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Fui Professora. Descobri que já o era há muito, quando estudava com os meus irmãos mais novos. Ensinar-aprender-ensinar ou na esplêndida expressão francesa e na teoria defendida por Jacques Delors " faire apprendre" pour apprendre foi sempre o meu mundo. Um mundo a que me entreguei com toda a minha curiosidade e desvelo.
Foram décadas de imenso prazer e de muito labor. Ser professor não é uma profissão maior ou menor. Ser professor é entregar, é receber, é ser , é fazer. Ser professor é nunca deixar de o ser. Fica-nos. Somos ou não somos, enquanto a vida ainda nos suporta, apesar da cortina, do pano ter encoberto o palco. Sê-lo-emos perante nós e perante o que fomos. A revisão da vida faz-se naquilo que somos. Olhamos para o que fizemos com a percepção do que nos ficou. E se ficou. Anos e anos de rostos que nos olharam, que nos acreditaram e que cresceram connosco. Tempo que amadureceu e nos fortaleceu numa relação ímpar: a aprendizagem. O tempo da construção. O tempo do espanto. O tempo da descoberta.
E como falar desse tempo num tempo em que a Educação resvala para o fosso do imprevisível. Ontem, foi o dia do luto. O dia em que ser professor não era mais o tempo de o querer ser. E se ser professor exige determinação, segurança , desvelo e conhecimento ficaram todos eles embrulhados num pacote deformado e desalinhado junto às escolas deste meu país.
E se o meu país não sabe reconhecer-se na Escola é um país doente. Sofre da maior enfermidade.
Ah! meu pobre Portugal. Que te fizeram? Que nos fizeste? Hei-de chorar-te ainda mais?
Maria José Vieira de Sousa
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