segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Livros que se complementam

“Empenhai-vos!” de Stéphane Hessel e "Falidos", dois livros que giram à volta da crise gerada pelos efeitos nefastos de um capitalismo voraz e consumista destes tempos modernos. Os autores são franceses: um, humanista de 93 anos, com um passado de resistência, de defesa de grandes causas e de exercício diplomático e outro, anónimo de 60 anos, mas detentor de uma prosa elaborada e refinada, autoexilado na Ásia recôndita por excesso de endividamento. Temas actuais que se complementam nestes olhares de muita vida feitos e transcritos em palavras que merecem ser lidas.
"Com” Indignai-vos!,” Stéphane Hessel marcou o ano de 2010. Após uma crise difícil e um período de reformulação do poder, esta obra vem catalisar uma vaga imensa de contestação que atravessa o país e que ultrapassa até as nossas fronteiras.
Neste “Empenhai-vos!”, Stéphane Hessel, no decurso de uma conversa com Gilles Vanderpooten, de 25 anos, intensifica as suas exigências morais porque, diz ele, não basta indignarmo-nos. Cada um de nós, com a sua própria sensibilidade, deve empenhar-se em todas as frentes de combate da nossa época: os direitos do homem, a defesa dos ilegais e dos sem-abrigo, a luta contra as desigualdades, a ecologia…
Eterno optimista, Hessel acredita que a Natureza é «rica em ardis» e convida as gerações jovens a indignar-se e a resistir às coisas escandalosas que as rodeiam.
Uma conversa rica, profunda e apaixonante.
Leia aqui o 1ª capítulo :Empenhai-vos!
Stéphane Hessel nasceu no início da revolução russa, mas, em vez da rebelião, preferiu a via da diplomacia e das organizações internacionais.
A experiência da Segunda Guerra mundial – durante a qual escapa duas vezes aos campos de concentração – faz dele um mundialista e um europeísta decidido.
Convencido pela necessidade da união contra novas catástrofes e crente na necessidade de uma organização internacional, contribuiu para a redacção da Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948. «Talvez o período mais ambicioso da minha vida, com o sentimento premente de trabalhar para o futuro e não para a eternidade.»
Pioneiro da ONU, embaixador de França, ligado aos Negócios Estrangeiros e depois ao programa das Nações Unidas para o desenvolvimento, Stéphane Hessel encarna uma espécie de «civismo mundial» que o leva a empenhar-se alternadamente em prol dos direitos do homem, dos ilegais e dos sem-abrigo, da luta contra as desigualdades e até do conflito israelo-palestiniano. Entusiasta venerado, presente em todas as frentes, Stéphane Hessel faz da ecologia um dos principais desafios do século XXI e, optimista como é, acredita que a Natureza é «rica em ardis múltiplos», capaz de frustrar todas as armadilhas das suas criaturas.
Stéphane Hessel apela a uma organização mundial para o desenvolvimento e intima as novas gerações a que resistam aos escândalos que as rodeiam e os combatam com toda a energia." In site da Editora Planeta
Informação técnica:
“Empenhai-vos!” de Stéphane Hessel
Género: Não Ficcção
PVP: 10 €
104 páginas
Tradução: Nuno Daun e Lorena e Irene Daun e Lorena
Editora Planeta

"Falidos!"
Um grito de esperança no meio da crise
A Porto Editora publicou, a 4 de Agosto,” Falidos!”, um livro indispensável para perceber as causas que nos conduziram à crise actual, promover a reflexão e não deixar morrer a esperança.
Sinopse
No momento em que Portugal, e não só, atravessa uma das maiores crises da sua história, Falidos! vem apontar-nos as causas reais que levaram à grave situação que afecta, em maior ou menor medida, uma boa parte dos países europeus. Não é apenas um documento de indignação - é um grito de revolta contra o funcionamento de um sistema económico que conduziu o Homem a um mero ser consumista, cada vez mais consumista, para depois o atar com os grilhões incontroláveis da insolvência, do desespero e da miséria. Escrito por um autor anónimo - vítima ele próprio do processo que descreve - Falidos! foi saudado pela crítica francesa como um panfleto político elevado à condição de obra de arte.
"Falidos!"
Código: 04359
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 64
PVP: 5,5 €
Tradução:Isabel St. Aubyn
Editor: Porto Editora
A presente edição vem enriquecida com um prefácio notável de Frei Bento Domingues, uma das mais influentes figuras da Igreja portuguesa, que enquadra de modo exemplar as situações denunciadas na obra no âmbito do pensamento católico e das preocupações de muitas das encíclicas papais.
DO PREFÁCIO
«Falidos! não se contenta em denunciar as nossas cumplicidades infantis com a pornografia financeira, que nos impele a adquirir e a possuir sempre mais para satisfazer desejos prefabricados e imaginários, através de enganadores créditos bancários. Fruto da indignação, é um protesto que não se esgota na denúncia. Abre um caminho e entrega armas para dar oportunidades à esperança e à vida daqueles que o neoliberalismo espoliou de tudo.» Frei Bento Domingues
O AUTOR

"Se não posso assinar esta carta com o meu nome, facto que motivará a crítica de alguns, é por uma simples razão: perdi-o, como perdi tudo o que fazia parte da minha vida. Exilado no fim do mundo, longe do consumismo das nossas existências que amortizamos em pequenas mensalidades, arruinado pelos bancos, pelos seus organismos, pelos patrões da grande distribuição, pelo canibalismo de um sistema que aguça os nossos apetites para melhor nos devorar, só me restam estas palavras que ninguém poderá destruir. Tinha escolhido remeter-me ao silêncio, carpir as dores dos meus erros passados, aterrado por me ver de repente, nas margens do rio Mekong, numa miséria que nunca havia imaginado. Mas ao ver as crianças morrer, as mulheres agonizar no trabalho, os velhos cumprimentarem-se por terem cumprido quarenta anos, compreendi que o silêncio já não era possível.
Por todo o lado o capitalismo anónimo comete infâmias: se não fizermos nada, se nos calarmos, envergonhados nas nossas solidões cúmplices, a Humanidade, subjugada e sobre-endividada, não sobreviverá ao século corrente."
In site da Porto Editora
IMPRENSA
«Este pequeno livro é belo como uma canção triste. (...) É de tal modo bem escrito e bem construído que é difícil crer que o seu autor não seja um romancista ou um ensaísta experiente, e que portanto não tenham sido inventadas todas as peças da história que nos conta. (...) Mas, no fundo, que importa? Mesmo que este livro não tivesse nada de testemunho autobiográfico, mesmo que tivesse sido escrito num luxuoso apartamento parisiense e pago a peso de ouro, ele seria sempre maravilhoso. Pois que o autor conseguiu algo raro: fazer de um panfleto político uma espécie de obra de arte.»Le Monde des Livres

1 comentário:

  1. "Falidos" - mesmo escrito por quem quer fosse - é o que a palavra em si nos quer dizer. O mais estranho é que ainda não acreditamos nela e no que ela irá desencadear na nossa sociedade!... Não acreditamos... Só iremos acreditar quando nos apercebermos no corpo e na alma toda a tragicidade do seu conceito. Em especial nas vidas dos outros e nas nossas vidas!... Quando tudo irremediavelmente estiver posto em causa!... - Varela Pires

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