Manoel de Oliveira estreia filme no dia em que faz 106 anos
"Produtora admite conversas para novos projectos, que dependem «da disponibilidade física e de saúde» do realizador.
A curta-metragem «O Velho do Restelo», a mais recente obra de Manoel de Oliveira, estreia-se esta quinta-feira em Portugal, dia em que o realizador completa 106 anos.
«O Velho do Restelo» é descrito pelo actor Ricardo Trêpa como a visão de Manoel de Oliveira dos «tempos que correm, que não são famosos, através de escritos antigos e feitos de grandes figuras da cultura portuguesa e não só».
Da parte da produtora O Som e a Fúria, Luís Urbano afirmou que a recepção ao filme no circuito de festivais foi «entusiástica» e que tem havido conversas sobre futuros projectos, dependentes «da disponibilidade física e de saúde» de Manoel de Oliveira, admitindo que, com o realizador, «tudo é possível».
Ricardo Trêpa, neto de Manoel de Oliveira, realçou o ânimo do realizador, sublinhando que «a saúde, para ele, não é uma barreira».
«Até partir, assim será o raciocínio dele. Sempre foi um lutador. Não é agora que vai desistir de uma máxima de vida que é: eu quero e hei de conseguir. Vai até ao fim acreditar que vai fazer mais filmes».
A curta-metragem reúne, num banco do século XXI, Dom Quixote, o poeta Luís Vaz de Camões e os escritores Teixeira de Pascoaes e Camilo Castelo Branco, a partir, precisamente, de um texto de Pascoaes.
O filme baseia-se em partes do livro «O Penitente», de Teixeira de Pascoaes, tem argumento do cineasta e teve estreia internacional no Festival de Veneza, em Setembro.
Numa entrevista publicada em Novembro pela revista norte-americana Variety, Manoel de Oliveira disse que «O Velho do Restelo» é uma «reflexão acerca da humanidade».
A estreia do filme em território nacional concretiza-se esta quinta-feira, no Cinema Ideal, em Lisboa, e no âmbito do festival Porto/Post/Doc, no Porto.
«O Velho do Restelo» vai ser exibido com três outras curtas-metragens de Oliveira: «Os Painéis de São Vicente», de 2010, o documentário de estreia «Douro, Faina Fluvial», de 1931, e «O Pintor e a Cidade», de 1956."DD
Manoel de Oliveira recebeu a Legião de Honra francesa por "carreira fora do comum"
“A cerimónia decorreu no Museu de Serralves, no Porto, com a presença do embaixador de França em Portugal. O realizador agradeceu em francês
O realizador Manoel de Oliveira foi hoje distinguido com a Legião de Honra francesa, por uma carreira que o embaixador francês em Portugal, Jean-François Blarel, descreveu como "fora do comum", marcada por laços de amizade com aquele país.
Numa cerimónia que decorreu no Museu de Serralves, no Porto, o embaixador francês salientou as ligações francófonas de Manoel de Oliveira, mostrando "orgulho por que parte da obra tenha sido realizada em França" e em francês, lembrando as diversas distinções que o realizador português já recebeu ao longo da carreira, desde o prémio Robert Bresson à Palma de Ouro pela carreira, em Cannes.
"É para mim uma grande honra receber, da parte da França, esta distinção", afirmou Manoel de Oliveira, em francês, antes de agradecer à França e de dizer "Viva o cinema!" perante uma assistência que incluía o secretário de Estado da Cultura, o presidente da Câmara Municipal do Porto e o realizador João Botelho.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, relatou que, muitas vezes, é questionado sobre se Manoel de Oliveira é do Porto: "Eu costumo dizer que o Porto é de Manoel de Oliveira."
Jean-François Blarel elencou a série de vidas contidas nos quase 106 anos - a completar na quinta-feira - do realizador de "Douro, Faina Fluvial", desde o ator de "Fátima Milagrosa" ao dançarino de "Inquietude", passando por tantos outros.
O diplomata sublinhou tratar-se de um "realizador genial, sempre de uma modernidade radical, sem cessar de se colocar em causa, de explorar novas estéticas e manifestando sempre a consciência forte do valor artístico do cinema".
Por seu lado, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, em comunicado, enalteceu hoje o realizador Manoel de Oliveira como uma "referência do cinema nacional e mundial", no dia em que o cineasta foi distinguido pelo Governo de França.
Passos Coelho afirmou, no comunicado, que se "congratula com a atribuição, por parte do Estado francês, das insígnias de Grande Oficial da Legião de Honra de França ao realizador Manoel de Oliveira".
O primeiro-ministro recordou ainda que o Estado português também já distinguiu a "carreira ímpar de Manoel de Oliveira", com a Comenda da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1980), com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1988) e com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D.Henrique (2008)."DN, 9.12.2014
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