segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Primeiro Livro

"O Instituto Açoriano de Cultura publicou um livro de poesia intitulado "Rio Virando Mar", da autoria de Deka Purim, que foi apresentado no dia 12 de Novembro 2011 pelo Dr. José Carlos Vasconcelos , Director do Jornal de Letras, na Carmina Galeria.
Pretende-se com a publicação deste livro divulgar a primeira "aventura literária" de uma imigrante proveniente do Brasil e radicada nos Açores, que mostra uma perfeita integração no meio onde habita assimilando a sua cultura.
Valdeci Purim nasceu em Curitiba, capital do Estado do Paraná, sul do Brasil, onde fez estudos em Trabalho Social. No final dos estudos universitários, emigrou para o Canadá, onde permaneceu, em Montreal, durante onze anos e experimentou a condição de emigrante. Depois, por razões do coração, fixou-se nos Açores, na Terceira, onde reside e trabalha desde 1997. Desde então, considera-se 'quase em casa', não somente por viver integralmente em português, mas também por trazer desde a infância marcas da cultura açoriana, tão presentes nos usos e costumes da Região Sul brasileira. Se a MPB e a bossa nova a influenciaram a ponto de se ter tornado cantora durante vários anos, ainda que não profissional, só há poucos anos iniciou a aventura da escrita. Este é o seu primeiro livro."in site do IAC
 
O JL conversou com a autora: Francisca Cunha Rêgo, in JL Quarta, 7 de Dezembro de 2011

"Às vezes, o poema surge a meio da noite, no escuro. Acende a luz. Levanta-se, corre para encontrar um dos seus muitos "papelinhos" e escreve. De um jorro. Apaga a luz. E, se a poesia deixar, talvez volte a adormecer. Para a brasileira Deka Purim, 48 anos, os versos estão em todos os lugares e podem chegar a qualquer hora. "Basta estar atenta", diz ao JL, a propósito da recente publicação do seu primeiro livro “Rio Virando Mar”, uma edição do Instituto Açoriano de Cultura (71 pp, 10 euros).A viver no concelho de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, nos Açores  e a trabalhar na freguesia da Praia - são cerca de 25 quilómetros de distância - a autora há muito que desistiu de fazer a viagem pela via rápida que une os dois lugares: "Prefiro a estrada nacional porque preciso de ver os lavradores, as velhotas a irem buscar os netos à escola. Preciso de 'xingar' o homem do tractor que pára no meio do caminho. Para mim, é material de escrita, é pura poesia".
Os versos sempre estiveram presentes na sua vida. Sobretudo os da Música Popular Brasileira (MPB) que, na sua Curitiba natal, chegou mesmo a interpretar, cantando num barzinho. "Sem me dar conta fui criada num mundo de poesia através da MPB. Nos anos 60, quando eu era adolescente, os Beatles estavam no auge, mas eu sempre fui Chico Buarque, Vinicius, Tom Jobim... Eles trouxeram respostas para os meus problemas e inquietações e confirmaram muito do que eu sentia", revela. Até agora, nunca tinha "ousado" escrever: "Estive sempre caladinha, a ouvir. Nem para ler em voz alta eu tinha coragem". Foi depois de ter vivido "um período de depressão, um pouco atrapalhado" que os poemas começaram, como diz, "a pingar". E explica-o em Casa: "O meu quarto/ Tem goteira/ Pinga poema/ A noite inteira.// Acordo húmida/ Derramando." A depuração e a simplicidade são dois dos traços da sua escrita: "Vou podando cada verso até estar 'no ponto'. Ao longo dos anos, tenho vindo a despir-me de muitos acessórios que acabam por se tornar pesados. A minha vida é cada vez mais simples e isso dá-me uma liberdade muito grande. Também para escrever". Tem em Adélia Prado uma das suas referências e foge "como o diabo da cruz" das palavras "complicadas, melequentas, rendilhadas que afastam os leitores". Porque Deka Purim só quer aproximar-se, sobretudo dos jovens. E brinca dizendo: "A minha poesia é muito prática. Pode-se mesmo enviar por sms". Com a depressão - completamente ultrapassada: "Sou uma pessoa tão feliz que às vezes nem sei onde colocar a minha alegria" - houve momentos bastante difíceis e os versos ajudaram-na muito. "Consegui resolver questões pesadíssimas para mim, como a religião, ou a relação com a minha mãe. Fui educada na Igreja Baptista, muito austera, em que tudo era pecado. Escrever ajudou-me a encontrar contrapontos para a alegria, para o amor. Quando vejo as palavras tatuadas no papel sinto, ao mesmo tempo, um grande alívio e um enorme prazer. Mesmo quando dói". Em Poeta, Deka Purim parece dizer tudo: "Ser poeta é/ quase/ quase/ deixar de Ser.// É se diluir/ pra pertencer.// É o gozo do/ aperto do leito/ das palavras/ das grafias/ e do divino ritmo.// Ser poeta é/ Ser Rio/ virando Mar"(...)".

1 comentário:

  1. Ser poeta também é um refúgio nas galerias do subconsciente, deixando o coração e a mente vogarem ao sabor da fantasia, da metáfora remanescente... Deka Purim, um valor na Poesia!

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