Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta
Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício
Como a voz do mar
Interior de um povo
Como página em branco
Onde o poema emerge
Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas", 1977, Moraes Editores, Lisboa
"Com a Voz do mar / Interior de um povo"... Apenas com estes dois versos, simples e tão unidos, Sofia Andersen pretende traduzir algo sobre as razões da gesta portuguesa de Quinhentos. De costas voltadas para Castela, a casa era pequena, quase só o "quintal" que hoje é. Então, que restava a Portugal?!... Lançar-se ao mar, em descoberta de novas terras, novos mundos. Só assim poderíamos sustentar a família, projectar novos engenhos, e entermentes manter esta "ditosa Pátria minha amada"...
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