Mãe Ilha
Limão aceso na meia-noite ilhada,O relógio na torre da MatrizPõe o ponteiro na hora atraiçoadaDa ilha que me deram e eu não quis.Mas, ó de alvos umbrais Ponta Delgada!Meu prefixo de pastos, a raizÉ de calhau e de onda encabritada:Um triz de hortênsia e estala-me o verniz.Atamancada em fama a tosca ilhoa,Só na praça e no prelo é de Lisboa,Seu gesto, cãibra de garça interrompida.No mais, osso campesino e duroÉ fervor, é fogo e fé que juroAo lume e às flores da Graça recebida.
Natália Correia (1923-1993), Sonetos românticos, Lisboa, Edições O Jornal, 1990.
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