Pasternak recusou Nobel após 'Doutor Jivago', vivido por Omar Sharif no cinema
A decisão foi forçada pela URSS, que o considerava traidor desde a publicação do livro, na Itália, em 1957. Filme homónimo foi lançado, em 1966, e ganhou cinco estatuetas do Oscar
"A sua obra mais importante é a poética, mas Boris Pasternak ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1958 com um romance. A Academia Sueca concedeu-lhe a honra "pelas suas importantes realizações no domínio da poesia lírica contemporânea e no da tradição épica russa." Porém, o que tornara Pasternak premiável fora o estrondoso sucesso de "Dr. Jivago", a história do desencanto de um médico-poeta russo com a revolução comunista. Desde a sua publicação ,em Itália, em 1957, o livro fora proscrito na União Soviética, embora uma edição em russo tenha sido publicada na Holanda.
Pasternak, um judeu de Moscovo, nascido em 1890, é considerado um dos maiores poetas russos do século. Seu primeiro livro de versos, "Um gémeo nas nuvens", é de 1914. Em 1917 publicou "Além das barreiras", de forte influência simbolista, mas foi a partir de 1922, com "Minha irmã, a vida", "Grave doença" e "Ano 1905", que se consagrou. "Dr. Jivago", o único romance do poeta, foi concluído em 1955, ninguém quis publicá-lo na URSS. Uma cópia do manuscrito foi parar ao editor Feltrinelli, de Milão.
As autoridades soviéticas bem que tentaram impedir, em 1957, a edição italiana e outras, sem sucesso. Pasternak passou a ser um "traidor" e foi expulso da União dos Escritores. Para não ser desterrado, forçaram-no a renunciar ao Nobel e a se recolher num exílio interno em Peredelkino, perto de Moscovo, onde morreria de cancro, em Maio de 1960.
A versão cinematográfica do romance tornou Pasternak ainda mais conhecido. Com direcção de David Lean, o filme, lançado em 1966 e estrelado por Omar Sharif, Geraldine Chaplin e Julie Christie, ganhou cinco estatuetas do Óscar (melhor fotografia, trilha sonora, direcção de arte, figurino e roteiro adaptado).
Pelo papel de Jivago, Omar Sharif venceu o Globo de Ouro. Nesta sexta-feira, 10 de Julho,o actor morreu, aos 83 anos, num hospital do Cairo, no Egipto, onde nasceu. Foi vítima de um ataque cardíaco, segundo seu agente.
Na URSS, "Doutor Jivago" só foi publicado em 1988, depois da reabilitação de Pasternak pela União dos Escritores. Desde então não saiu mais da lista de best-sellers por lá. No Brasil, o Departamento de Censura e Diversões Públicas da ditadura militar (1964-1985) liberou a exibição do filme baseado na obra apenas para maiores de 18 anos. Em entrevista ao GLOBO em Março de 2014, Geová Lemos Cavalcante, no comando do departamento na época, lembrou o caso emblemático. Harry Stone, ex-vice presidente da Motion Picture Association para a América Latina, conseguiu obter liberação para maiores de 16 anos." Globo-Cultura
O escritor Boris Pasternak, autor de “Doutor Jivago”
Em Portugal ,o filme foi exibido e adquiriu estatuto de um grande sucesso de bilheteiras. Foi e é um dos meus filmes e um excelente romance.
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