Os textos fazem muitas comichões
a quem os lê, procurando piolhos.
Há nos textos gazelas e leões,
inacessíveis a quem usa antolhos.
Não fica ao alcance dos cata-piolhos
fruir a grandeza do elefante:
eles tapam os olhos com ferrolhos
e não topam, do nariz, nada adiante.
A arte é feita para ser fruída
por quem a ama e bem a entende.
Não é feita para ser destruída
por tolo que a ela não ascende.
O ideólogo cata-piolhos
tem só trambolhos, em lugar de olhos.
22.08.2022
Eugénio Lisboa
a quem os lê, procurando piolhos.
Há nos textos gazelas e leões,
inacessíveis a quem usa antolhos.
Não fica ao alcance dos cata-piolhos
fruir a grandeza do elefante:
eles tapam os olhos com ferrolhos
e não topam, do nariz, nada adiante.
A arte é feita para ser fruída
por quem a ama e bem a entende.
Não é feita para ser destruída
por tolo que a ela não ascende.
O ideólogo cata-piolhos
tem só trambolhos, em lugar de olhos.
22.08.2022
Eugénio Lisboa
Eu, até há pouco tempo, pensava que
esta espécie de cata-piolhos ideológico era uma raça felizmente extinta.
Infelizmente, continua por aí, ignorante, teimosa, de olhar enviesado,
desconfiando de tudo quanto é arte verdadeira, odiando tudo quanto não é
ideologia pura e dura e tendo uma não erradicável nostalgia de tempos e regimes
em que os vigilantes estavam atentos, sinalizando, sem ambiguidades, a arte que
não se podia fazer e aquela que se devia fazer. Mas houve um muro que caiu e um
paraíso ideológico que se desfez. Restam uns patéticos poucos, que dão
continuidade ao peditório. Felizmente, para eles, vivem num regime político
horrível, que lhes dá plena liberdade de continuarem alienados, cantando e
rindo.
Sem comentários:
Enviar um comentário