Eugénio Lisboa dá à palavra o lugar de honra em qualquer obra que produz. Escritor, cronista, poeta, ensaísta , jornalista, professor, investigador, Eugénio Lisboa tem celebrado o prazer da diversidade num registo de excelência. Nome maior da nossa Literatura compôs uma obra extensa e ímpar .
Sendo um amante fiel de Wolfgang Amadeus Mozart , resolvemos extrair de uma crónica publicada no JL, um excerto em que confessa como foi o caminho para a Música.
"(...) Não tenho, repito, educação musical técnica, embora tenha um ouvido bem treinado a ouvir centenas se não milhares de horas de música. Em suma, não irei pretender. Quando entrei para a universidade, há muitos anos, vinha de África e ouvira, até então, pouquíssima música. Aqui, em Lisboa, comecei a ouvi-la e a ir a concertos. Com o mais aliciante dos cicerones: Mozart. A música deslumbrava-me e intimidava-me. Fazer aquilo – só para magos. Ficara-me a memória de um solfejo errático, aprendido em Lourenço Marques, com a ajuda de um pianista espanhol, republicano, fugido à sanha assassina dos franquistas. Resumindo, pouco. Mas espantava-me o topete de um conhecido meu, em Lisboa, colega universitário, de um curso diferente, que ia a concertos e fazia observações neste gosto: “Vejam-me aquela mão esquerda!” Ou, arrefecendo , com ouvido severo, qualquer nosso entusiasmo, aparentemente mal fundado: ”Houve ali um Si bemol completamente futricado.” Eu embasbacava: teria ele um conhecimento assim tão apurado, que desse por essas miudezas? Aquela trapaça serviu-me de vacina: nunca iria por ali!"
E não foi. Possui toda a obra mozartiana e conhece-lhe os acordes .
Sendo um amante fiel de Wolfgang Amadeus Mozart , resolvemos extrair de uma crónica publicada no JL, um excerto em que confessa como foi o caminho para a Música.
"(...) Não tenho, repito, educação musical técnica, embora tenha um ouvido bem treinado a ouvir centenas se não milhares de horas de música. Em suma, não irei pretender. Quando entrei para a universidade, há muitos anos, vinha de África e ouvira, até então, pouquíssima música. Aqui, em Lisboa, comecei a ouvi-la e a ir a concertos. Com o mais aliciante dos cicerones: Mozart. A música deslumbrava-me e intimidava-me. Fazer aquilo – só para magos. Ficara-me a memória de um solfejo errático, aprendido em Lourenço Marques, com a ajuda de um pianista espanhol, republicano, fugido à sanha assassina dos franquistas. Resumindo, pouco. Mas espantava-me o topete de um conhecido meu, em Lisboa, colega universitário, de um curso diferente, que ia a concertos e fazia observações neste gosto: “Vejam-me aquela mão esquerda!” Ou, arrefecendo , com ouvido severo, qualquer nosso entusiasmo, aparentemente mal fundado: ”Houve ali um Si bemol completamente futricado.” Eu embasbacava: teria ele um conhecimento assim tão apurado, que desse por essas miudezas? Aquela trapaça serviu-me de vacina: nunca iria por ali!"
E não foi. Possui toda a obra mozartiana e conhece-lhe os acordes .
Assim , é com profundo prazer e gratidão que lhe dedicamos as duas peças de Mozart, seleccionadas para este domingo.
Lacrimosa & Amen (Requiem) , de Wolfgang A. Mozart, pela Symphony Orchestra & Grand Choir of the Collegium Musicum Berlin , sob a direcção da Maestrina Donka Miteva.
Renaud Capuçon, OCL, Concerto No. 5 in A Major, K. 219 "Turkish": I. Allegro aperto, de Wolfgang A. Mozart.
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