vezes maior do que a dos oceanos da Terra juntos, e está sob uma crosta de 150 quilómetros formada essencialmente por gelo.
Desde a década de 70 que os estudiosos de planetas suspeitavam, com base em modelos de estudo de grandes luas, que Ganimedes, descoberta em 1610 pelo astrónomo Galileu, poderia ter um oceano, lembrou um dos principais autores da investigação hoje divulgada, Joachim Saur, da Universidade de Colónia, na Alemanha.
As novas observações com o Hubble, a partir de raios ultravioleta, permitiram detectar e estudar as auroras nas regiões polares de Ganimedes, que, como as da Terra, são provocadas pelo campo magnético.
Ganimedes está sob influência do campo magnético de Júpiter, planeta gasoso do qual está próxima e que é o maior do sistema solar. Cada vez que o campo magnético de Júpiter muda, as auroras sobre Ganimedes também se alteram.
Observando o movimento das auroras, os cientistas conseguiram determinar a existência de um vasto oceano salgado debaixo da camada de gelo, que afecta o campo magnético do satélite de Júpiter.
Uma vez que a água salgada é condutora de electricidade, o movimento do oceano influencia o campo magnético.
Ganimedes possui um diâmetro de 5.262 quilómetros, sendo, por isso, maior do que Mercúrio (4.879 quilómetros).
A existência de um oceano líquido sob uma camada de gelo já foi confirmada em Europa, outra das quatro maiores luas de Júpiter.
Recentemente, a NASA anunciou o envio de uma missão robótica para Europa, considerada, por um dos responsáveis científicos da agência espacial, Robert Pappalardo, como um dos lugares do Sistema Solar onde há maior probabilidade de ser encontrada vida.
O cientista explicou que a maior Lua de Júpiter tem uma crosta de gelo relativamente fina, sob a qual existe um oceano líquido em contacto com rochas profundas, é geologicamente ativa e é bombardeada por radiações que criam oxidantes e formam, ao misturarem-se com a água, uma energia ideal para alimentar a vida.
Na quarta-feira, a revista Nature noticiou a descoberta, por parte de investigadores norte-americanos, de que Encelado, uma Lua de Saturno, tem uma atividade hidrotermal, o que abre a possibilidade da existência de vida.
Os peritos analisaram os dados enviados pela sonda Cassini, da NASA/ESA, que revelaram poeiras de rocha ricas em silício ejectadas por geiseres (nascentes em erupção que lançam jactos de água quente e vapor)." Lusa, 12.03.2015
Um oceano primitivo em Marte continha mais água do que o Oceano Ártico na Terra e cobria uma maior superfície do "planeta vermelho" do que a que é coberta pelo Oceano Atlântico no "planeta azul", revela um estudo.
Em comunicado, o Observatório Europeu do Sul (OES) refere que os resultados foram obtidos a partir dos espectrógrafos dos telescópios VLT, do OES, e do ITF e do Observatório W. M. Keck, ambos da NASA, que operam no infravermelho e com os quais uma equipa internacional de astrofísicos conseguiu distinguir as assinaturas químicas de dois tipos de água atmosférica.
Com estes instrumentos, os cientistas mapearam "as propriedades da água em diversas regiões da atmosfera" de Marte durante cerca de seis anos.
"O nosso estudo dá-nos uma estimativa robusta da quantidade de água que Marte teve no passado, através da determinação da quantidade de água que se perdeu no espaço", sustenta o autor-principal da investigação, Geronimo Villanueva, que trabalha no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, em Greenbelt, nos Estados Unidos.
Segundo a equipa de investigadores, a estimativa "baseia-se em observações detalhadas de duas formas ligeiramente diferentes de água na atmosfera de Marte". Uma, explica o OES, "é a familiar forma da água, composta por dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio", e a outra "é água semipesada, uma variação que ocorre naturalmente, na qual um dos átomos de hidrogénio é substituído por um átomo de deutério".
A nota do Observatório Europeu do Sul assinala que, há cerca de quatro mil milhões de anos (o Universo tem cerca de 14 mil milhões de anos) o jovem planeta Marte "devia ter água suficiente para cobrir toda a sua superfície com uma camada líquida de cerca de 140 metros de profundidade".
Contudo, adianta o OES, "o mais provável é que o líquido se tenha juntado para formar um oceano que ocuparia quase metade do hemisfério norte de Marte, onde algumas zonas teriam atingido uma profundidade de mais de 1,6 quilómetros".
No estudo, publicado hoje na revista Science, os cientistas fizeram, de forma repetida, os mapas da distribuição de água normal e água deuterada (esta última perde-se menos no espaço devido à evaporação) ao longo de quase seis anos terrestres, o equivalente a perto de três anos em Marte.
Ao compararem a razão de água deuterada para água normal, os astrofísicos "podem medir quanto é que aumentou a fracção de água deuterada e, assim, determinar quanta água é que escapou para o espaço, o que, por sua vez, permite estimar a quantidade de água que Marte tinha no passado".
Os mapas de distribuição revelaram "variações sazonais e microclimas" na água atmosférica, apesar de Marte ser actualmente um deserto, o que, para os investigadores, pode ser útil na procura de água subterrânea no planeta." Lusa, 5.03.2015
No equinócio da Primavera, a Lua vai tapar o Sol e as marés vão
ser maiores
Nicolau Ferreira, Público
19/03/2015 - 07:08
"O Sol vai ficar parcialmente tapado em Portugal na sexta-feira, no mesmo
dia do equinócio da Primavera. Estes fenómenos conjugam-se para produzir marés
anormalmente altas.
