Livro de José Saramago, inédito em
Portugal, chega às livrarias em Abril
"A Estátua e a Pedra", já publicado em Itália, sairá numa
edição bilingue, em português e espanhol. Oferece uma “explicação da obra de
Saramago”.
Fundação José
Saramago vai publicar, no início de Abril, um livro inédito em Portugal do
escritor, A Estátua e a Pedra , informou em comunicado. O lançamento está
agendado para a Feira do Livro de Bogotá, onde Portugal será o país convidado
na segunda semana de Abril.
A Estátua e a
Pedra é o título de uma conferência que Saramago deu na Universidade de Turim,
Itália, em Maio de 1998, na sequência do Colóquio Diálogos sobre a Cultura
Portuguesa. Literatura-Música-História. Esse texto, publicado em Itália, em
1999, ao lado dos textos de Luciana Stegagno Picchio e Giancarlo Depretis e dos
restantes conferencistas, é agora um dos escolhidos para a edição publicada em
Abril. Ana Sousa Dias, directora de comunicação da Fundação José Saramago,
explicou ao PÚBLICO que essa primeira publicação, em Itália, foi uma “pequena
edição de luxo”, que já não se encontra disponível.
A única
diferença entre esta edição e a de 1999 é o epílogo do escritor espanhol
Fernando Gómez Aguilera, que possui “um olhar próximo da obra de Saramago”,
adianta Ana Sousa Dias. Aguilera, biógrafo do escritor português, é o
comissário da exposição permanente dedicada ao autor de Caim , que se encontra
na Casa dos Bicos – sede da fundação - , intitulada José Saramago. A semente e
os frutos, e foi também responsável pela exposição José Saramago. A
Consistência dos Sonhos, que esteve em Lanzarote (Espanha), Lisboa e em vários
países da América do Sul.
O espanhol
conheceu e ficou amigo de Saramago em Lanzarote, onde o português viveu, e
neste livro vê-se a importância que a ilha do Arquipélago das Canárias teve na
vida do Nobel. "A Estátua e a Pedra" é uma reflexão de Saramago sobre os
seus livros e sobre a importância decisiva que o facto de viver numa ilha de
pedra e vulcões como Lanzarote teve para o seu estilo literário e de vida. Este
é um livro que não existiria sem Lanzarote", lê-se no comunicado de
imprensa divulgado esta segunda-feira.
É a primeira
publicação editada pela Fundação José Saramago, que, daqui para a frente,
pretende assegurar a “produção editorial” de “estudos sobre Saramago” e de uma
“selecção de textos de conferências, que não se encontram disponíveis”. Ana
Sousa Dias revelou, ainda, que a Fundação vai tentar assegurar que todas as
edições sejam bilingues de modo a responder à procura do mercado português e
espanhol.
"A
estátua é só a superfície da pedra, é o resultado daquilo que foi retirado da
pedra, a estátua é o que ficou depois do trabalho que retirou pedra à pedra,
toda a escultura é isso, é a superfície da pedra e é o resultado dum trabalho
que retirou pedra da pedra. Então é como se eu tivesse ao longo destes livros
todos andado a descrever essa estátua, o rosto, o gesto, as roupagens, enfim,
tudo isso, descrever a estátua", dizia José Saramago nessa tal conferência
de 1998. Por isso a escolha deste texto para iniciar as publicações da Fundação
José Saramago não foi feita ao acaso.
Através da
metáfora da estátua e da pedra, oferece-se "uma explicação para a obra de
Saramago”, diz Ana Sousa Dias. Concluindo: na primeira fase da obra do Nobel
português, que vai até à publicação de Evangelho segundo Jesus Cristo (1991),
Saramago falava de uma estátua; quando foi viver para Lanzarote, depois da
polémica com esse romance, “começou a interessar-se pela pedra, da qual era
possível retirar a escultura”. Público
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