segunda-feira, 21 de julho de 2014

Os Livros de Julho

O terceiro volume das Obras Completas, de Urbano Tavares Rodrigues foi lançado pelas Publicações Dom Quixote, a 8 de Julho . Este tomo é composto por quatro livros publicados entre 1961 e 1964: Os Insubmissos, Exílio Perturbado, As Máscaras Finais e Terra Ocupada. Nestas obras «sobressai o escritor de resistência dos anos 60 e 70 que, regressado a Portugal, se empenha a fundo na denúncia do sistema, tornando a sua ficção grito de revolta».
Na Nota Prévia, Urbano Tavares Rodrigues confessa :«Os anos sessenta impunham-nos a dimensão do testemunho e do protesto, a que não me furtei.»

As miniaturas é o novo romance da escritora brasileira Andréa del Fuego, vencedora do Prémio Saramago 2011.O romance,com a chancela da Porto Editora, aflora «a ténue fronteira que separa o sonho da realidade» e «confirma a poeticidade e delicadeza da escrita de Andréa del Fuego»
Sinopse: «Num prédio que pode ou não existir, as pessoas acumulam-se numa fila junto ao elevador. É o Edifício Midoro Filho, um marco imponente no centro da cidade, dezenas de andares empilhados numa arquitectura sóbria e funcional. Conforme se espalham pelos corredores, funcionários e visitantes ocupam as salas burocraticamente decoradas.
Cada oneiro atende sempre as mesmas pessoas que não se podem conhecer entre si e tão-pouco manter algum parentesco. Mas o sistema não é infalível, e, naquela manhã, o oneiro percebe que o rapaz diante de si é filho de uma de suas clientes.
A partir desse equívoco burocrático, o oneiro abandonará cada vez mais o seu rigoroso código de conduta para se envolver na vida do rapaz e da sua mãe, uma taxista que sobrevive a duras penas após o desaparecimento do marido.
No jogo das pequenas esculturas plásticas que auxiliam os clientes durante as sessões com os oneiros, a autora ilumina as brechas que existem entre o real e o imaginado, o amor e a dedicação, numa prosa de arrebatadora força poética.»

"A Dom Quixote editou, em lançamento mundial, Impérios em Guerra – 1911-1923, no ano em  que se assinala o centenário da I Guerra Mundial.
O livro, com coordenação de Erez Manela, professor de História na Universidade de Harvard, e Robert Gerwarth, professor de História Moderna no University College de Dublin, resulta da colaboração de vários historiadores e conta com 16 artigos.
O historiador português Filipe Ribeiro de Meneses escreve sobre O Império Português nesta obra, de acordo com o conflito que sucedeu ao assassínio do arquiduque Francisco Fernando, em Sarajevo, a 24 de Junho de 1914.
Sinopse: «Olhar para a Grande Guerra como uma guerra de sobrevivência e expansão imperiais ajuda a colocar o conflito num contexto espacial e cronológico mais lato, iniciado com a invasão italiana de territórios otomanos no norte de África, em 1911. O quadro imperial torna também mais fácil ver que a violência em massa da guerra não acabou como armistício de 1918 e que a violência que antecedeu Agosto de 1914 pertenceu, na verdade, ao mesmo processo de realinhamento de padrões de poder e de legitimidade globais. Os conflitos violentos em larga escala grassaram durante anos após 1918 porque a Grande Guerra destruiu os impérios dinásticos da Rússia, da Áustria-Hungria e da Turquia otomana e criou uma zona fronteiriça fortemente disputada no Oriente alemão A violência em larga escala só chegou ao fim em 1923, com o Tratado de Lausanne, que estabilizou, pelo menos temporariamente, o conflito pós-imperial no sudeste da Europa e na Ásia Menor.»
Contos Maravilhosos, de Hermann Hesse, estão nas Livrarias desde 8 de Julho, lançados  pelas Publicações Dom Quixote.
Sobre o livro: «Poucos leitores parecem estar cientes de que Hermann Hesse, o autor de romances épicos como O Lobo das Estepes ou Siddharta, escreveu igualmente magníficos textos de prosa poética. Esta colectânea reúne os contos mais emblemáticos da obra do autor, onde se inclui Os Dois Irmãos (Die beiden Brüder), o seu primeiro trabalho em prosa, escrito quando Hesse tinha apenas dez anos.
São pequenas histórias, em linguagem simples mas plenas de simbolismo e referências filosóficas, que remetem para um mundo além da efabulação. A experiência como elemento unificador do homem e do universo, a busca de harmonia e unidade do indivíduo no seu confronto com o mundo são temas que perpassam estes contos onde habitam a fantasia e a visão mágica dos seres e da Natureza.»

O Ilustre Colegial e A Gente de Smiley de John le Carré foram apresentados a 15 de Julho pelas Publicações Dom Quixote.
O Ilustre Colegial
“A toupeira foi eliminada, mas a devastação que deixou na sua esteira depauperou gravemente os serviços secretos britânicos. Investido da chefia do Circus, numa altura em que a organização se encontra altamente comprometida, George Smiley lança-se numa campanha que visa pôr a descoberto aquilo que o Centro de Moscovo mais deseja ocultar, obstinando-se em reunir provas de que Karla prepara uma grande operação no Extremo Oriente. Talvez por aí se possa iniciar a reconstrução do Circus. Mas, para isso, são necessários agentes livres de qualquer suspeita, indivíduos que a toupeira não tenha detectado ou conhecido. E Smiley acredita ter encontrado o homem certo: um aristocrata tão digno e frustrado como a própria Grã-Bretanha; um ilustre colegial cuja respeitabilidade poderá ser arruinada por uma contra-operação que se revela pouco ética, como todas as operações de espionagem, mas na qual reside a grande oportunidade de o Circus renascer das cinzas.»

