sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

MEMENTO MORI

Este mar não vai desaparecer.
O que vai desaparecer sou eu.
Este mar vai continuar a ser.
Deixar de vê-lo é destino meu.
 
Continuará a espelhar o sol,
que, de mim, para isso, não precisa.
Estender-se-á como vasto lençol
o mar que tem grandeza por divisa.
 
O mundo existia antes de mim,
porque há ser que convive com não ser.
Haverá mundo, depois do meu fim
 
e ser que ignora o meu não ser.
Está bem assim porque é natural,
embora pareça demencial.
                       19.01.2023
Eugénio Lisboa

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