Universidade
de Évora distingue João de Melo com Prémio Vergílio Ferreira
O Prémio Vergílio Ferreira 2016 foi
atribuído ao escritor João de Melo. Este galardão incide sobre o conjunto da
obra de um autor que se tenha distinguido nos domínios da ficção ou do ensaio.
Na edição com mais candidatos desde
que foi criado o galardão, oriundos de três países, o júri decidiu atribuir
este ano o prémio a João de Melo, tendo ficado escrito em acta que “o júri
congratulou-se pela alta qualidade das candidaturas apresentadas, e deliberou,
por maioria, atribuir o Prémio Vergílio Ferreira 2016 ao escritor João de Melo
(…) uma vez que (…) considerou que a sua obra ficcional, reveladora de um
imaginário transfigurador poderoso, faz da sua obra uma das mais relevantes da
sua geração”
O júri do Prémio que pretende
homenagear o escritor de “Aparição” é composto este ano pelo Professores
António Sáez Delgado (Presidente), Elisa Esteves, Gustavo Rubim, Carlos Reis e
pela escritora Lídia Jorge, vencedora da última edição do prémio.
A cerimónia de entrega do Prémio
acontece no dia de 1 Março, data em que se assinala a morte do escritor, este
ano integrada num grande congresso internacional comemorativo do centenário do
nascimento do escritor intitulado “Vergílio Ferreira: Entre o Silêncio e a
Palavra Total”.
Instituído pela Universidade de Évora
em 1997, o prémio Vergílio Ferreira foi atribuído pela primeira vez a Maria
Velho da Costa, a que se seguiram, entre outros, Mia Couto, Almeida Faria,
Eduardo Lourenço, Agustina Bessa Luís, Vasco Graça Moura, Mário Cláudio, Luísa
Dacosta, José Gil, Hélia Correia e Lídia Jorge.
Nota
Biográfica
João de Melo nasceu nos Açores em
1949. Aos 11 anos, deixa a sua ilha natal para prosseguir os estudos no
continente, como aluno interno do seminário dos Dominicanos, onde permanece
entre 1960 e 1967. Abandonado o seminário, passa a viver em Lisboa,
prosseguindo os estudos enquanto trabalha e iniciando colaborações na imprensa
escrita. É, aliás, num jornal, o Diário Popular, que publica o seu primeiro
conto, aos 18 anos. A partir de então, publicará contos, crítica literária e
poemas em diversos periódicos, de Lisboa e dos Açores, integrando-se na geração
literária que, sediada em Angra do Heroísmo – e ligada ao suplemento literário
do jornal A União – renovou a literatura açoriana contemporânea.
A incorporação no exército, com o
posto de furriel e a especialidade de enfermeiro, em 1970, e a posterior ida
para Angola, onde permaneceu 27 meses numa zona de guerra, marcá-lo-ão em
termos pessoais e literários, sendo tema de vários livros seus, de que se
destaca, na ficção “Autópsia de Um Mar de Ruínas”, romance que é uma referência
na literatura portuguesa sobre a guerra colonial.
Já após a Revolução de Abril de 1974,
João de Melo licencia-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de
Lisboa, mantendo sempre colaboração em diversas revistas literárias
(Colóquio-Letras, Vértice e, mais tarde, Sílex, Ler, etc.). No início da década
de 80, torna-se professor do Ensino Secundário, actividade em que reparte até
hoje o seu tempo com a escrita literária.
Obras
Ficção
1975 - Histórias da Resistência
1977 - A Memória de Ver Matar e Morrer
1983 - O Meu Mundo Não é Deste Reino
1984 - Autópsia de um Mar de Ruínas (sobre a
guerra colonial)
1987 - Entre Pássaro e Anjo
1988 - Gente Feliz com Lágrimas
1992 - Bem-Aventuranças
1997 - O Homem Suspenso
2009 - Luxúria branca e Gabriela
2009 - O Homem que Não Tira o Palito da Boca
2014 - Lugar Caído no Crepúsculo
Poesia
1980 - Navegação da Terra
Ensaio
1968 - A Produção Literária Açoriana nos
Últimos 10 Anos
1982 - Toda e Qualquer Escrita
1982 - Há ou Não Uma Literatura Açoriana?
Viagens
2000 - Açores, o Segredo das Ilhas
Crónicas
1994 - Dicionário de Paixões
Antologias
1978 - Antologia Panorâmica do Conto
Açoriano
1988 - Os Anos da Guerra (2 vols.)
Universidade Évora, em 20.01.2016
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