Por ano, há normalmente dois eclipses solares na Terra. O primeiro de
2015 é já sexta-feira de manhã e será total para quem o vir no Atlântico Norte,
nas ilhas Feroé (Dinamarca) e nas ilhas Svalbard (Noruega), quando a Lua tapar
completamente o Sol durante dois minutos e 47 segundos, e a noite cair
subitamente naquela região. Em Portugal, o fenómeno não será tão evidente, já
que o eclipse será apenas parcial, mas, se as nuvens deixarem, será possível
sentir uma diminuição de luminosidade, garantem os astrónomos.
Nas ilhas da Terceira e do Faial, no arquipélago dos Açores, este
fenómeno astronómico será mais espectacular: aí, a Lua vai tapar 74,7% da área
do Sol, por volta 7h50. Enquanto na Madeira, só 57,2% do Sol ficará encoberto,
às 8h45. No Continente, onde o ponto máximo do eclipse será por volta das 9h, o
fenómeno será mais completo à medida que se caminha para norte: em Faro, apenas
62,3% do Sol ficará tapado, enquanto em Braga ficará escondido em 72,4%.
Mas tudo dependerá do tempo que fizer na altura. O Instituto Português do
Mar e da Atmosfera promete aguaceiros fracos para o Continente e a Madeira, e
nuvens para os Açores. “Se fosse um dia de céu limpo, seria mais fácil de
perceber [o efeito]”, disse ao PÚBLICO Rui Agostinho, director do Observatório
Astronómico de Lisboa (OAL). Em Lisboa, acrescentou o astrónomo, 66,9% do Sol
ficará ocultado, e “isto nota-se”.
Por isso, vários observatórios astronómicos e centros de ciência do país
prepararam postos de observação para quem quiser — e provavelmente antes de ir
para o trabalho ou para a escola — começar o dia de uma forma diferente.
O eclipse irá durar em média duas horas. Em Lisboa, inicia-se às 7h59,
atinge o seu ponto máximo às 09h01 e termina às 10h08. Na Faculdade de Ciências
da Universidade de Lisboa, no Campo Grande, estarão quatro telescópios
apontados para o Sol, com as devidas protecções para os olhos. Haverá postos de
observação no Planetário do Porto, nos centros da Ciência Viva em Aveiro,
Bragança, Coimbra, Constância, Faro e Tavira, no Observatório Astronómico de
Santana, na ilha de São Miguel, e na Universidade da Madeira, entre outros.
“Nos Açores, temos realmente as melhores condições, as mais favoráveis,
para observar este eclipse parcial”, disse Pedro Garcia, técnico do
Observatório Astronómico de Santana, à agência Lusa. Neste observatório haverá
material necessário para quem quiser observar o fenómeno celeste, com o custo
de um euro para os maiores de 12 anos. “Irá notar-se uma ligeira redução da
luz. Irá escurecer um pouco e será visível em todo os Açores.”
Para observar o eclipse fora dos locais preparados, é necessário ter
óculos especiais para não pôr em perigo a visão.
Coincidências
astronómicas
O Sol é 400 vezes maior do que a Lua, mas como a Lua está 400 vezes mais perto da Terra do que o Sol, consegue tapá-lo completamente quando passa entre o Sol e a Terra. De vez em quando, Vénus também passa entre a Terra e o Sol, mas estando muito mais longe de nós, o que se vê é apenas uma pequena bolinha escura a atravessar-se no meio da nossa estrela (como ocorreu em Junho de 2012 e agora só voltará a fazê-lo em 2117).
O Sol é 400 vezes maior do que a Lua, mas como a Lua está 400 vezes mais perto da Terra do que o Sol, consegue tapá-lo completamente quando passa entre o Sol e a Terra. De vez em quando, Vénus também passa entre a Terra e o Sol, mas estando muito mais longe de nós, o que se vê é apenas uma pequena bolinha escura a atravessar-se no meio da nossa estrela (como ocorreu em Junho de 2012 e agora só voltará a fazê-lo em 2117).
Mesmo assim, nem sempre a Lua produz um eclipse solar total. O fenómeno
de sexta-feira é apenas o 10º eclipse solar total do século XXI, apesar de
geralmente haver dois eclipses solares por ano. Parte deles são parciais,
quando a Lua não fica completamente à frente do Sol, outros são anulares —
quando a Lua tapa o centro do Sol, mas fica visível um anel de Sol.
Isto deve-se à variação da distância entre a Lua e a Terra durante a
órbita elíptica do satélite natural. Os eclipses anulares ocorrem quando a Lua
está mais longe. E vista a partir do nosso planeta, ela torna-se mais pequena e
não consegue tapar o Sol na totalidade. Em Outubro de 2005, foi possível
observar um eclipse solar anular no Norte de Portugal.
Mas no eclipse desta sexta-feira sucede justamente o contrário. Nesta
quinta-feira, a Lua atinge o perigeu — o ponto da sua órbita mais perto da
Terra, a apenas cerca de 362.600 quilómetros de distância. Por isso, vai
conseguir tapar todo o Sol, produzindo uma região de eclipse total numa faixa
com uma largura entre os 410 e 480 quilómetros, segundo o OAL, ao longo de uma
linha de 5600 quilómetros no Atlântico Norte, avança a agência AFP.
Uma sonda que estivesse a filmar o fenómeno no espaço iria registar uma
grande sombra a surgir a sul da Gronelândia e a deslizar pelo Atlântico,
passando entre a Islândia e o Reino Unido, rumando depois para norte e galgando
o arquipélago de Svalbard, até desaparecer no Pólo Norte, na região onde já
será noite."
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