Raul Brandão (1867- 1930) foi contemporâneo da implantação da República em Portugal. O autor de "Húmus", obra de referência da literatura nacional, registou, em Outubro de 1910,nas suas Memórias ,estas tão intemporais reflexões:
" Oh meu Deus; nestas ocasiões é que eu queria ver por dentro estes homens lívidos e com um sorriso estampado na cara, que sobem as escadas dos ministérios , para aderirem à República! É este e aquele, os que estão ameaçados de perderem os seus lugares , as altas situações, o poder. Os tipos não importam - o que importa é o fantasma que transparece atrás da figura; o que importa é o monólogo interior, as verdadeiras palavras que não se pronunciam, o debate que não tem fim, o que nestas ocasiões de crise ruge lá dentro sem cessar. Escutá-los a todos ! Possuir o dom mágico através das paredes e dos corpos!...Toda a noite, toda a noite de cinco de Outubro quantos perguntaram ansiosos: - Quem vai vencer? Onde é o meu lugar?... Bem me importam a mim as tragédias e as mortes!...Interesses, ambição, medo, tantos fantasmas que nem eu supunha existir e que levantam a cabeça!...
Não há nada que chegue a estes momentos históricos em que o fundo dos fundos se agita e remexe, para cada um se avaliar e saber o que vale uma alma...
E o desfile segue - o desfile dos tipos que sobem as escadarias dos ministérios, dos que descem as escadarias dos ministérios, uns já com o olhar de donos, mas vacilantes ainda, sem poderem acreditar na realidade, outros com um sorriso estampado que lhes dói. Estamos todos lívidos por fora e por dentro..."
Raul Brandão, in "Memórias", Quetzal Editores, pp. 262, 263
Um bando de salafrários derrubaram um regime legítimo, criaram uma Constituinte onde não havia deputados monárquicos apesar da maioria da população ser favorável à monarquia.
ResponderEliminarPuseram a Constituição em vigor com um Decreto Ditatorial.
Demitiram toda a Administração, desde os Notários e as Conservatórias até às Câmaras.
Roubaram o que restava dos bens das Igrejas e das Paróquias.
Nunca pagaram impostos vivendo dos empréstimos que contraíam no estrangeiro.
E AINDA TÊM A LATA DE FESTEJAR A DATA!