"Quando Narciso morreu, as flores do campo curvaram-se de dor, e imploraram ao rio que lhes desse uma gotas de água para o poderem chorar.
- Ainda que metade de todas as minhas gotas de água fossem lágrimas - respondeu o rio - não seriam suficientes para chorar Narciso. Eu amava-o.
- E como podia alguém não amar Narciso? - perguntaram as flores.
- Ele era tão belo.
- Ele era belo? - perguntou o rio.
- Quem melhor do que tu deveria sabê-lo, - perguntaram as flores - se todos os dias , deitado na tua margem, ele via o reflexo da sua beleza espelhado nas tuas águas.
- Mas eu amava-o - murmurou o rio - porque quando ele se inclinava sobre mim, eu via o reflexo da minha beleza nos seus olhos. "
Oscar Wilde, in " Histórias à volta da mesa", Coisas de Ler Edições, Janeiro de 2008, p. 77
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