Há noites que
são feitas dos meus braços
E um silêncio
comum às violetas.
E há sete
luas que são sete traços
De sete
noites que nunca foram feitas.
Há noites que
levamos à cintura
Como um cinto
de grandes borboletas.
E um risco a
sangue na nossa carne escura.
Duma espada à
bainha dum cometa.
Há noites que
nos deixam para trás
Enrolados no
nosso desencanto
E cisnes
brancos que só são iguais
À mais
longínqua onda do seu canto.
Há noites que
nos levam para onde
O fantasma de
nós fica mais perto;
E é sempre a
nossa voz que nos responde
E só o nosso
nome estava certo.
Há noites que
são lírios e são feras
E a nossa
exactidão de rosa vil
Reconcilia no
frio das esferas
Os astros que
se olham de perfil.
Natália Correia, in " Dimensão Encontrada",
1957, "Antologia Poética", Ed. D.Quixote, 2002
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