segunda-feira, 19 de março de 2012

Eu, eu mesmo

Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar. -
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado? Sem dúvida...
Tenho um presente? Sem dúvida...
Terei um futuro? Sem dúvida...

Álvaro de Campos, in " Poesias de Álvaro de Campos", Obras completas de Fernando Pessoa, Colecção Poesia, Edições Ática, Lisboa, 1964

1 comentário:

  1. Álvaro de Campos, "nascido" em Tavira, engenheiro, e a incógnita do ser e do parecer, na heteronímia de Fernando Pessoa!... Foi bom, agradável, e confortante passarmos por ele, pela poesia do Álvaro... este fim de tarde, soalheiro de inverno seco e magro.

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