"A casa de
Aristides de Sousa Mendes, mais conhecida como a Casa do Passal, em Cabanas de
Viriato, vai finalmente ser restaurada. Depois de vários anos ao abandono, a
Secretaria de Estado da Cultura (SEC) anunciou nesta quinta-feira, numa
cerimónia de homenagem ao “Cônsul de Bordéus”, que em breve vão começar os
trabalhos de recuperação."
Familiares e refugiados da Segunda
Guerra emocionam-se em visita à aldeia de Aristides Sousa Mendes
Lusa 20 Jun,
2013, 19:23
“Familiares e
refugiados do Segunda Guerra Mundial visitaram hoje a aldeia de Cabanas de
Viriato, a terra natal do "herói Aristides Sousa Mendes que salvou mais de
30 mil pessoas" e que "merece ser homenageado com a requalificação da
casa onde viveu".
Linda Mendes
é uma das netas de Aristides de Sousa Mendes e visita pela terceira vez a
aldeia de Cabanas de Viriato, onde se ergue imponente a Casa do Passal para a
qual olha emocionada.
"É tão
triste ver a casa a cair, faz-me mal ao coração olhar para o edifício e pensar
em algumas histórias que o meu pai, o meu avô e a família aqui viveram",
referiu.
Aos 12 anos
começou a ouvir as histórias de Aristides Sousa Mendes, que foi
"esquecido" durante décadas, mas que agora vê "reconhecido por
tudo o que fez pelos refugiados".
Numa passagem
pelo cemitério, onde está sepultado o antigo cônsul de Bordéus, foram lidos
alguns nomes de refugiados a quem passou o visto para a fuga, desobedecendo a
ordens directas de Salazar.
"Passou
vistos a mais de 30 mil pessoas. Esta viagem, com passagem por diversos pontos
que marcaram a vida do meu avô assim como a partilha de testemunhos por parte
de antigos refugiados, vem me dar outra dimensão da história", sublinha
emocionado Gérald Mendes.
Léon Moed é
um desses refugiados, salvos pelo visto de Aristides Sousa Mendes, quando tinha
apenas oito anos.
"Guardo
algumas memórias, fugimos de Bruxelas para França e depois conseguimos entrar
em Portugal, onde ficámos cerca de dois meses. Considero-me uma pessoa de muita
sorte", adianta.
O avô do
arquitecto que projectou o mini museu temporário que é inaugurado hoje em frente
à Casa do Passal, mostrou-se emocionado por visitar a aldeia de quem
possibilitou "o passaporte para uma vida nova".
Na comitiva,
constituída por familiares e fugitivos da Segunda Guerra Mundial, assim como
familiares de Aristides Sousa Mendes, está Yara Nagel, uma jornalista
brasileira, filha de um antigo judeu alemão que vivia em Itália.
"A minha
família, pais e irmãos, foi salva pelo visto de Aristides Sousa Mendes",
que permitiu chegar Lisboa e seguir para o Brasil.
"Eu
existo pela coragem de Aristides Sousa Mendes, um homem maravilhoso que se
sacrificou para salvar 30 mil pessoas. É muito importante e emocionante estar
aqui", acrescentou.
No entanto,
lamenta ver a Casa do Passal "a cair aos pedaços".
"Esperamos
abrir caminho para a sua reconstrução e criação de um museu, que é a melhor
homenagem que se pode fazer", sustentou.
Uma opinião
partilhada por Jennifer Hartog, que teve o seu pai num campo de concentração
até maio de 1945.
"Só há
cerca de dois anos soubemos que tinha sido Aristides de Sousa Mendes quem
assinou o visto para a fuga para o Canadá", alegou.
O
"herói" de Cabanas de Viriato é homenageado hoje com a inauguração do
mini museu temporário concebido pelo arquitecto americano Eric Moed, mas a
presidente da Sousa Mendes Foundation defende que deveria ser construído um
verdadeiro museu.
"A Casa
do Passal tem de ser requalificada. Aristides de Sousa Mendes é um herói
nacional e o Governo tem de assumir as suas responsabilidades, para que depois
possamos ajudar na instalação de um museu", revelou.
Um dos netos,
António Sousa Mendes, informou que para já apenas está prevista, para Outubro,
a requalificação do telhado da Casa do Passal, ao abrigo do QREN.”
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