A Gente de Smiley

«O telefonema que arranca da cama George Smiley, ex-chefe do Circus, agora reformado, é uma súplica para que volte ao serviço activo para investigar o assassínio de um outro agente britânico, um ex-general soviético exilado em Inglaterra.
Smiley descobre que o general, como era conhecido, havia reunido informações sobre o famoso agente soviético Karla, e as características do crime não lhe deixam dúvidas de que este foi perpetrado por uma das equipas de assassínio do Centro de Moscovo. Mas o novo chefe do Circus está mais interessado em abafar um potencial escândalo, e propõe a Smiley que afaste qualquer ligação do crime com os serviços secretos britânicos, pois isso seria prejudicial para a política de détente com a União Soviética. No entanto, Smiley decide procurar os exilados que trabalhavam na rede de informações do general e reconstituir todos os seus passos até encontrar as provas que possibilitarão, finalmente, preparar o duelo final com o seu eterno inimigo Karla.»

Catástrofe 1914: A Europa Vai à Guerra,  do jornalista e historiador Max Hastings, editada,agora, pela Vogais, foi considerada uma das obras de referência sobre a I Guerra Mundial.
Sinopse: «Em 1914, a Europa mergulhava no primeiro acto de autossacrifício do século XX — a Grande Guerra, como ficou conhecida na altura. No seu centenário, Max Hastings explica simultaneamente como se desencadeou o conflito e o que aconteceu a milhões de homens e mulheres durante os primeiros meses da contenda. Desvenda ainda provas esmagadoras de que a Áustria e a Alemanha devem assumir as culpas principais pelo deflagrar da guerra. O que se seguiu foi uma tragédia de grandes proporções, com o autor a argumentar que era vital para a liberdade da Europa que a Alemanha do Kaiser fosse derrotada.
A narração das primeiras batalhas irá surpreender aqueles que têm desta guerra uma simples imagem de lama, trincheiras e arame farpado. Max Hastings descreve em pormenor o dia mais sangrento de toda a guerra ocidental, 22 de agosto de 1914, quando pereceram 27 mil franceses, e relata as lutas brutais na Sérvia e na Prússia Oriental, onde, até ao Natal, alemães, austríacos, russos e sérvios infligiram entre si 3 milhões de baixas.
O livro mostra o que aconteceu à Europa em 1914, através da abordagem detalhada mas acessível do historiador, que cruza testemunhos de generais e estadistas, camponeses, donas de casa e soldados de sete nações. A sua narrativa desfaz mitos e fornece algumas opiniões surpreendentes e controversas. "

Lettres à Jean Voilier. Choix de lettres 1937-1945
Postface de Martine Boivin-Champeau
Collection Blanche, Gallimard
Parution : 26-06-2014
«Tu m'as donné les plus entièrement tendres, les plus parfaites heures de ma vie. J'ai cru que quelque prodige de correspondance harmonique entre nous s'était révélé, chose rarissime, qui ne pouvait que se renforcer, vibration identique entre les âmes, les esprits et les corps. Et en vérité, depuis que nous nous voyons je ressens cet accord exceptionnel sonner de plus en plus fort dans la substance de ma vie même.» (Paul Valéry à Jean Voilier, 1940.) 
Paul Valéry se lie en 1937 à la romancière Jeanne Loviton, dite Jean Voilier. Les lettres qu'il lui adresse sept années durant témoignent de l'extraordinaire passion qui l'anime, de son aspiration à cet idéal amoureux qui, pour lui, élève les âmes et les corps à leur plus haut niveau d'accomplissement et d'entente. 
Aussi bien le poète se livre-t-il tout entier à la puissante emprise de cette dernière liaison, ne renonçant jamais au chant de l'amour malgré les peines du jour, les fatigues morales et physiques de l'âge et les  intermittences de sa nouvelle muse. Il ne s'agit plus dès lors de distinguer entre l'amour et ce qui est dit de l'amour, entre l'œuvre et la vie. Comme les poèmes à Jean Voilier réunis dans Corona & Coronilla et comme la Cantate du Narcisse ou Mon Faust écrits en ces mêmes années, ces lettres sont autant de «produits de sensibilité» qui, à leur manière très personnelle, concourent à la réalisation du grand projet sensuel et spirituel qui fut celui de Paul Valéry... jusqu'à la déchirante séparation voulue par Jean Voilier le jour de Pâques 1945, quatre mois avant la mort du poète. »


Journal des années noires (1940-1944)
Première parution en 1947
Édition de Patrick Bachelier et Jean-Kely Paulhan
Nouvelle édition en 2014
Collection Folio (n° 5772), Gallimard
Parution : 03-07-2014
«17 juin 1940 
« Voilà, c’est fini. Un vieil homme qui n’a plus même la voix d’un homme nous a signifié à midi trente que cette nuit il avait demandé la paix. 
Je pense à toute la jeunesse. Il était cruel de la voir partir à la guerre. Mais est-il moins cruel de la contraindre à vivre dans un pays déshonoré? Je ne croirai jamais que les hommes soient faits pour la guerre. Mais je sais qu’ils ne sont pas non plus faits pour la servitude.» 
Jean Guéhenno a tenu ici le «journal de nos communes misères» sous l'Occupation, d’un côté en simple témoin, qui n’était pas «dans le secret des dieux», de l’autre en professeur de liberté. S’agit-il d’une lointaine histoire qui ne peut plus rien nous dire ou d’«événements qui resteront jeunes»? Le livre est dédié à ceux de ses anciens élèves qui se sont engagés à mourir pour que revive la liberté. »


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