A Fome
Aqui, onde a
mão não
alcança o interruptor da vida, aqui
só brilha a solidão.
Desfazem-se as lembranças contra os vidros.
alcança o interruptor da vida, aqui
só brilha a solidão.
Desfazem-se as lembranças contra os vidros.
Aqui, onde a
brancura
dum lenço é a brancura do infortúnio,
dum lenço é a brancura do infortúnio,
aqui a
solidão
não brilha, apenas
se estorce.
A fome fala através das feridas.
não brilha, apenas
se estorce.
A fome fala através das feridas.
Luís Miguel
Nava, in “ Vulcão”, Lisboa, Quetzal, 1994
«Escrevo para criar um espaço
habitável da minha necessidade,
do que me oprime, do que é difícil e excessivo. Escrevo porque o encantamento e
a maravilha são verdade e a sua sedução é mais forte do que eu. Escrevo porque
o erro, a degradação e a injustiça não devem ter razão. Escrevo para tornar
possível a realidade, os lugares, tempos, pessoas que esperam que a minha
escrita os desperte do seu modo confuso de serem. E para evocar e fixar o
percurso que realizei, as terras, gentes e tudo o que vivi e que só na escrita
eu posso reconhecer, por nela recuperarem a sua essencialidade, a sua verdade
emotiva, que é a primeira e a última que nos liga ao mundo.»Vergílio Ferreira
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