Rio de Fogo
Há na minha alma , desde sempre, um fogo
e há também, na minha vista, um rio.
A minha vida é uma forma de jogo,
endireitando à morte um desafio.
Há nesse fogo um rio que fascina
e no rio um fogo que devora:
leio no rio a minha ígnea sina,
o destino aceso que em mim demora
E leio no fogo que vai no rio
como num livro que me fosse aberto,
o meu andar para junto do frio
que há-de queimar-me em dia certo:
se a água é chama humedecida,
minha imagem será nela esculpida.
Londres, 7.1.1984
Eugénio Lisboa, in a matéria intensa, Editora Peregrinação, Suíça, 1985, p.62
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