Observatório:
Estudo identifica 680 imigrantes sem-abrigo, maioria em Lisboa
Um estudo sobre imigrantes sem-abrigo a viver em Portugal identificou 680
pessoas, a maioria das quais em Lisboa, sobretudo homens oriundos dos Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
“Os dados
pertencem ao estudo 'Imigrantes sem-abrigo em Portugal', coordenado por Teresa
Líbano Monteiro e editado pelo Observatório da Imigração, e mostram que foi
possível identificar 680 pessoas imigrantes a viver na condição de sem-abrigo.
Os autores sublinham
que «o acesso a estes indivíduos é particularmente difícil» pelo facto de
estarem em causa dois tipos de população que normalmente são consideradas
«ocultas» e «escondidas».
O
levantamento foi, por isso, feito através dos técnicos que trabalham nas
instituições que prestam apoio a estas pessoas, tendo sido possível conhecer
680 imigrantes sem-abrigo, um número que, não sendo representativo, «é a
aproximação possível a um universo de contornos indefinidos».
Segundo o
estudo, a maioria dos imigrantes sem-abrigo está na cidade de Lisboa, onde
foram identificados 514 (75,6%), um fenómeno espectável, segundo as autoras,
«tendo em conta a relação existente entre os fenómenos de urbanização, atracção
de mão-de-obra migrante e intensificação de pobreza».
Em termos de caracterização
sociodemográfica, a grande maioria (90,3%) destas pessoas são homens, havendo
apenas 66 mulheres, sobretudo oriundos dos PALOP (40,3%), com idade entre os 36
e os 45 anos. Há também uma percentagem elevada (23,7%) entre os 26 e os 35
anos e entre os 46 e os 55 anos (27,3%).
Em termos de
país de origem, a Ucrânia surge em segundo lugar (16%), logo seguida pela
Roménia (6%).
As
investigadoras apontam que «apesar da nacionalidade brasileira ser a mais
representada na imigração actual, os sem-abrigo brasileiros representam apenas
6% dos indivíduos em análise», fenómeno
explicado pela «maior empregabilidade e integração social» dos cidadãos
brasileiros.
De destacar
que 34 dos 680 imigrantes vêm de países da Europa Ocidental, nomeadamente
Itália, Espanha, Alemanha, França, Áustria, Dinamarca, Noruega, Reino Unido,
Bélgica, Grécia e Irlanda.
No entanto,
não foi possível compreender melhor o perfil destas pessoas, de modo a perceber
que características do seu percurso de vida fizeram com que, apesar de serem
oriundos de países com maior índice de desenvolvimento que Portugal, tenham
acabado na condição de sem-abrigo.
Em relação à
escolaridade, a maioria (cerca de 42%) tem o nível básico ou menos, sendo que
destes, 6% não possui qualquer qualificação.
Por outro
lado, há 17% que têm o ensino secundário concluído e 6% com uma licenciatura.
Os indivíduos
dos PALOP são aqueles que têm menos qualificações, enquanto no lado oposto (com
ensino superior ou formação profissional) estão os cidadãos da Ucrânia e de
outros países de Leste.
Metade das
pessoas não tem documentação legal, enquanto apenas 30% tem um visto ou uma
autorização de residência, sendo que na maioria destes casos (79,1%), a
autorização de residência destina-se ao exercício de actividade profissional
subordinada.
Estes 79,1%
representam 91 pessoas, sendo que destas, 74 estão desempregadas.
Aliás, no que
diz respeito à situação laboral, o estudo demonstra que "a esmagadora
maioria" dos inquiridos (544) está desempregada.
Em matéria de
saúde, praticamente metade (49%) encontra-se doente e a condição de saúde mais
referida (35%) foi o alcoolismo.
O estudo,
coordenado por Teresa Líbano Monteiro, foi realizado por Verónica Policarpo,
Vanda Ramalho e Isabel Santos.” Diário Digital com Lusa, em 09.05.14
Cidades Capitais de Língua Portuguesa reúnem-se hoje em Coimbra
A criação dum Gabinete de Cooperação Económica, que permita apresentar
soluções para as necessidades das cidades, é um dos temas em debate hoje na XXX Assembleia-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em
Coimbra.
“No actual
contexto de crise, as questões económicas vão dominar a agenda do encontro
anual da UCCLA, em que participam representantes de 22 municípios e 18
empresas, disse à Lusa o secretário-geral da organização, Vítor Ramalho.
A UCCLA
pretende criar um Gabinete de Cooperação Económica para «atender às
necessidades das cidades», disse o responsável, exemplificando: «Luanda precisa
de uma empresa de canalização. Nós podemos responder a isso, beneficiando do
contacto próximo com os Presidentes de Câmara».
Por outro
lado, as cerca de 40 empresas associadas da UCCLA vão passar a mostrar-se nas
feiras internacionais de Maputo e de Luanda, já este ano, no âmbito de um
protocolo celebrado com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de
Portugal (AICEP).
«Isto
possibilita uma divulgação das nossas empresas e uma chamada de atenção de que
a UCCLA pode ser um instrumento para as cidades chegarem às empresas e
encontrarem as respostas de que precisam», explicou Vítor Ramalho.
Os membros da
UCCLA vão ainda discutir uma proposta cultural: a homenagem aos antigos
estudantes da Casa dos Estudantes do Império, que durante a ditadura de Salazar
estudaram nas universidades portuguesas.
«Todos os
homens de cultura do mundo lusófono e os grandes políticos que logo a seguir às
independências dirigiram os partidos e os movimentos africanos, mas também os
próprios Estados, formaram-se politica e culturalmente em Lisboa. Isso não
ocorreu em nenhum outro país colonizador de África», afirmou o secretário-geral
da organização.
Na reunião,
que decorrerá a partir das 15:00, no Salão Nobre da Câmara Municipal de
Coimbra, serão debatidos ainda «assuntos internos da organização, projectos em
curso e futuros, envolvendo relações institucionais com entidades congéneres».
A discussão e
votação do Relatório e Contas relativos ao ano de 2013 e apresentação do
Programa de Actividades para 2014 também fazem parte da agenda de trabalhos do
encontro, adianta uma nota da UCCLA.
Fundada em Junho
de 1985, pelas cidades de Bissau, Lisboa, Luanda, Macau, Maputo, Praia, Rio de
Janeiro e São Tomé/Água Grande, a UCCLA, que actualmente reúne 40 cidades de
oitos países de língua portuguesa, vive do co-financiamento dos seus membros e
conta com projectos financiados por organizações como o Banco Mundial e a União
Europeia.
A XXIX Assembleia-geral da UCCLA realizou-se em Maio de 2013, em Cabo Verde, na cidade
da Praia.” Diário Digital com Lusa, em 09.05.14
Sem comentários:
Enviar um comentário