A Família é também Paternidade, Maternidade,
Filiação
"O filho não é uma síntese de uma tese e de
uma antítese, pai e mãe. A filiação é uma dimensão do próprio pai e da mãe. O
pai concebe o filho, a mãe gera-o, engendra-o e o pai aprende a engendrá-lo
depois. No nosso mundo nada disto se passa com clareza e por isso nos podíamos perguntar para onde
vamos ou que estamos a constituir nestas interrelações.
Não está, aqui, em causa se a sociedade é
mais patriarcal ou matriarcal. O
patriarcado ou o matriarcado não destroem a família, são constituições diferentes.
O que está em causa é o nosso modelo mental e a nossa atitude que leva a criar
sociedades de património ou de matrimónio. O património é o encargo e a
transmissão dos bens , bens de família, bens de consumo. O matrimónio é o
encargo pela vida . Importam-nos os bens que se passam de pais a filhos, mas
deviam-nos importar mais as comunidades responsáveis pela vida. É sempre dar
lugar a um exercício de paternidade e
maternidade que a nossa sociedade tende a esvaziar. Nas famílias
grandes, passadas, a criança que perdia
os pais era praticamente e automaticamente adoptada pelo tio, irmão etc.. É
evidentemente importante a regulação do poder paternal, de quantos dias, de
quanto se paga, de quem cura o quê; mas esvaziando o afecto. Por que é que
ninguém regula o afecto, ninguém adopta como gente a tempo inteiro, de casa
inteira? Estes filhos, órfãos com pais vivos, também não vão adoptar, na sua
revolta; mas vão ser pais órfãos de filhos
vivos.Paternidades e maternidades doentes.
E a questão que se coloca é como se passa de
uma sociedade de património a uma
sociedade de matrimónio?" Vasco Pinto Magalhães
Sem comentários:
Enviar um comentário