"(...)Melhor
do que ocupar-me da minha pobre vida,
agora que os pássaros a cantar começam,
na espada pego, com mão há pouco ferida
– o vento rasgo. Percebo que meus pés tropeçam."
Lourenço Marques, 7.2.75
agora que os pássaros a cantar começam,
na espada pego, com mão há pouco ferida
– o vento rasgo. Percebo que meus pés tropeçam."
Lourenço Marques, 7.2.75
Eugénio
Lisboa, " Peregrinação" in “A matéria intensa". Poesia. Baden: Peregrinação, 1985
Ouvir/ consumir são acções que se excluem quando têm como objecto a Música. Ouvir Música não é o mesmo que consumir Música. Quando se ouve, o som propaga, em nós, vibrações que nos enlevam, nos agitam ou simplesmente nos estranham. Então, é o prazer, a alegria ou a rejeição. Celebra-se um acordo, uma partilha que se transfere em alternância. A música passa a ser nossa e nós passamos a emaná-la porque dela nos apoderámos. O verdadeiro acto de ouvir Música. Escutá-la em pequenas doses que fluem e se juntam, num pouco a pouco que se interioriza e nos possui.
Consumir é um acto diverso. Estranho porque se esvai, sem nos apropriar. Serve o momento, mas fenece na hora.
Gregory Porter, um excelente cantor de Jazz, propõe-nos, num longo registo, uma audição repousada e partilhada. Ouvi-lo num crescendo que vá para além do minuto e da hora. A semana pode ter os momentos para o retomar com a emoção que nos requer.
Gregory Porter acompanhado pela Metropole Orchestra, num Concerto na Radio 6, Amesterdão, em 2012.
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