«Basta pensar em sentir
para sentir em pensar»F. Pessoa
As cortinas
na casa do metafísico
Acontece
que a ondulação destas cortinas
Está cheia de largos movimentos; como o lento
Esvaziar da distância; ou como nuvens
Inseparáveis das suas tardes;
Ou a mudança da luz, o gotejar
Do silêncio; o sono largo e a solidão
Da noite, em que todo o movimento
Está para alem de nós, à medida que o firmamento,
Subindo e descendo, desvela
A imensidão final, ousada visão.
Wallace Stevens, in “Harmónio”, trad. Jorge Fazenda Lourenço,Relógio d´Água
2006
Está cheia de largos movimentos; como o lento
Esvaziar da distância; ou como nuvens
Inseparáveis das suas tardes;
Ou a mudança da luz, o gotejar
Do silêncio; o sono largo e a solidão
Da noite, em que todo o movimento
Está para alem de nós, à medida que o firmamento,
Subindo e descendo, desvela
A imensidão final, ousada visão.
Wallace Stevens, in “Harmónio”, trad. Jorge Fazenda Lourenço,Relógio d´Água
2006
A
mão aberta já não liga
E o
sol desce tão devagar como o último voo das pombas.
Há
nos meus olhos dois poços
Na
paisagem
Duas
estrelas que ferem como rodas dentadas dentro de máquinas.
E é
noite. No meio do escuro peço
Uma
pedra incendiada. Pego-a com ambas as mãos
Levo-a
à boca e das chamas bebo
Água
Daniel Faria, in " Poesias", Edições Quasi
Do
inexplicável
Estranho é o sono que não te
devolve.
Como é estrangeiro o sossego
De quem não espera recado.
Essa sombra como é a alma
De quem já só por dentro se
ilumina
E surpreende
E por fora é
Apenas peso de ser tarde. Como
é
Amargo não poder guardar-te
Em chão mais próximo do
coração.
Daniel Faria, in “ Poesias”, Edições Quasi
Precisava de falar-te ao
ouvido
De manter sobre a rodilha do silêncio
A escrita.
Precisava dos teus joelhos. Da tua porta aberta.
Da indigência. E da fadiga.
Da tua sombra sobre a minha sombra
E da tua casa.
E do chão.
De manter sobre a rodilha do silêncio
A escrita.
Precisava dos teus joelhos. Da tua porta aberta.
Da indigência. E da fadiga.
Da tua sombra sobre a minha sombra
E da tua casa.
E do chão.
Daniel Faria, in “ Poesias”, Edições Quasi
Sem comentários:
Enviar um comentário