terça-feira, 25 de outubro de 2016

Manoel de Andrade arrebatou uma plateia, em Portimão

Manoel de Andrade esteve em Portimão. Partiu para Paris há dois dias, deixando nesta cidade uma plateia arrebatada pelo fulgor das suas palavras e pelo singular manancial de vivências que compõe a sua saga memorialista, registado no volumoso tomo,  Nos Rastros da utopia, uma memória crítica da América Latina nos anos 70.
Manoel de Andrade, o escritor e poeta, proferiu duas palestras nesta cidade. A primeira aconteceu na Tertúlia que junta diversos amigos , desde há longo tempo. Aí, o poeta redesenhou o seu percurso poético e as causas que originaram o seu exílio  na época dura do Golpe Militar, no Brasil.
Num discurso fluido e numa abordagem capitosa, Andrade fez do tempo uma verdadeira  tela de grandes acontecimentos em que cada um se sentiu em profunda comunhão com a voz que a legendava.  
Quer na Tertúlia, entre amigos e leitores, quer na Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes, este escritor brasileiro realizou duas  excelentes palestras. Dois grandes eventos literários que marcaram quem os vivenciou. 
Manoel de Andrade cativou. A sua poesia de resistência, inserta no célebre livro bilíngue Poemas para a Liberdade,   ecoou  com a força da voz clara de quem a escreveu. Um momento de intenso prazer que trouxe ao local o rodopiar libertário da Utopia.
De  Cantares, um  livro de poemas mais recente, extraiu para declamar , com  lírica sonoridade, o poderoso poema Por que cantamos que despertou no público o curioso e irrecusável desejo pela descoberta integral da obra.
Manoel de Andrade visitou Portimão. Trouxe a obra e o homem que a construiu. A cidade agradece-lhe.
Ao poeta, ao bardo errante dos anos 70 , ao escritor e jornalista, ao homem, ao amigo o nosso bem-haja.

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