Jornalista bielorrussa vence Nobel da Literatura
“A jornalista bielorrussa Svetlana Aleksievitch, de 67 anos,
foi distinguida este ano com o prémio Nobel da Literatura.
Ao longo de 35 anos, Svetlana Aleksievitch tem escrito sobre
a identidade russa, sobre o seu passado e futuro, e o ponto final é dado em
"O fim do Homem Soviético- Um tempo de desencanto", livro vencedor do
Prémio Médicis Ensaio, indicado pela revista "Lire" como Livro do Ano
2013 em França. Este documento único, já publicado em dezenas de países e
traduzido directamente do russo, chegou a Portugal no dia 24 de Abril com a
chancela Porto Editora.
Svetlana Aleksievitch, jornalista laureada com o Prémio
Nobel da Literatura 2015, percorreu dezenas de regiões do território soviético,
falou com pessoas «de planetas diferentes» - os que nasceram na URSS e os seus
filhos - e apercebeu-se de que uma grande parte da nova geração de russos eleva
as qualidades de Estaline, sonha com o ressurgimento do antigo império e revive
os símbolos soviéticos num Estado que já não os procura promover.
Considerada uma das autoras mais prestigiadas a escrever
sobre a URSS, os seus trabalhos têm recebido uma enorme aceitação por parte da
crítica, tendo sido galardoados com importantes prémios internacionais, como o
Erich Maria Remarque Peace Prize, em 2001, e o National Book Critics Circle
Award, em 2006.
Svetlana Alexandrovna Aleksievitch, a escritora e jornalista
de investigação bielorrussa, nascida em 1948, na Ucrânia, é a 14ª mulher
galardoada com o Nobel da Literatura.
Em 2014, fora já nomeada pela Universidade Federal dos Urais
para o prémio Nobel da Literatura.
Da autora foi publicado este ano em Portugal o livro "O
fim do homem soviético".
Tem, com o seu trabalho, dado um grande contributo para a
compreensão da história da Rússia e estados vizinhos. Os seus texto são sempre
meio caminho entre a literatura e o jornalismo.
"Usa a técnica de colagem justapondo testemunhos
individuais, com o que consegue aproximar-se mais à substância humana dos
acontecimentos", dizem os conhecedores da sua obra.
Usou este estilo pela primeira vez no seu livro "A
guerra não tem rosto feminino" (1983), em que a partir de uma série de
entrevistas aborda o tema das mulheres russas que participaram na Segunda
Guerra Mundial.
A sua postura crítica contra o governo de Alexander
Lukashenko, presidente da Bielorrússia desde 1994, valeu-lhe uma série de
perseguições que a levaram a abandonar o país em 2000. Apenas em 2011 decidiu
regressar à sua terra natal.
Ao contrário da maioria dos prémios literários em todo o
mundo, que avisam o premiado com alguma antecedência, a Academia Sueca só
informa o distinguido alguns minutos antes do anúncio oficial (12 horas em Portugal
continental). Por isso, não é de estranhar que a chamada telefónica nem sempre
produza o natural efeito de surpresa e de contentamento. Até porque, já houve
casos em que tudo não passou de uma lamentável brincadeira.
A desconfiança dos galardoados face à famosa chamada
tornou-se já um clássico. "Houve uma tragédia na família", foi o que
pensou Mário Vargas Llosa quando a mulher lhe passou o telefone e a chamada
caiu mal alguém anunciava que era da Academia Sueca.
Estranho também foi o momento em que Patrick Mondiano soube
ter sido galardoado. A notícia chegou-lhe quando caminhava por Saint-Germain.
Em 1964, o seu compatriota Jean-Paul Sartre escrevera à Academia, em Estocolmo,
a avisar que recusaria o prémio caso lho dessem. E deram. Na altura o escritor
recusou recebe-lo mas, em 1975, escreveu de novo reclamando o montante do
galardão que ascende a oito milhões de coroas suecas, cerca de 880 mil euros.
Este ano, a encarregada do anúncio, como sempre feito em
várias línguas, foi Sara Danius, professora de literatura na universidade da
capital sueca e uma especialista na obra de Marcel Proust, um dos autores que
nunca chegou a ganhar o Prémio Nobel." Ana Vitória, JN
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