" Apreender a complexidade da existência no mundo moderno exige,(...) uma técnica da elipse, da condensação. (...) A arte da elipse parece-me, portanto, ser uma necessidade. Ela exige: ir sempre directamente ao cerne das coisas. Neste sentido, estou a pensar no compositor que admiro apaixonadamente desde a minha infância: Leos Janacek. Ele é um dos maiores da música moderna. Numa altura em que Schonberg e Stravinski ainda compõem para grande orquestra, ele apercebe-se que uma partitura para orquestra verga sob o fardo de notas inúteis. Foi por esta vontade de despojamento que começou a sua revolta. ( ...) em cada composição musical há muita técnica: a exposição de um tema, o desenvolvimento, as variações, o trabalho polifónico muitas vezes muito automatizado o preenchimento da orquestração, as transições, etc. Hoje em dia pode fazer-se música por computador, mas o computador existiu sempre na cabeça dos compositores: podiam , inclusive, fazer uma sonata sem uma única ideia original, bastando-lhes desenvolver "ciberneticamente" as regras da composição. O imperativo de Janacek era: destruir o " computador"! Em vez das transições, uma justaposição brutal, em vez das variações, a repetição, e ir sempre ao cerne das coisas: só a nota que diz algo de essencial tem direito de existir. " Milan Kundera, in " A Arte do Romance", Publicações Dom Quixote
Na 1ª noite dos Proms de 2011, no Royal Albert Hall, em Londres, foi apresentada pela Orquestra Sinfónica da BBC juntamente com o Coro e cantores da BBC, uma excepcional interpretação de " Glagolitic Mass" do grande compositor checo, Leos Janácek . Eis um excerto dessa excelente obra.
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