Cantam na Catedral
Cantam na
catedral ao fim do dia
Sou uma
posição ameaçada
E nada nos
meus gestos concilia
o fim do dia com
a madrugada
Esta chávena
faz-me companhia
Um café pode
ser a solução
Ó vida ora
cheia ora vazia
Só falta
agora o sol banhar-me a mão
Mas vem o
vento anavalhar as ruas
e confundir
de folhas nossos pés
Agora mesmo
sobre a mesa as tuas
mãos e tenho
de perguntar quem és
Dezembro
dizes. Por não outubro
ó schelling o
dos quaresmais?
1512? Quase o
dobro
Torremolinos
não. Um pouco mais
É roma é
meio-dia é um bocado
A vida acaba
a vida principia
Reconheces o
lixo assim esmagado
por uma
aprovadora maioria?
Mas cantam e
o meu rosto permanece
e levam-se
mais longe os comprimidos
Uma criança
diz que me conhece
Os dias
começam a ser compridos
Uma vez que
já tudo se perdeu
Que o medo
não te tolha a tua mão
Nenhuma
ocasião vale o temor
Ergue a
cabeça dignamente irmão
falo-te em
nome seja de quem for
No princípio
de tudo o coração
como o fogo
alastrava em redor
Uma nuvem
qualquer toldou então
céus de
canção promessa e amor
Mas tudo é
apenas o que é
levanta-te do
chão põe-te de pé
lembro-te
apenas o que te esqueceu
Não temas
porque tudo recomeça
Nada se perde
por mais que aconteça
uma vez que
já tudo se perdeu
Ruy Belo , in
“ Homem de Palavra(s)”, Editorial Presença
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