Canção a Caminho do Céu
Foram montanhas? foram mares?
foram números...? – não sei.
Por muitas coisas singulares,
não te encontrei.
E te esperava, e te chamava,
e entre os caminhos me perdi.
Foi nuvem negra? maré brava?
E era por ti!
As mãos que trago, as mãos são estas.
Elas sozinhas te dirão
se vem de mortes ou de festas
meu coração.
Tal como sou, não te convido
a ires para onde eu for.
Tudo que tenho é haver sofrido
pelo meu sonho, alto e perdido,
– e o encantamento arrependido
do meu amor.
Cecília Meireles, in Flor de poemas, 3ª ed., Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1972, p. 93
Foram montanhas? foram mares?
foram números...? – não sei.
Por muitas coisas singulares,
não te encontrei.
E te esperava, e te chamava,
e entre os caminhos me perdi.
Foi nuvem negra? maré brava?
E era por ti!
As mãos que trago, as mãos são estas.
Elas sozinhas te dirão
se vem de mortes ou de festas
meu coração.
Tal como sou, não te convido
a ires para onde eu for.
Tudo que tenho é haver sofrido
pelo meu sonho, alto e perdido,
– e o encantamento arrependido
do meu amor.
Cecília Meireles, in Flor de poemas, 3ª ed., Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1972, p. 93
Era…
Era o Oceano
Sem água, sem vaga
a acabar
o Mar do meu olhar.
Era o areal
Sem espuma, sem maresia
a fugir
a praia do meu dia.
Era o azul
Sem traço, sem tom,
a perder
a cor do meu céu.
Era a chuva
Sem força, sem bátega
a abafar
o desenho do meu corpo
Era o vento
Sem rumo , sem tino
a levar
o sonho do meu destino
Eras tu
Sem ti, sem mim
a apagar
o brilho da minha vida.
MJVS, in "Dias da Poesia", 06.03.2015
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