...Saudade é amar um passado que ainda não passou.
Saudade é a memória do coração.
Um coração enorme
A minha mãe tinha um coração enorme. Comovia-se muito. Creio que, quando eu nasci, nos encantámos uma com a outra. Ela, emocionada, esperava que eu lhe dissesse : vim para ti.
Quedaram-se alguns segundos e , então, num repente ruidoso, desatei a chorar, como convém a um recém-nascido. Foi esse o modo que descobri para lhe comunicar que sim: estava ali para ela, por ela e com ela.
Conta a história e a verdade que a minha mãe rejubilou. A emoção tomou-a e um profundo e cálido suspiro soltou-se em seus lábios. Tinha uma outra filha.
Ao longo da vida, descobri que ela sempre estivera para mim, antes mesmo de eu ter nascido. Havia nela um amor tão genuíno que era intemporal. O amor era nela uma forma de viver. Nada o enfraquecia, nada o derrubava. Cresci , rodeada pelo carinho que sempre me ofereceu, numa dádiva sem prazo e sem medida.
Lembro –me do orgulho que tinha em cada um de nós. E éramos muitos: seis filhos. Descobria uma peculiaridade em cada um. Era, então, o ponto de partida para enobrecer o papel que cada um desempenhava no todo que nos compunha. Não existia qualquer privilégio especial a conceder a um ou a outro. Havia, isso sim , aquilo que todos éramos: filhos especiais de uma mãe excepcional.
Era linda, a minha mãe.
Nasceu a 27 de Novembro, em Lisboa. Hoje era o dia do seu aniversário.
Há tanto tempo que não o festejamos juntas .
Nasceu a 27 de Novembro, em Lisboa. Hoje era o dia do seu aniversário.
Há tanto tempo que não o festejamos juntas .
Que saudade, Mãe!
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