Universos em colisão
"Talvez alguns dos leitores se lembrem do best-seller de Immanuel Velikovsky, "Mundos em Colisão", publicado em 1950. Nele, Velikovsky tenta demonstrar a veracidade de várias catástrofes registadas nos mitos de culturas antigas usando supostos eventos astrofísicos.
"Talvez alguns dos leitores se lembrem do best-seller de Immanuel Velikovsky, "Mundos em Colisão", publicado em 1950. Nele, Velikovsky tenta demonstrar a veracidade de várias catástrofes registadas nos mitos de culturas antigas usando supostos eventos astrofísicos.
Velikovsky imaginou que Vénus foi ejectada de Júpiter como um cometa no século 15 a.C., tal como, na mitologia grega, Atena é ejectada da cabeça de Zeus. A passagem do "cometa Vénus" perto da Terra em diversas ocasiões teria gerado uma série de catástrofes.
As ideias de Velikovsky foram sumariamente refutadas pela comunidade astronómica Mas seu catastrofismo continua a tradição de várias religiões, como mostro no livro "O Fim da Terra e do Céu".
Embora dramáticos, os eventos imaginados por Velikovsky não se comparam ao que a cosmologia moderna anda propondo. Não falo dos efeitos da aproximação de cometas, mas de colisões de universos inteiros, inclusive o nosso. Bem-vindos ao catastrofismo cósmico.
O Universo surgiu 13,7 biliões de anos atrás e vem se expandindo desde então. Porém, observações actuais indicam que essa expansão não foi sempre regular. Logo no início, o Cosmo aparentemente passou por um período de expansão acelerada, chamado de inflação.
Segundo essa teoria, o Universo inteiro ter- se-ia originado de uma pequena porção de espaço que foi estirada como uma tira de borracha por um factor de cem triliões de triliões numa fracção de segundo.
Nosso Universo cabe nessa região inflada, como uma ilha no oceano. Imagine que outras porções de espaço, vizinhas da nossa, tenham também sido estiradas, mas de maneiras diferentes. Teríamos, então, uma espécie de oceano repleto de universos-ilhas, cada qual com a sua origem, tipos de matéria etc. --é o chamado Multiverso.
Como a física é uma ciência empírica, qualquer hipótese precisa ser testada. Isso é tanto verdade para uma bola que rola ladeira abaixo quanto para o Universo todo.
No caso da bola, basta descrever como a gravidade e a fricção do solo agem sobre ela; no caso da inflação, ela prevê que nosso Universo seja geometricamente plano e repleto de radiação com a mesma temperatura em todas as direcções --ambas previsões confirmadas.
Se não podemos receber informação de fora do nosso Universo (ou além do "horizonte", a esfera que delimita o quanto a luz pôde viajar em 13,7 biliões de anos de expansão), como provar a existência de outros universos?
Tal como bolhas de sabão, que vibram quando colidem sem se destruir, se outro universo colidiu com o nosso no passado distante, a radiação dentro do nosso Universo teria vibrado devido às perturbações criadas pela colisão.
Essas perturbações estariam registadas na radiação que permeia o Cosmos e podem, em princípio, ser observadas: seriam anéis concêntricos onde a radiação teria temperatura um pouco mais alta ou baixa. A notícia ruim é que a probabilidade de colisão com outro universo aumenta com o tempo: podemos desaparecer a qualquer instante!
A boa é que os anéis ainda não foram encontrados. Mas sua possível existência demonstra a diferença entre ciência e especulação." Marcelo Gleiser (Ciência), artigo publicado na Folha de S. Paulo, 6/01/2013
Registada uma enorme explosão solar
"O Solar Dynamics Observatory (SDO) registou, na semana passada, uma explosão solar com 20 vezes o diâmetro da Terra que durou quatro horas e se estendeu por mais de 257 mil quilómetros.A intensa erupção de radiação proveniente da liberação de energia magnética do Sol aconteceu no último dia do ano. As forças magnéticas impulsionaram o fluxo de plasma do Sol, mas sem força suficiente para vencer a gravidade. Por isso, a maior parte do plasma recaiu novamente sobre o astro.
No entanto, a tempestade só acontece quando um fluxo de radiação atinge o campo magnético da Terra, devido a manchas solares, regiões onde existe uma redução de temperatura e pressão das massas gasosas no Sol.
A SDO trabalha com luz ultravioleta extrema e tem como objectivo estudar os processos solares e analisar como podem influenciar a Terra."
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